Sunday, August 19, 2007

Biocombustível x Emissões

Segundo a maioria dos artigos que temos contato, relatam que os biocombustíveis são uma saída imediata para baixar os índices de emissão de monóxido de carbono e CO2 que causam o efeito estufa. Até então, o Brasil e outros países foram considerados estrelas dessas tecnologias. Porém, foi publicado um artigo no jornal britânico The Guardian (17/08) sobre o assunto onde alguns pesquisadores apontam como um erro pensar que os biocombustíveis ajudariam no combate às mudanças climáticas.

O aumento na produção de biocombustíveis como alternativa de combate às mudanças climáticas libertarão de duas a nove vezes mais gás carbônico do que os combustíveis fósseis nos próximos 30 anos, de acordo com a primeira analise de emissões de biocombustíveis.

Os biocombustíveis - extraídos de plantas - são apresentados com amigos do meio-ambiente e uma alternativa aos combustíveis fósseis porque as plantações absorvem dióxido de carbono da atmosfera enquanto se desenvolvem.

O estudo alerta que as florestas não deveriam ser desmatadas para as plantações de biocombustíveis. O desmatamento das florestas libera imediatamente gás carbônico na atmosfera, e pela perda de vida silvestre.

A Grã-Bretanha está empenhada em substituir 10% do combustível de transporte com biocombustíveis. No Brasil, nós temos um programa pro-álcool implantado em 1.970, e que hoje ganhou mais força com os carros flexíveis em combustível (álcool ou gasolina).

O problema é que as políticas de biocombustíveis crescem sem o entendimento de suas implicações. Segundo, Renton Righelato é um erro pensar em biocombustíveis para as mudanças climáticas.


Para se chegar a taxa de 10% da substituição de combustível fóssil seria necessário utilizar 40% das terras cultiváveis na Europa. E isto não poderia ser alcançado na Europa e Estados Unidos, de acordo com os cientistas. E isto então seria transferido para os países em desenvolvimento. A União Nacional dos Fazendeiros (The National Farmers Union) dizem que 20% das terras cultiváveis na Grã-Bretanha poderia ser usada para se plantar biocombustíveis até 2.010. Contudo, os pesquisadores dizem que o reflorestamento seria um caminho melhor para redução de emissões.

Biocombustíveis parecem uma boa alternativa para o Ocidente, mas que globalmente levam para uma maior emissão de gás carbônico. Brazil, Paraguai, Indonesia entre outros tem programas de desflorestamento para dar suporte ao mercado global de biocombustível, de acordo com Dr. Spracklen. Os pesquisadores dizem que foco deveria ser em melhorar a eficiência do uso do combustível fóssil e a busca de alternativas renováveis de energia livres de emissão de gás carbônico.


Veja também:

Biofuels switch a mistake, say researchers




Monday, August 13, 2007

BCs ajudam a conter a crise do subprime - artigo da Veja

Estava pensando em escrever um artigo sobre a ajuda do BC para deter a crise baseado na pergunta que surgiu do tópico anterior feita pelo Kiko. Acontece que saiu um artigo super interessante na Veja esta semana discutindo exatamente este assunto e acho que ele explica bem o que aconteceu. Deixo-os então com o artigo de Giuliano Guandalini publicado na Veja do dia 12 de agosto de 2007:
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O grande teste

Na crise de 1929, os bancos centrais precipitaram o crashao negar ajuda aos mercados. Eles aprenderam a lição.


A Grande Depressão da década de 30 foi o acontecimento mais marcante da história econômica mundial contemporânea. Exceto em períodos de guerra, nunca o planeta viveu uma destruição de riqueza tão avassaladora, num período tão curto e que afetasse tantas pessoas – o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos encolheu 45% entre 1929 e 1933. O estudo desse fenômeno mobilizou os mais destacados economistas, mas quem chegou à melhor análise sobre o que levou à catástrofe financeira foi Milton Friedman (1912-2006), ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976. Em co-autoria com Anna Schwartz, Friedman publicou em 1963 o livro Uma História Monetária dos Estados Unidos, no qual demonstrou como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não só precipitou o crash de 1929 e a depressão que se seguiu como agravou a situação ao garrotear o crédito elevando os juros e diminuindo a quantidade de dinheiro em circulação.

