Saturday, July 29, 2006

Certezas e Incertezas



Existem alguns assuntos que fazem parte do momento presente que estamos vivendo e que contribuem para um cenário futuro para daqui alguns anos. Compilando as coisas que temos ouvido e assistido nas diversas mídias, poderíamos resumí-las da seguinte maneira:


  • China e Índia se tornando potências econômicas e ganhando importância política;
  • Energia: Petróleo x Combustíveis alternativos;
  • A religião-política crescendo em nações de governos não democráticos no Oriente médio, parte da África e Ásia;
  • Grupos terroristas hi-tech, utilizando-se da Internet para se organizar e espalhar o terror;
  • Países politicamente instáveis com acesso a armas nucleares e biológicas;
  • Conflitos no Oriente-Médio;
  • Estados Unidos aumentando seu orçamento militar;
  • A Europa economicamente estagnada, com altas taxas de desemprego na França, Itália e Espanha;
  • Globalização menos ocidental;
  • População da Europa e Japão envelhecendo;
  • Meio ambiente: crescimento sustentável.

Será que podemos prever como as coisas serão daqui a 14 anos, isto é, em 2020 ? Um cenário criado em 2004 por especialistas de agências não governamentais (no mundo todo) para o ano de 2020, posicionando tanto as prováveis certezas, como as principais incertezas.

Certezas Relativas


  1. A globalização tende a se tornar menos ocidental;
  2. Economia mundial será substancialmente maior;
  3. O crescente número de empresas globais facilita a disseminação de novas tecnologias;
  4. A emergência da Ásia e o surgimento de novos “pesos médios” econômicos;
  5. O aumento do número de idosos nas potências mundiais;
  6. Suprimento de energia suficiente para atender atender à demanda global;
  7. Poder crescente de atores não-governamentais (ONGs);
  8. O Islã político continuará a ser uma força poderosa;
  9. Armas de destruição em massa mais poderosas;
  10. Arco de instabilidade espalha-se pelo Oriente Médio, Ásia e África;
  11. Não é provável que algum conflito deflagre uma guerra mundial;
  12. Temas ambientais e éticos serão cada vez mais debatidos;
  13. Os EUA continuam a ser o mais poderoso ator nos setores econômico, tecnológico e militar;

Incertezas

  1. Economias atrasadas serão introduzidas no cenário mundial;
  2. Países asiáticos estabelecerão “novas regras para o jogo”;
  3. Crises financeiras ou fragilidade de algumas democracias, aumentarão a distância entre ricos e pobres;
  4. A facilidade de conectividade desafia governos;
  5. A emergência da China/Índia ocorrerá suavemente;
  6. A capacidade da União Européia e do Japão para acomodar mão-de-obra estrangeira, adaptar sistemas de previdência social e integrar imigrantes; a UE se tornará uma superpotência;
  7. Instabilidade política nos países produtores petróleo;Crise no suprimento mundial;
  8. Desejo e capacidade das nações para acomodar esses atores;
  9. Impacto da religião sobre a estabilidade dos países, aumentando o potencial para o conflito crescimento da jihad;
  10. Não se sabe se haverá mais ou menos potências nucleares; mais facilidade para os terroristas conseguirem armas biológicas, químicas, radiológicas ou nucleares;
  11. Essa Instabilidade precipitará eventos que levarão a queda de diversos regimes;
    Capacidade de administrar zonas de conflito e competição por causa de recursos.
  12. Novas tecnologias criam ou resolvem novos problemas éticos.
  13. Outros países desafiarão Washington mais abertamente, caso os EUA percam a posição de líder científico e tecnológico.

Será que estaremos caminhando para um futuro de relativa paz e prosperidade mundial ou para um mundo menos globalizado e mais protecionista?

Friday, July 28, 2006

Apple vs. Microsoft

Vai ser muito difícil a Microsoft derrubar a Apple com seu iPod killer, o Zune. Isso porque a Apple é a líder no segmento e ocupa uma posição invejável: consegue bolar produtos inovadores numa velocidade incrível.

