Thursday, August 31, 2006

COPOM corta a SELIC em 0,5% e PIB cresce somente 0.5% no segundo trimestre

O assunto em voga na quarta-feira dia 30 de agosto, última reunião do Copom antes das eleições, foi o corte da taxa de juros SELIC em 0,5%. A surpresa vem do fato de que o Banco Central havia sinalizado em sua última reunião da ata do Copom, "maior parcimônia" (para quem não entendeu, parcimônia quer dizer moderação). O processo de redução da taxa de juros começou em setembro do ano passado, sendo que na época, a Selic passou de 19,75% para 19,5% ao ano. Embasados na "parcimônia" do governo, analistas projetaram em sua maioria uma queda de 0.5 ponto percentual na SELIC (pesquisa da Reuters na semana passada mostrou que 16 de 20 analistas projetavam redução de 0,25 ponto percentual. Os demais previam corte de 0,5 ponto). O fator que mais justifica o menor conservadorismo do Banco Central é a tendência de queda da inflação que deve ficar abaixo da meta de 4.5% estipulada.

A queda na taxa de juros é um assunto polêmico e sua queda é defendida fortemente pelos setores do comércio, indústria e sindicatos. No entanto, a decisão não agradou a setores do comércio, indústria e sindicatos. A Fiesp considerou a queda como uma manutenção "do seu ritmo tímido e não compromissado com crescimento já". Apesar de aplaudir as sucessivas quedas na Selic, o presidente da Fecomercio diz que o varejo ainda espera uma ação do governo que amplifique a competição entre os bancos e permita reduzir os juros para o consumidor e para as empresas. O presidente nacional da CUT disse que "o Copom permanece insensível aos apelos dos trabalhadores e mantém a política conta-gotas que o caracteriza". Para o sindicalista, a redução de 0,5 ponto é tímida. O presidente da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, Juruna, disse que o governo voltou a "decepcionar o movimento sindical, cujos dirigentes aguardavam uma intervenção radical para diminuir a taxa Selic e assim reativar a economia e iniciar o processo rápido de geração de emprego e renda".
Aliado a tudo isso, foi divulgado pelo IBGE que o PIB registrou uma expansão de 0,5% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses deste ano, dempenho este o pior desde o terceiro trimestre de 2005. Segundo a Folha de São Paulo, diversos representantes do governo atribuíram a queda na atividade industrial e no comércio a fatores pontuais no segundo trimestre ao número menor de dias úteis e a paralisações em razão de jogos da Copa do Mundo e de greves. Analistas do mercado, no entanto, reforçam que a taxa de investimentos aquém da necessária ainda é o principal fator a inibir um crescimento econômico mais vigoroso no país. Além disso, houve o efeito da apreciação cambial sobre as empresas exportadoras. Conforme Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores, lembra 'Há que se reconhecer o papel desempenhado pela forte apreciação cambial no primeiro semestre (15% sobre o mesmo período do ano passado), tendo em vista que tal situação tem influenciado negativamente o faturamento das firmas exportadoras, provocado maior substituição de produção doméstica por produtos importados e diminuído a capacidade de investimento dessas empresas.'
Embora o Bacen, às vésperas da eleição tenha mostrado uma postura um pouco menos conservadora em relação às taxas de juros, este comportamento se explica principalmente devido as perspectivas positivas em relação à meta de inflação. Isso demonstra que o governo ainda está extremamente preocupado com o controle da inflação e pouco preocupado com o crescimento. O ministro Guido Mantega continua otimista e diz que mantém a previsão de crescimento de 4%. Para ele, a desaceleração na Economia deve-se a Copa do Mundo em junho, os atos praticados pelo PCC, afetando principalmente o comércio e greve dos fiscais da Receita Federal. A lição disso tudo não é descobrir quem são os culpados pelo recuo, mas projetar para o futuro um crescimento mais agressivo.
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DICA PARA O ESTUDANTE:

Este blog também é muito visitado por estudantes de Economia, por isso àqueles que queiram entender um pouco mais sobre os efeitos de uma redução na taxa de juros, segue um trecho de um Especial publicado no site da Folha de São Paulo. Também aconselho o acompanhamento no site do Bacen das atas do Copom e o entendimento do Sistema de Metas de Inflação. Para os economistas ortodoxos, tentar entender como funcionam ferramentas como a IS-LM neste caso.