Graças ao trabalho de Friedman e de outros economistas, os principais bancos centrais do mundo aprenderam a lidar com crises potenciais. Foi o que se viu na semana passada, durante a queda acentuada de praticamente todas as bolsas de valores do mundo, provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário americano. A turbulência começou na quinta-feira. Horas depois, o Fed e o banco central europeu já despejavam dinheiro nos mercados financeiros. Até a sexta-feira, o socorro totalizava 300 bilhões de dólares – o equivalente a um terço do PIB brasileiro.
Isso foi necessário porque, diante da falta de crédito, os bancos encontraram dificuldades para obter empréstimos com outras instituições financeiras – alguns deles precisavam cobrir perdas que tiveram com financiamentos imobiliários nos EUA. Sem a atuação dos BCs, haveria o risco de um fechamento total das linhas de crédito – e sem crédito não há economia que funcione. "Os bancos se sentiram inseguros e começaram a querer mais liquidez. Quando muitos agem dessa forma simultaneamente, o crédito seca e fica caro. Esse processo pode ser instável. Os BCs agiram, então, pelo medo do imponderável", afirma o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. "O poder dos BCs é grande, mas não é infinito. Daí a importância de agir na hora certa, antes que o pânico se espalhe", disse Fraga.

O estouro da bolha imobiliária já era mais que esperado. Os seguidos anos de juros baixíssimos estimularam uma concessão de crédito desenfreada na economia americana. Os bancos começaram a emprestar dinheiro até a pessoas com histórico de crédito deficiente (os chamados de subprime). Mas, nos últimos meses, os juros começaram a subir, o financiamento ficou mais caro e a inadimplência disparou. Para estancarem prejuízos, os investidores venderam ações que possuíam em carteira, não só nos Estados Unidos e na Europa, mas também em mercados emergentes, como o Brasil – no mês, a queda é de 3% (veja o quadro). Não há dúvida, de acordo com os economistas, de que os mercados passarão por um período de volatilidade elevada – ou seja, as bolsas viverão dias de montanha-russa, com quedas abruptas seguidas de altas.Segundo o economista José Júlio Senna, essas perdas não deverão ter maiores conseqüências. Isso porque os países emergentes deixaram de ser bombas-relógio, o crescimento mundial continua forte e o setor privado tem muito dinheiro em caixa.
Não menos vital é a inegável eficiência dos bancos centrais. Símbolo desse avanço é uma declaração do atual presidente do Fed, Ben Bernanke, feita em 2002, durante uma conferência comemorativa do nonagésimo aniversário de Milton Friedman. Bernanke, que era então diretor do Fed, afirmou: "Gostaria de dizer algo a Milton e Anna: a respeito da Grande Depressão, vocês estão certos, nós (os BCs) erramos. Lamentamos muito. Mas, graças a vocês, não erraremos novamente". Ao que parece, Bernanke está preparado para o grande teste. É o que o mundo espera.Foi o que se viu na semana passada, durante a queda acentuada de praticamente todas as bolsas de valores do mundo, provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário americano.
A turbulência começou na quinta-feira. Horas depois, o Fed e o banco central europeu já despejavam dinheiro nos mercados financeiros. Até a sexta-feira, o socorro totalizava 300 bilhões de dólares – o equivalente a um terço do PIB brasileiro. Isso foi necessário porque, diante da falta de crédito, os bancos encontraram dificuldades para obter empréstimos com outras instituições financeiras – alguns deles precisavam cobrir perdas que tiveram com financiamentos imobiliários nos EUA. Sem a atuação dos BCs, haveria o risco de um fechamento total das linhas de crédito – e sem crédito não há economia que funcione. "Os bancos se sentiram inseguros e começaram a querer mais liquidez. Quando muitos agem dessa forma simultaneamente, o crédito seca e fica caro. Esse processo pode ser instável. Os BCs agiram, então, pelo medo do imponderável", afirma o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. "O poder dos BCs é grande, mas não é infinito. Daí a importância de agir na hora certa, antes que o pânico se espalhe", disse Fraga.