Mas a análise vai além. O Zune se compara ao rei do pedaço até em seu apelido: ele é o "matador do iPod". Quando um cliente for comprar o Zune, ele com certeza vai pensar: "isso aqui é melhor ou não do que o iPod?"

Which iPod are you?

Você acha que os executivos da Microsoft vão ficar felizes com isso? Afinal, é para os clientes pensarem no Zune como um equipamento legal ou em contraste com o iPod?

A Apple ainda tem outras vantagens sobre a empresa de Redmond:

  1. Design: o design é em última análise um ativo para a Apple, fonte de imensa vantagem competitiva. Ninguém faz melhor, ponto final;
  2. Nome de categoria: Gilette é sinônimo de lâmina de barbear. Bombril é a mesma coisa para escova de aço. iPod é sinônimo de tocador de música digital, o walkman do século XXI. Em termos de posicionamento de marca, a Apple já se estabeleceu. A Microsoft terá que criar awareness de seu produto;
  3. O modelo de negócios da Apple é o inverso do que as outras empresas fazem. Tome, por exemplo, a combinação impressora-toner. As empresas vendem impressoras com margens de lucro baixíssimas para ganhar dinheiro com os toners. A combinação iPod-iTunes Music Store é diferente! A Apple não vende iPods para vender músicas; é o contrário! A loja serve de "isca": quanto mais músicas são vendidas pela sua loja, maior é a probabilidade de que os clientes comprem mais iPods, pois caso o cliente queira abandonar o produto, terá que recomprar suas músicas em outra loja digital (as músicas da ITMS só funcionam no iPod). Como isso não é segredo e como as vendas da ITMS não param de aumentar, a única conclusão possível é que os clientes acreditam que os benefícios da loja online superam os custos de mudar de tocador de música. Isso faz com que o mercado restante para os concorrentes do iPod diminua ainda mais a cada compra de música feita na loja da Apple!
Mas como em qualquer segmento, a concorrência é saudável. Resta agora saber qual o tamanho da fatia do bolo que a Microsoft conseguirá para si no mercado digital.

Visite também A Linha de Sombra!

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Wednesday, July 26, 2006

Bovespa - Cursos e Desempenho Setorial

Aproveitando que a última mensagem foi sobre o mercado de fusões e aquisições e principalmente sobre valorização de ações, achei interessante continuar o assunto mencionando um curso que foi ministrado pela Bovespa na última terça dia 25 de julho em parceria com o caderno Folhainvest da Folha de São Paulo. O curso se intitulava " A estrutura do mercado de ações" e dava uma introdução à Bovespa, ao mercado de ações e à CBLC - Companhia de Brasileira de Liquidação e Custódia.

Para quem quiser participar de cursos semelhantes, a Bovespa tem um projeto intitulado "Projeto Educar" que dá uma introdução ao funcionamento do mercado de ações. Recomendo altamente às pessoas que quiserem investir neste mercado, estudantes universitários e interessados em geral. Para quem achou interessante, pode visitar o site da Bovespa e procurar por maiores informações. Para quem não tiver tempo para ir ou que mora em outro Estado, o site também disponibiliza cursos on-line.

Falemos agora um pouco do ranking setorial disponibilizado pela Bovespa. Este ranking indica o comportamento dos 15 setores mais representativos da Bolsa (que hoje é composta por 231 empresas). O setor Financeiro novamente apresentou o maior valor de mercado ao final do primeiro semestre deste ano, atingindo R$ 276,5 bilhões (crescimento de 58,4% em comparação ao mesmo período do ano passado). Valor de mercado, só para esclarecer, é o valor da ação multiplicado pela quantidade de ações disponíveis.