"A redução dos juros, o Banco Central diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado financeiro para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo.É por isso que os empresários pedem corte nas taxas, para viabilizar investimentos.

Nos mercados, reduções da taxa de juros viabilizam normalmente migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores. É também por esse motivo que as Bolsas sobem em Wall Street ao menor sinal do Federal Reserve (BC dos EUA) de que os juros possam cair.Quando o juro sobe, acontece o inverso. O investimento em dívida suga como um ralo o dinheiro que serviria para financiar o setor produtivo."

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Monday, August 28, 2006

O que eles querem e o que nós queremos

Há 2 semanas, a revista IstoÉ publicou uma matéria de capa onde questionava o que os candidatos a Presidente do Brasil propunham quando eleitos. Pensei em cfalar um pouco sobre o plano de cada um destes candidatos em relação à Economia que, afinal de contas, é nosso assunto preferido aqui no blog e comparar com o que o eleitor está procurando. Só que me deparei com um problema: ao procurar pelas razões pelas quais os eleitores decidiam votar por candidato x ou y, o que descobri é que o eleitor não sabe o que quer!
Em julho deste ano, o instituto Datafolha indagou aos eleitores que têm um candidato a presidente se votam nele porque se trata do candidato ideal ou por não haver melhor opção. Entre os que votariam em Lula naquela época, 59% afirmam que ele é o candidato ideal, e 36% dizem que não há opção melhor. Entre os que têm intenção de votar em Alckmin, 50% afirmam que ele é o candidato ideal, e 47% declaram que não há outra opção. A maior parte (51%) dos eleitores de Heloísa Helena justifica seu voto dizendo que não há opção melhor entre os candidatos a presidente. A pergunta fica no ar: será que votamos nos candidatos por que oferecem as melhores soluções ou por que não há opção melhor? A revista Veja desta semana publicou um especial sobre as eleições 2006 em que apurou que, se não fossem obrigados a votar, 6 em cada 10 eleitores deixariam de fazê-lo. Esta eleição, segundo o Ibope, é percebida por 53% dos eleitores como "menos animada" que as anteriores principalmente devido a falta de interesse e denúncias de corrupção. Na última pesquisa efetuada pelo instituto, 90% dos eleitores disseram não confiar nos políticos.
Com o intuito de ajudar o leitor a tomar uma decisão mais embasada, publicaremos alguns links e matérias que foram veiculadas recentemente sobre os 2 principais candidatos à Presidência.
Revista IstoÉ: "O presidente-candidato Lula já deu ordens a seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, para que faça, a partir de agora, uma calibragem com efeito para o próximo ano: um pouco mais de crescimento, no patamar de 5%. Como? Com reduções pontuais nos impostos para as microempresas e para setores estratégicos da economia. "
Revista Veja:
"O programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um eventual segundo mandato deverá priorizar o crescimento econômico, a inclusão social e a expansão do emprego, mas sem estabelecer metas numéricas para todas essas áreas. O documento deverá também fazer duras críticas ao governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso, e destacar vulnerabilidades dos rivais. (...) Da mesma forma, o programa de 2002 prometia 10 milhões de empregos, o que não será cumprido até o fim do ano - assim, Lula se comprometerá com a redução do desemprego sem falar em números. "Ele já manifestou preferir crescimento moderado e permanente com distribuição de renda. Não dá para ter China como um parâmetro", diz o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.
Um dos poucos pontos em que as metas incluem números é a educação, tema classificado de prioritário - Lula faria promessa de elevar os investimentos no setor para 6% do PIB (hoje são 4,5%). A reforma política é outra das prioridades, com as medidas já defendidas publicamente por Lula - fidelidade parrtidária, financiamento público de campanha e outras mudanças no sistema."