Monday, August 06, 2007

Subprime e Risco

O que é o subprime Já há alguns meses as notícias sobre o crédito dos subprime tem assombrado o mercado financeiro ao redor do mundo, causando instabilidade forte nas últimas semanas em particular. O subprime é um empréstimo para pessoas com histórico ruim de crédito que consequentemente pagam taxas de juros mais altas, dando mais dinheiro aos credores - enquanto os pagamentos hipotecários continuam chegando.

Segundo o site http://www.wharton.universia.net/ “a hipoteca clássica americana cobrava uma taxa de juros “fixa” que permanecia a mesma durante os 30 anos do empréstimo. Depois de assinados os papéis, o proprietário do imóvel pagava mensalmente uma prestação cujo valor nunca se alterava, o que facilitava os pagamentos e a manutenção do sistema, já que a renda do tomador subia de acordo com a inflação. De modo geral, o valor dos imóveis residenciais subia também, portanto o tomador podia contar com a possibilidade de vendê-lo a qualquer momento por um valor superior ao que possuía.

Acontece que a situação mudou drasticamente nos últimos anos. Estima-se que aproximadamente dois terços de todos os empréstimos para aquisição de casas concedidos em 2003 foram do tipo “agressivos, empréstimos que pressupõem riscos para os credores, tomadores e investidores em títulos lastreados em hipotecas. Tais riscos inexistem nos empréstimos convencionais. Além dos empréstimos do tipo subprime, há também empréstimos baseados exclusivamente no pagamento de juros, em que o tomador não faz nenhum pagamento do principal. Nos empréstimos de amortização negativa, o tomador paga um valor menor do que o valor total dos juros, sendo o complemento acrescentado à dívida pendente. Existem ainda empréstimos que requerem, ou não, o pagamento à vista de um pequeno montante, ou que não exigem nenhum comprovante de renda.
Os empréstimos a taxas subprime dispararam, passando de 150 bilhões de dólares, em 2000, para 650 bilhões em 2005, de acordo com depoimento prestado em audiência do senado sobre concessão predatória de empréstimos."


Qual o problema afinal? O problema é que esse tipo de empréstimo arriscado e sem lastro começou a fazer suas primeiras vítimas. A American Home Motgage informou que estava pedindo corcodata devido as suas dificuldades com as hipotecas do segmento subprime e o Bear Stearns anunciou que mais um de seus Hedge Funds apresentou problemas e suspendeu seus resgates. Estas situações de incapacidade em liquidar ativos hipotecários de risco elevado resultam da fase final do boom imobiliário (de juros baixos) em que muitos empréstimos foram concedidos sem a correspondente garantia patrimonial (ou de rendimento) dos beneficiários dos empréstimos.

Crise mundial? Calma... A maioria dos analistas acredita que este movimento de queda nas bolsas ao redor do mundo – particularmente no Brasil – não passa de um ajuste nos preços e posições dos investidores. No blog da Miriam Leitão, ela cita a opinião de Luis Otavio Leal, do Banco ABC Brasil, que diz que a volatilidade veio para ficar, mas que a crise atual é financeira, e não da economia americana. Um dos indicativos, diz ele, é o fato de que não aumentou a discussão quanto aos déficits gêmeos dos EUA, nem quanto à solvência do Estado Americano, tanto que as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA têm caído. Na visão de alguns economistas, isso é apenas sinal de que está aumentando mundialmente a aversão ao risco e que o investidor está fugindo em busca de mais segurança.
Leia mais em:

Tuesday, July 24, 2007

Brasil é surreal

O Brasil tem vivido momentos de esquizofrenia nos meios de comunicação para os assuntos relacionados ao apagão aéreo e sobre a tragédia em Congonhas.

Existem várias versões sobre os possíveis culpados pelo acidente - a pista, o piloto, a TAM ou o governo. E assim a opinião pública fica com a impressão que no Brasil nada se comprova e nada se descarta. Basta lembrar da última tragédia envolvendo uma avião da Gol e outro da Embraer. Qual a conclusão? Apenas especulações.

Segundo o Jornal argentino La Nación, o retrato da nossa situação é "surrealista" desde que a crise aérea se tornou mais aguda. "Algumas situações rivalizam com as cenas do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu", afirma o diário.