Chama a atenção o setor que representou o desempenho em lucratividade do setor elétrico: alta de 61,4%. Dentre todos os setores analisados este foi o mais lucrativo. Doze setores analisados ainda apresentaram performance acima do Ibovespa: Energia Elétrica (+ 61,4%); Papel e Celulose (+58,6%); Transporte (+55%); Máquinas e Equipamentos (+45%); Siderurgia (+32%); Financeiro (+24,2%); Comércio (+23,1%); Construção e Engenharia (+21,8%); Eletrodoméstico (+17,2%); Petróleo e Gás (+13,7%); Tecidos, Vestuário e Calçados (+10,2%); Alimentos (+10,0%). Abaixo, ficaram Mineração (+8,6%), Telecomunicações (+3,6%), e Petroquímica (-12,9%).

Sunday, July 23, 2006

Sadia e Perdigão

A semana foi tumultada para a Economia nacional: a taxa SELIC foi definida em 14,75% ao ano pelo COPOM, a VarigLog adquiriu a Varig e manteve somente a Ponte Aérea com o intuito de gerar caixa, foi divulgado o índice de inflação ao consumidor nos EUA, ... Dentre todas estas notícias que tumultaram o mercado, uma que chamou a atenção foi a proposta da Sadia em adquirir a Perdigão.
A Sadia ofereceu pagar R$ 27,88 por cada ação da Perdigão, mas a proposta só seria válida com a adesão de metade das ações mais uma. O valor oferecido era 21% maior do que o valor da ação da Perdigão no em 14 de julho e 30% maior do que a cotação média do papel nos últimos 30 dias. Por conta do movimento, o resultado foi que a ação da Perdigão teve a maior alta da semana no Ibovespa (17,39%), na frente de Braskem e Copel.
A grande questão na aquisição de 100% da Perdigão pela Sadia seria a concentração no mercado de congelados. De acordo com pesquisas de mercado da ACNielsen, as duas empresas juntas teriam mais 50% do mercado de produtos industrializados e entre 60% e 80%, em alguns itens como hambúrgueres e empanados, de produtos congelados. Sozinha, a Perdigão, por exemplo, informa que responde por 26% dos volumes vendidos no mercado de produtos industrializados e 34% do mercado de congelados.
A Sadia estaria interessada em adquirir a Perdigão para fazer frente à concorrência internacional, incluindo a Tyson Foods Inc. e a Smithfield Foods Inc. Caso a operação tivesse sucesso, o novo grupo Sadia-Perdigão teria uma receita líquida superior a R$ 12 bilhões, 81 mil empregados, cadeia produtiva com cerca de 16 mil produtores e exportações para mais de centena de países. A nova empresa teria um poder de barganha maior com fornecedores e ainda teria uma rede de distribuição maior. Analistas do mercado diziam que a Sadia teria que vender alguns de seus ativos para evitar a posição dominante no mercado interno, o que faria com que o CADE vetasse a operação.
Dados da FAO, organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, indicam que para atender à demanda por proteína animal nos próximos anos o mundo precisaria produzir três vezes a oferta brasileira. Só de frangos o Brasil exportou no ano passado 2,84 milhões de toneladas. Em 1999, o País exportava 770 mil toneladas de carne de frango. Nesse período, o salto foi de 268,4%. Em suínos, as exportações em 2005 foram de 2,7 milhões de toneladas. O aumento foi de 48,9% em relação a 1999, quando as exportações foram de 1,8 milhão.
A proposta foi recusada pelos controladores da Perdigão por ser menor do que o valor avaliado da empresa pelos acionistas e analistas de mercado e também por ferir o estatuto social da mesma. No entanto, ainda resta a questão: será que uma operação dessa grandiosidade deveria ser permitida pelos órgãos reguladores? Se as empresas mais eficientes são aquelas que sobrevivem no mundo globalizado, deveríamos pesar qual seria o impacto maior: o impacto no mercado interno ou a ineficiência em um mercado externo altamente competitivo.
Para ler mais sobre a Sadia e a Perdigão:

Monday, July 17, 2006

Caos, Incertezas e Certezas


Falar sobre o futuro, tentando imaginar qual seria o cenário de um mundo daqui 5, 10 ou 50 anos, parece mais um daqueles papos cabeça ou coisa esotérica. E sempre tem aquele engraçadinho que diz: "Cenário??? De qual filme mesmo?"