Agora vejamos o que a imprensa tem dito sobre o candidato Alckmin:

Revista IstoÉ: "O tucano Alckmin promete cortar gastos com um rigoroso enxugamento e racionalização da máquina pública. Avalia, por exemplo, que poderá economizar R$ 4 bilhões só com a implantação de compras por pregão eletrônico. Assim, terá margem para reduzir impostos. Alckmin quer criar o Simples Trabalhista para as pequenas empresas e unificar o ICMS e o IVA nos Estados. “A carga tributária precisa ser do tamanho dos gastos públicos”, lembra Everardo Maciel, da equipe de Alckmin. "
Revista Veja: "O candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, vincula o desempenho econômico do país às denúncias de corrupção no governo Lula. Segundo o tucano, caso se confirme um resultado ruim do PIB (Produto Interno Bruto) nos primeiros seis meses deste ano, será "um sinal vermelho para o país". "Enquanto a gente não tirar essa praga da corrupção, o Brasil não vai para frente", disse nesta segunda-feira, em campanha na Grande São Paulo. "A corrupção espanta crédito, espanta investimento, desestimula a todos, cria um clima horrível porque não há segurança nas instituições".

Thursday, August 24, 2006

Pedágio na Internet?

Você já se imaginou pagando pedágio às grandes telecoms, que possuem a infra-estrutura de acesso e tráfego na internet, para ter acesso mais rápido às páginas que você normalmente utiliza atualmente de graça? Ou que se você não pagar, terá um acesso lento ao conteúdo (págs) que gosta de ler frequentemente?

Pois é, a nossa internet que nasceu num meio acadêmico, tem um modelo de funcionamento na qual as informações trafegadas na rede são iguais a todas as pessoas e de acesso grátis. É o que eles chamam de princípio da neutralidade. Porém, grandes empresas de telecomunicações americanas, como AT&T e Verizon, tem pressionado o congresso americano para realizar "reformas" da lei de telecomunicações, querendo o direito de oferecer acesso rápido a quem pagar por ele, estabelecendo a hierarquia de tráfego na rede. Isso soa estranho?

Essas empresas já conseguiram que uma emenda fosse retirada desta lei. Adivinhem qual? O princípio na neutralidade. Esta legislação ainda terá que ser aprovada pelo Senado americano.
Logo, podemos entender que a falta do princípio da neutralidade permitirá que empresas de telecomunicações facilitem ou dificultem o tráfego na rede, de acordo com o pedágio (pagamento de taxas). Este pedágio daria acesso a vias expressas na internet.

Muitas empresas criaram seu modelo de negócios baseados numa internet livre e sem pedágio, como Google, Yahoo, Amazon, etc. Elas seriam prejudicadas pois dependem dos usuários que trafegam livremente, acessando páginas na rede e fazem parte de sua receita. Por outro lado as empresas de telecom possuem vários argumentos onde afirmam que gastam muitos milhões com infra-estrutura (fibra óptica); redução de empregos; aumento das chamadas telefônicas via rede (VOIP), etc.

Isto está acontecendo nos Estados Unidos, mas é onde encontramos os principais sites de acesso e por onde trafegam páginas do mundo inteiro (pela distribuição dos servidores). Logo, tarifando esta ponta, o mundo todo e não só o Brasil, será a afetado.

O que acham disto?

Veja mais em:
Novas leis nos EUA poderão cobrar "pedágio" na internet
Gigantes de telecom dos EUA querem cobrar pelo acesso à rede ...
Salve a Internet