A matéria nota que os passageiros estão entre "furiosos e aterrorizados" na hora de voar. "O Brasil é o país com maior número de católicos do mundo, e agora é possível perceber: nunca se rezaram tantos Pai Nosso em decolagens e pousos".


O La Nación diz que "os aeroportos se tornaram acampamentos de 'sem terra': as pessoas se deitam nos corredores à espera de vôos que atrasam horas".
"Como às vezes a paciência tem fim, ontem o aeroporto (de Congonhas) teve de reforçar a guarda policial, porque as pessoas estão perdendo as estribeiras, e atender ao balcão do check-in se transformou em profissão de risco.""Alguns passageiros gritam, outros choram, outros agarram os empregados pelo colarinho."
"Os passageiros chegam e se convencem pessoalmente de que será melhor tomar um ônibus que enfrentar o pesadelo de esperas, falta de informação e medo."

E nos deparamos novamente com a falta de investimentos em infra-estrutura em nosso país. Onde está o PAC? Faltam não apenas novos aeroportos e um controle aéreo mais eficiente. Faltam estradas descentes e ferrovias que poderiam cumprir muito bem o papel de transporte a distância com qualidade. Imaginem que para alguns destinos, você poderia levar o mesmo tempo viajando de avião ou trem, devido ao enorme número de escalas que vôos possuem e tempo de espera entre uma escala e outra. Se você tivesse a alternativa ferroviária, com leito e restaurante, você chegaria "inteiro", isto é descansado, ao final da viagem. Contudo, ouvimos nos jornais que a tarifa das passagens aéreas poderão aumentar caso o número de escalas diminua (e consequentemente um risco menor). Isto quer dizer que nós temos que assumir os riscos de voar com o maior número de escalas possíveis porque assim a tarifa é menor para nós e o negócio é excelente para as empresas aéreas.

Estamos infelizmente vivendo um momento surreal, não apenas sobre os problemas aéreos, mas também no âmbito político e social, onde os escândalos acontecem e ninguém assume a responsabilidade e não sabemos mais o que é verdade e em que acreditar devido a tantas "versões" que são expostas e nos confundem no dia a dia.

Thursday, July 19, 2007

"O Capital Semente e as Gestoras que brotam como Cogumelos" - Artigo do Valor

Hoje saiu no Valor um artigo interessante sobre o comportamento de quem abre uma gestora de investimentos (ou "Asset") no furor do bom momento da Bolsa. Vale a pena ler e refletir, pois o sucesso de uma empresa depende sim da Economia, mas o diferencial está na administração...

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Dizem que este é um ditado originário do Sul do país. As palavras não são exatamente estas (soa mais "amatutado", e muito mais divertido), mas, mesmo "apaulistanado", o sentido se encaixa bastante bem em algumas relações que se estabelecem na indústria de fundos. "À noite, por uma questão oportunística e utilitária, os porcos se amontoam para se isolarem do frio. E o sob da manhã, incomodados pelo contato inútil, que agrava o castigo do sol, mordem-se e afastam-se. À noite que se segue, indiferentes às feridas, amontoam-se novamente."

Novas gestoras brotam como cogumelos todos os dias no Brasil. Geralmente, se compõem por um ou dois meninos da Poli (ou FGV), cadeiras, mesas, computadores, uma agência de notícias e, se os sujeitos são menos apegados ao vil metal, um terminal Bloomberg. Contratam uma administradora e um agente custodiante para o fundo e começam a gerir recursos: dinheiro dos chamados "friends and families" (and "fools"!)... uns R$ 3 milhões, um pouco mais, um pouco menos. Escolhem um nome e estão prontos! Essa última etapa, embora pareça simples, não o é: nomes de bairros cariocas e deuses gregos já andam todos ocupados.

Mas, logo nos primeiros meses, os gestores percebem que estão "malvestidos para a festa", e que precisariam de uns R$ 50 milhões para que pudessem ser captados pelo radares dos grandes distribuidores. E que ainda lhes é cobrado que tenham processos de investimento e desinvestimento estruturados, tecnologia e suporte tecnológico, conhecimento de gestão institucionalizado, manual de ética e "compliance", mecanismos estritos de riscos, etc. Enfim, dão por si que uma gestora é uma empresa como outra qualquer.