Monday, August 21, 2006

Reforma Política

Em época de eleição, com a propaganda eleitoral a todo vapor, comícios, debates e visitas dos candidatos, não tem como não falar de política no blog. Eu, particularmente, sou adepta da idéia de que temos que ter o máximo de informações possíveis para tomar uma decisão que não é pequena e não é fácil. Não é fácil, neste país de surpresas, dizer o que vai e o que não vai dar certo. Por exemplo, o Plano Real, brilhantemente concebido e executado. O Plano Real não é só um exemplo de que existem economistas, políticos e estudiosos competentes no país, mas também é uma demonstração de que o Brasil tem jeito sim e pode dar certo. Como dizem por aí, é só saber aproveitar a hora certa.
Há algumas semanas, eu lia a revista Época e me deparei com uma entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na entrevista, FHC reforça a idéia de que é mais do que necessário fazer uma reforma política, mas teme que a mesma somente aconteça em situação de crise, como foi com o Plano Real. "O Plano Real só funcionou porque estávamos em crise. Na crise, você tem espaço se tiver liderança." Se não houver convergência de governo e oposição em torno da reforma política, diz o ex-presidente, o risco é haver uma cisão política no país. "Quando se divide um país, leva muito tempo para restabelecê-lo", afirma FHC. A reforma seria, portanto, o principal desafio do próximo presidente, seja ele de qual partido for.
A revista questiona o ex-presidente dizendo que a base do governo atual e do anterior é muito parecida, ao que FHC responde: "O Luiz Werneck Viana (cientista político) disse que o problema do Brasil é saber quem comanda o atraso: PT ou PSDB. Mas agora quem está no comando é o próprio atraso. O problema deste governo não foi a base. A base é a mesma. Só que o Lula não manda nada. Para comandar, você precisa saber para onde vai. Mas a sensação é que eles não sabem. O projeto deles é o nosso. Talvez nem haja outro, porque a História não tem projeto novo a todo momento. Mas então que eles assumam e parem de ficar fingindo que é herança maldita. Claro que, se o Lula for eleito, a eleição dá energia política. Mas o Lula não tem paciência para esse jogo. Lula mais conversa com o país que administra ou faz política. Ele é mais simbólico que efetivo. E, se exagerar muito no simbólico, fica sem comando. "
A Reforma Política sem dúvida é polêmica. Para fazê-la, precisamos responder a uma série de questões: quando fazê-la? Quem vai comandá-la? Como fazê-la? Fernando Henrique tentou responder a última pergunta da seguinte maneira: "Reforma política é reforma do sistema eleitoral. Tem de botar o voto distrital no Brasil, porque precisa haver uma relação mais próxima do eleito com o eleitorado. Hoje, não há nenhuma. Quem vota não sabe em quem votou e quem foi eleito não sabe por quem foi votado. Falam em instituir o sistema do recall no Brasil (o mecanismo americano por meio do qual os eleitores podem cancelar um mandato e convocar novas eleições). Mas como? Recall só pode existir quando um distrito que votou no candidato não o quer mais. No Brasil, ninguém sabe em quem votou. É preciso buscar uma forma de identificação, de laço. Eu era favorável ao voto distrital misto. Agora quero o voto distrital puro. O misto se justificava por causa das minorias, como os partidos comunistas e os verdes. Mas esses partidos vão desaparecer com a cláusula de barreira e vão se misturar aos outros. Então, para que misto? Vai direto para o puro. Pode começar pela eleição para vereador em 2008.
Há quase 2 anos, o filósofo Hélio Schwartsman publicou um editorial intitulado "Da Reforma Política". Schwartsman demonstrou preocupação sobre o voto distrital citado por FHC. Segundo suas próprias palavras: "muitos defendem a adoção do voto distrital misto para legislativas, mais ou menos nos moldes em que existe na Alemanha. A idéia é manter parte do sistema como é hoje, proporcional, mas criar também distritos onde candidatos ligados àquela região se enfrentariam disputando diretamente a preferência do eleitor. A idéia aqui, inatacável, é aproximar mais representantes de representados.O problema do voto distrital, puro ou em combinação com o proporcional, está na definição dos distritos que nunca é neutra, mas invariavelmente beneficia alguém. O rico idioma inglês até conta com uma palavra específica para designar a criação arbitrária de distritos eleitorais com a finalidade de fazer alguém ganhar e outrem perder. É a palavra "gerrymander" formada a partir do antropônimo Elbridge Gerry e do substantivo salamandra. Elbridge Gerry foi um governador de Massachusetts do início do século 19 que usou e abusou do redesenho de distritos. A adoção do voto distrital também tenderia a dificultar a eleição de parlamentares mais ideológicos ou de lemas específicos, como o da saúde, da educação ou dos direitos de minorias, e a favorecer candidaturas mais clientelistas, que procuram principalmente resolver problemas do distrito."
O debate sobre a Reforma Política já existe de longa data e, embora todos pareçam favoráveis ao assunto, nada acontece. Enquanto isso, somos obrigados a conviver com notícias como esta que saiu hoje, dia 21 de agosto de 2006: "Parlamentares sanguessugas têm até a meia-noite de hoje para renunciar". Parlamentares estes, que estão sendo abandonados pelos partidos -especialmente por ser ano eleitoral. No entanto, como eu já mencionei anteriormente, algumas decisões não são fáceis. Embora a reforma política seja necessária, é preciso que haja liderança para fazê-lo, ou, como o próprio Schwartsman disse: "Meu único receio é o de que estejamos empunhando a bandeira da reforma sem uma apreciação mais cuidadosa de suas implicações. O mais provável é que o redesenho das instituições políticas apenas nos leve a trocar dificuldades velhas por novas. Às vezes, isso pode até ser uma solução, mas na maioria das vezes não passa de um embuste."
Leia íntegra da matéria de Hélio Schwartsman em:
Leia íntegra da entrevista de Fernando Henrique Cardoso à Revista Época em:

Wednesday, August 16, 2006

Petrobrás

Vamos dar uma pausa na macroeconomia e falar um pouco de uma empresa cujas ações quase todo leitor deste blog deve possuir...Hoje, dia 16 de agosto de 2006 saiu uma matéria na Folha de São Paulo cuja chamada é a seguinte: "Petrobrás é a quarta mais lucrativa do setor de petróleo das Américas". Como se sabe, a Petrobrás tem seguido uma trajetória brilhante no mercado. Em abril de 2006 deu início à produção da plataforma P-50, no Campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, que permitiu ao Brasil atingir a auto-suficiência em petróleo (vide imagem). Adquiriu recentemente participação adicional de 25% no campo de Cascade e de 26,67% no Campo de Chinook da BHP Billiton situados no Golfo do México. Hoje, está em décimo quarto lugar no ranking das maiores petroleiras do mundo. A empresa teve um lucro líquido no primeiro semestre de nada menos que US$ 6,3 bilhões, lucro este menor apenas do que o da:

  1. Exxon Mobil (US$ 18,760 bilhões)
  2. Chevron Texaco (US$ 8,349 bilhões)
  3. Conoco-Phillips (US$ 8,477 bilhões)

O que dizem os analistas sobre estes números?

Luiz Octávio Broad, analista da corretora Ágora, diz que a estatal foi beneficiada pela apreciação do real ao ter seu lucro convertido em dólar. É que a companhia gera receitas numa moeda que se valorizou ante o dólar, diferentemente das principais concorrentes na América Latina e EUA.

Marcos Paulo Fernandes, da corretora Fator, diz que o bom desempenho da companhia brasileira está relacionado ao acréscimo na produção de petróleo, que sobe em velocidade maior do que em outras empresas.

José Francisco Cataldo, analista do banco ABN Real, considera que o desempenho da empresa só não foi melhor porque a estatal sofreu com paralisações programadas de plataformas no segundo trimestre.

Os analistas ainda confirmam que o lucro poderia ter sido maior se a empresa ajustasse os preços da gasolina e do diesel ao do mercado internacional. O próprio diretor da estatal afirmou que o conjunto dos produtos refinados derivados de petróleo apresenta defasagem de preço no mercado doméstico de mais de 11%. A Folha ainda apurou, por meio da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura) uma desafagem no preço da gasolina da Petrobrás de 16% e do diesel em 21% em relação aos preços de referência dos EUA.

Para obter maiores informações sobre o plano de metas para 2015 da Petrobrás, leia-o na íntegra em

http://www2.petrobras.com.br/ri/port/ApresentacoesEventos/ConfTelefonicas/pdf/Plano_Estrategico_2015_FINAL_1007.pdf

Saturday, August 12, 2006

O Brasil - o emergente !