Há dois botões vermelhos a serem apertados nestes casos: distribuidores de fundos e "seeders". Os primeiros são conhecidos e sua agenda comercial é simples: cobram uma porcentagem da taxa de administração e da performance para os clientes (geralmente clientela private) que conseguem atrair para as gestoras. Os "seeders" são menos conhecidos, mas também fáceis de entender: aportam recursos suficientes para gestão de forma que a empresa (a) atinja o equilíbrio financeiro e (b) passe a ser captada pelos radares dos institucionais. Para tanto, buscam participação na sociedade da gestora, diretamente, ou por meio de estruturas de opções de compra e venda do capital.

Como em toda relação de dependência unilateral, os gestores aceitam satisfeitos contratar distribuidores, mesmo que o façam sob termos comerciais bastante desfavoráveis aos "managers". E comemoram, vitoriosos, o selo de um "seeder" em suas assets: significa que passaram para um novo estágio, a caminho da maturidade da empresa. "Seeders" para gestoras são bastante comuns nos EUA e são regidos por métricas já consagradas.

Aqui, é uma indústria debutante, mas deve crescer explosivamente nos próximos meses: grandes players (fundos de private equity, family offices e mesmo assets) - enquanto lemos este artigo - viram noites organizando estruturas de "seeding". E por quê? Simplesmente porque uma gestora pode demandar um investimento similar ao necessário para se iniciar um restaurante de 150 m2 na Barão de Capanema, mas com a diferença que pode alcançar - em 3 ou 4 anos - uma capitalização de R$ 500 milhões em bolsa. O "melhor negócio do mundo". Digamos que 7 entre 10 assets que abram hoje venham a fechar, pelos mesmos motivos que um restaurante fecharia em 24 meses. Mesmo assim, private equity de asset no Brasil é um "negócio da China".

Mas, suponhamos que o camelo passe pelo furo da agulha e a gestora vingue. É um negócio de altíssima margem e, acima de R$ 1 bilhão de recursos sob gestão, se for uma casa dedicada a gerir fundos sofisticados, pode deixar algo com R$ 40 milhões, todos os anos. Imaginem: R$ 1 ou 2 milhões em investimentos para este fluxo de dividendos! Mas é aí, então, que amanhece o dia e os "porcos se mordem". O gestor passa a odiar o "seeder", que também odeia o distribuidor, que por sua vez odeia o gestor (e o "seeder"). "A" acha que "B" não merece ganhar tanto por tão pouco e "B" acha que "A" é ingrato, sendo que, sem sua ajuda, teria falido. "A" e "B" só concordam em uma coisa: que "C" é um explorador: não é justo levar 40% de todas as receitas da empresa apenas para distribuir seus fundos. "A" quer expulsar "B", que tem uma cláusula de venda forçada para "A". E "B" quer rever o contrato com "C", que jura nunca mais distribuir o fundo de "A".

Biologicamente, há inúmeras semelhanças entre porcos e homens. Comportamentalmente, parece que o padrão também se repete...

Marcos Elias é gestor do Fundo Galleas.

Tuesday, July 10, 2007

O dinheiro dos emigrantes


Não é de hoje que sabemos que massas de trabalhadores buscam oportunidades de trabalho fora de seus países origem. E também sabemos que isto ocorre com maior frequência dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. Mas isto também tem ocorrido através de nosso mundo que está cada vez mais plano-globalizado, onde as relações econômicas de compra e venda se intensificam. Exportamos serviços, processos, produção com plantas de novas fábricas, tecnologia e recursos humanos - mão de obra. Massas de trabalhadores se deslocam para os países que possuem melhores oportunidades de trabalho, ou simplesmente para onde o trabalho e a boa remuneração se encontram, através da emigração legal ou ilegalmente. Muitos desses trabalhadores enviam constantemente dólares para seus familiares no seu país de origem. Pense na quantidade indianos, chineses e brasileiros que estão trabalhando fora de seu país de origem. São milhões de trabalhadores que enviam anualmente para suas famílias bilhões de dolares. Essas famílias, com esse dinheiro, realizam compras que vão desde gêneros de primeira necessidade até automóveis e residências, ajudando a aquecer a economia local.