No meio de um cenário econômico e político, onde China e Índia disputam os holofotes como o sendo os principais mercados em crescimento e foco da globalização e de influência política, poderemos ter nossos quinze minutos de fama! Sim, nós brasileiros! Quando? Analistas dizem que por volta de 2020! Calma pessoal, isto é um cenário de longo prazo, mas vamos analisá-lo para entedermos melhor as possibilidades para que isto venha a ocorrer.

Assim como analistas se referem ao século XX como "o século americano", o começo do século XXI pode ser visto como o momento de alguns países em desenvolvimento - liderados pela China e Índia - chegaram à maturidade econômica. Porém ainda existem uma grande incerteza de como a China e Índia exercitarão seu crescente poder e se relacionarão cooperativamente e competitivamente com outras potências do sistema internacional.

China - problemas econômicos e crise de confiança

A China deseja atingir status de "grande potência" no palco mundial, refletindo no grande impulso econômico que ela trará sobre os países daquela e outras regiões. Os países da Ásia Oriental através de laços econômicos e políticos mais fortes a China, estão se preparando para o evento de uma China mais poderosa. Além disso, a China deverá continuar a fortalecer seu exército, ultrapassando a Rússia e se tornando a segunda maior investidora em defesa, depois dos Estados Unidos. Por outro lado. dificuldades econômicas e crise de confiança podem dificultar a emergência da China como potência global. Isto teria um grande impacto no cenário mundial.

O fracasso do governo chinês em satisfazer as necessidades da população de oferta de empregos poderia detonar dificuldades políticas;

A China enfrentará o rápido envelhecimento de sua população por volta de 2020 e terá de lidar com problemas demográficos. Até então, é pouco provável que o país tenha desenvolvido mecanismos sociais - seguro-saúde, sistema de previdência - característico do Ocidente;

Se sua economia entrar em queda, a segurança regional se enfraquecerá, resultando em instabilidade política, crime, tráfico de drogas e migração ilegal.


Índia - reveses políticos e econômicos

Como a China, a Índia será um polo econômico, e sua emersão terá um impacto não apenas na Ásia mas também ao Norte, bem como no Irã e nos países da Ásia Central e do Oriente Médio. Conforme a economia da Índia cresce, os governos do Sudeste Asiático (Malásia, Cingapura, Tailândia etc.) podem se aproximar da Índia para, juntos, ter um contrapeso geopolítico em relação à China. Além disso a Índia deve fortalecer seu comércio bilateral com a China.

Assim como a China, a Índia pode ter reveses econômicos e políticos com a crescente pressão sobre seus recursos naturais - terra, água e reservas de energia - intensificando na medida que o país de modernizar.

Brasil - o parceiro

O Brasil, bem como outros países como Rússia, África do Sul e Indonésia estão bem colocados para atingir níveis elevados de crescimento econômico, mas com uma influência política menor que a China e a Índia. Este crescimento beneficiará os demais países vizinhos, mas sem alterar o fluxo de poder econômico nas suas regiões - elemento chave na ascensão política da China e Índia.

Muitos especialitas reconhecem o Brasil como um país-pivô, com sua democracia, economia diversificada, população empreendedora, um grande patrimônio nacional e sólidas instituições econômicas. O sucesso ou fracasso do Brasil em equilibrar as medidas econômicas pró-crescimento com uma agenda social ambiciosa, que busca reduzir a pobreza e igualar a distribuição de renda, terá profundo impacto no desempenho econômico e político da região nos próximos 14 anos. A busca por investimentos diretos, pelo desenvolvimento da estabilidade regional e integração da população marginalizada - inclusive com relação ao comércio e a infra-estrutura econômica - continuarão a ser axiomas da política externa brasileira. O Brasil é um parceiro natural, tanto para os EUA e a Europa, como para potências emergentes China e Índia e ainda o país tem potencial para melhorar seu desempenho como exportador de petróleo e de combustíveis renováveis - álcool e biodiesel.

Wednesday, August 09, 2006

O futuro demográfico do Brasil

A pedido estou publicando um artigo do nosso articulista Paulo que fala sobre o futuro da população brasileira. Em outras palavras, como estará a pirâmide populacional distribuída no futuro, uma questão que tem sido discutida e que acredito ser relevante em tempos de PCC. Na TV Globo, fiquei chocada ao ver a matéria de jovens meninas que madrugam e se empurram no metrô, para em seguida enfrentar a morte ao atravessar uma avenida movimentadíssima para conseguir um lugar na fila para seleção de entregadora de folhetos no farol. Nas palavras da menina da entrevista: "são só vinte vagas, quem chega depois fica sem emprego". Cada vez mais o governo e a sociedade em geral (claro, não podemos nos excluir) têm que pensar no mercado de trabalho destes jovens. Deixo-os com o artigo do Paulo, então.
Um estudo publicado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), segundo livro de uma série denominada "Brasil, o Estado de uma Nação", avalia, entre outras coisas, que a proporção de aposentados com menos de 60 anos na ala masculina brasileira aumentou de 45% em 1980 para 56% em 2000. Além disso, prevê que o ritmo de crescimento da população daqui a 25 anos será igual a zero, caso não haja aumento da taxa de fecundidade, hoje situada em 2,1 filhos/mulher e que em 2030 o crescimento populacional será de 0,5%, no ano em que o Brasil atingirá 225 milhões de habitantes.

O cruzamento destes dados mostra um futuro catastrófico. Mais pessoas se aposentando mais cedo; a pirâmide demográfica indicando envelhecimento da população; o nível educacional dos profissionais entrando no mercado de trabalho nos próximos 20 anos, pelo menos, ainda muito aquém do que é preciso, tudo isso junto me faz concluir que o Brasil pode estar presenciando hoje uma das suas últimas oportunidades de dar um salto qualita e quantitativo em seu desenvolvimento econômico aproveitando mão-de-obra em idade economicamente ativa.
Tudo indica que dentro de poucas décadas a população será mais velha e pouco educada. Essa combinação não é a ideal para um país que precisa gerar mais cientistas e pesquisadores, condição básica para que se possa inovar, criar/aperfeiçoar novas tecnologias e, dessa maneira, crescer. E hoje, aqueles que ainda pretendem pesquisar eventualmente são descartados pelas Universidades... Qual é o nosso futuro??

Wednesday, August 02, 2006

Forum de Economia da FGV

Nos dias 31 de julho e 01 de agosto a FGV promoveu a terceira edição do Forum de Economia, com a presença de renomados economistas como Yoshiaki Nakano, Luis Carlos Bresser Pereira, Guido Mantega, Rubens Ricupero, Paulo Nogueira Baptista Jr. entre outros. A abertura do evento, ao qual eu estive presente, tinha como tema a Nova Política Macroeconômica. Os outros painéis tratavam dos seguintes temas: "Choque de Gestão", "A idéia de nação como condição do desenvolvimento" e por fim "Câmbio e Desenvolvimento".

Tive a oportunidade de comparecer ao painel de abertura e ao de encerramento, sobre Câmbio. Na minha opinião, o último painel foi o mais acalorado de todos, com os economistas demonstrando seu desconforto em relação à estratégia de crescimento do Brasil. O que se concluiu é que é difícil projetar a situação futura do país a partir de modelos do passado, pois o Brasil jamais passou por uma situação como esta. Ainda estamos atrelados ao trauma da inflação galopante que impede que o Brasil tenha um crescimento comparado ao do Chile (como foi dito na palestra, o "mais asiático dos países latino-americanos"). As discussões foram longas, mas no final o que se concluiu é que, para se tornar competitivo com monstros como China e Índia, é preciso atuar com um câmbio competitivo e investir.