De olho neste mercado


Várias empresas tem se antecipado e atingido sucesso através da idéia de se unir as pessoas que estão trabalhando fora com seus familiares no seu país natal. Existe a tecnologia, que nesse caso é a internet, um sistema para suportar catálagos virtuais e transações dos mais variados produtos possíveis, bem como uma rede de lojas onde familiar poderá até mesmo sacar o dinheiro, sem a necessidade de se ter conta bancária. E tudo legal.

No Brasil, um ambicioso projeto reúne Ponto Frio, Volks e Tenda está criando um negócio chamado Casas Brasileiras baseado no seguinte modelo de negócios:

- o emigrante entrará na loja, escolherá o produto por meio de catálogos virtuais e pagará no Brasil. Como? Haverá um posto de remessa de dinheiro dentro da loja. Dessa forma, ele compra o produto sem pagar taxa de remessa e a família retira na loja do Ponto Frio ou nas lojas da Tenda aqui no Brasil. Segundo o presidente da Ponto Frio, Manoel Amorim, "É, sem dúvida, uma grande oportunidade e pretendemos faturar US$ 100 milhões com esse negócio." E esperam faturar 1 bilhão de dolares em 5 anos através da rede de lojas.


A corrente novamente


E além de todas as facilidades para que o cliente-emigrante possa realizar suas compras e remessas, também estão estudando montar uma rede de vendedores como já conhecemos por aqui com empresas de cosméticos, com bonificações a cada venda. Lembram-se da Amway?


Inicialmente a Casa Brasileiras será inaugurada nos Estados Unidos e depois Portugal e Japão. Alguém duvida que esse negócio que esse negócio é bom?


Veja também:

Thursday, June 28, 2007

Argentina e o apagão

Não é novidade que a Argentina vem crescendo seu PIB a uma média de 8% ao ano, o que chega a nos causar até uma certa inveja, com nosso parco "crescimento" de menos de 3% no ano passado. Tudo bem que eles deram um calote na dívida e renegociaram seus contratos. Mas, também eles foram mais objetivos nas reformas econômicas há alguns anos e agora colhem os frutos do crescimento e desenvolvimento. A Argentina tem atraído investimentos inclusive de empresas brasileiras que transferiram suas operações para lá. Todo esse crescimento requer infra-estrutura para sustentá-la no patamar de 8% ao ano, e ao que parece a Argentina tem sofrido escassez de energia.

Sinais

Os sinais de que algo de errado está acontecendo apareceram no dia 15 de junho, quando os taxistas realizaram protestos contra a falta de gás natural (GNV). E para piorar uma frente polar baixou muito a temperatura e houve um aumento recorde no consumo de energia. O presidente Néstor Kirchner ordenou cortes no fornecimento de energia elétrica em fábricas e escritórios e suspendeu o fornecimento de gás nos postos. Os prédios ficaram escuros e as ruas cheia de carros parados. E tudo indica que os preços devem subir em torno de 15% este ano. Segundo a ministra da Economia, Felisa Miceli, o desafio argentino é atrair mais investimentos. Ora, como fazer fogo sem combustível?

Indústria Automobilística e o Brasil


Há duas semanas, as montadoras de automóveis instaladas no país estavam reunidas no 4º Salão Internacional do Automóvel de Buenos Aires e anunciaram investimentos de US$ 3,5 bilhões nas fábricas argentinas, como deseja a ministra Felisa. Logo, para aumentar a produção e bater recordes é necessário fornecer energia. E como não há energia para todos, a fábrica da GM em Rosário teve sua linha de produção interrompida e realocada para madruga, onde o consumo de energia é menor. E onde entra o Brasil ? E o Brasil, de novo, correu em seu auxílio. Um contrato emergencial para fornecimento de energia foi firmado, estabelecendo em 700 MW a cota máxima de exportação daqui para lá, bem acima dos 350 MW usuais. Pelo documento, o fornecimento poderá ser interrompido se nós enfretarmos problemas de abastecimento interno, ao mesmo tempo. E o governo ainda nega qualquer apagão uma vez que necessita manter sua popularidade para as próximas eleições - daqui a 4 meses.





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