Uma pergunta que todo mundo se faz é: por que o Brasil não cresce como a China? Uma questão abordada por Mauricio Mesquita, economista-sênior do Banco Interamericano de Desenvolvimento e um dos expositores do painel de Câmbio. Daqui em diante deixarei-os com uma adaptação breve do artigo que Mesquita escreveu para a Folha de São Paulo (leia na íntegra em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj3007200613.htm se você for assinante da Folha ou do UOL).

Segundo Mesquita, existem elementos da estratégia de crescimento chinês como a prioridade ao comércio exterior, os altos níveis de poupança e investimento, a relativa estabilidade macroeconômica e a prioridade dada à educação e ao desenvolvimento tecnológico que deveriam ser seguidos pelo governo brasileiro e que são o diferencial de países com crescimento no mínimo impressionantes como a China. Mesquita concorda que não há como negar que as reformas pró-mercado iniciadas em 1978 foram fundamentais para que a China pudesse explorar todo o seu potencial de crescimento. Por outro lado, é evidente que a presença do Estado em áreas como crédito, educação, ciência e tecnologia tiveram e têm um papel importante para viabilizar as elevadas taxas de investimento e absorção de tecnologia que o país apresenta.

Intervir com êxito em uma economia de mercado depende, entre outras coisas, da qualidade das informações e análise econômica que tem o Estado, da sua capacidade de convencer a sociedade, em especial os prejudicados, dos benefícios da intervenção e da capacidade desse Estado de se defender de interesses particulares. Em governos como o chinês, tanto o segundo como o terceiro itens são resolvidos de forma autoritária e dependem da famosa figura do "ditador benevolente".

Ele ainda argumenta que o Brasil precisa criar mecanismos democráticos que ajudem o Estado a melhorar a eficiência de suas políticas em áreas como comércio exterior, crédito, educação, ciência e tecnologia, onde nem sempre o mercado gera a melhor solução. O país precisa abrir e estabilizar a economia, consolidar instituições, racionalizar o gasto público e aumentar o volume e a eficiência do gasto em educação, tecnologia e infra-estrutura. O que o choque chinês muda é o tempo disponível para a implementação dessa agenda. Seja para aproveitar as oportunidades em recursos naturais ou para viabilizar a sobrevivência da indústria é preciso que o país se mova muito mais rápido. Além de "forçar a marcha" de uma agenda conhecida, é preciso repensar a política externa.

É preciso também atuar mais agressivamente em pelo menos duas direções.

  • Primeiro, no sentido de garantir acesso privilegiado aos mercados do Norte, sejam os EUA ou a Europa. Diante das vantagens competitivas chinesas, a indústria brasileira não pode se dar ao luxo de não ter esse acesso, sobretudo com o alargamento da União Européia e a proliferação dos acordos bilaterais dos EUA com quase todo o resto da América Latina.

  • Segundo, no sentido de explorar de maneira mais eficiente os recursos que o país tem. Que o Brasil tivesse sua indústria concentrada no Sudeste na época da substituição de importações, era compreensível. O cenário mudou com a abertura, uma vez que a competição das importações deu maior relevância ao custo dos fatores, em particular ao da mão-de-obra. Mas a mudança levou a um movimento de desconcentração espacial mais tímido do que se poderia esperar. De acordo com o IBGE, o salário médio industrial no Nordeste em 2003 era aproximadamente 50% mais baixo que o do Sudeste e 40% inferior à média do país. Já os salários do Sudeste eram quase quatro vezes mais altos que os chineses. Assumindo que os números não mudaram muito, a transferência para o Nordeste cortaria a diferença salarial em relação à China quase pela metade. Associado a um câmbio mais competitivo e à maior proximidade do Brasil dos mercados americano e europeu, isso colocaria a indústria em condições melhores de competir com a China e de gerar empregos e desenvolvimento regional. É claro que por trás da timidez na desconcentração espacial devem estar problemas como a infra-estrutura precária, o baixo nível de qualificação da mão-de-obra e os problemas que afetam o clima de negócios. A "opção Nordeste", para que seja viável, tem que vir acompanhada de políticas públicas que tratem dessas deficiências e criem condições para que os recursos que estão lá sejam bem aproveitados.