Caos e Incertezas

Parece que hoje em dia a turbulência e tensão do mundo em geral ocupam um espaço maior em nossas vidas e dificilmente encontramos alguém que não tenha sido afetado por estas preocupações. Por outro lado, queremos ou achamos que as coisas deveriam ser mais estáveis e seguras e que depois de superarmos uma crise, por exemplo, a vida deveria voltar ao normal. E gostaríamos que nossos empregos, segurança, aposentaria estivessem a parte deste caos.

Certezas

Existe alguma maneira de conviver com essa tensão ao invés de preparar-se para despencar da montanha-russa e ser obrigado a reagir a cada nova surpresa que a vida nos apresenta? Existe.

Existem Certezas - fatores que podemos ou não contar, mas não deixarão de existir. E devemos ter em mente três delas, em qualquer contexto turbulento:

Primeira: Sempre teremos surpresas.

Segunda.: Conseguiremos lidar com elas.

Terceira: Muitas podem ser previstas, isto é, podemos fazer suposições boas acerca de como a maioria se dará.

Cenário

Criar um cenário, baseia-se na verdade em criar um modelo de realidade onde podemos exercitar como determinadas tendências se manifestarão ou não num futuro delimitado. Essas tendências, são como ondas que se propagam nas esferas: cultural, econômico, tecnológico, social e político. Precisamos estar antenados para captar as mudanças que estão ocorrendo ao nosso redor e se elas configuram tendências que se propagarão por todas as esferas ou ficarão isoladas, perdendo força.

Muitas serão as surpresas que enfrentaremos nos próximos 10, 15, 20 anos nas esferas econômica, política e social em nosso mundo, que poderão mudar as regras do jogo que é praticado hoje. Essas mundanças nos levarão a um mundo muito diferente do que conhecemos hoje.

Entender estas surpresas no futuro é essencial para tomarmos decisões no presente. E não importa se você é executivo, político ou alguém que quer cuidar melhor de sua família.

Friday, July 14, 2006

Mulheres na Economia

Há tempos tenho vontade de escrever um artigo sobre mulheres na economia e acho que o assunto está mais em voga do que nunca com o crescimento do papel da mulher na sociedade não só em número, mas como também em importância. No ano de 2005 saiu uma compilação da Harvard Business Review sobre a mulher no mercado de trabalho. O primeiro artigo, de Hewllet e Luce mostra um comparativo entre as razões pelas quais as mulheres abandonam o mercado de trabalho e as razões pelas quais os homens abandonam o mercado e me chamou a atenção o fato de que as mulheres o fazem, na grande maioria ainda, para cuidar melhor da família. Se olharmos os motivos que levam o homem a deixar o mercado, veremos razões bem mais "egoístas" para fazê-lo.
Principais razões para as mulheres abandonarem o mercado de trabalho americano:
  1. Passar mais tempo com a família - 44%;
  2. Estudar (ganhar um diploma) - 23%;
  3. O emprego não traz satisfação - 17%;
  4. Mudança (localização) - 17%;
  5. Mudança de carreira - 16%.

Principais razões para os homens abandonarem o mercado de trabalho americano:

  1. Mudança de carreira - 29%;
  2. Estudar (ganhar um diploma) - 25%;
  3. O emprego não traz satisfação - 24%;
  4. Não há interesse na área - 18%;
  5. Passar mais tempo com a família - 12%.
Uma das razões pelas quais isso acontecia é porque a mulher não era vista como uma força econômica importante. Ou seja, o homem ainda seria o responsável por prover o sustento da casa. Embora essa visão ainda seja predominante no mundo atual, isso está mudando.
A entrada das mulheres no mercado de trabalho se deve, dentre outras coisas, à mudança do perfil do mercado. Os empregos que exigiam força braçal (em indústria, principalmente) diminuíram com a tecnologia e a necessidade de fornecer serviços aumentaram. As mulheres também estão firmando sua importância como consumidoras, empreendedoras e investidoras. Pesquisas citadas na The Economist confirmam que as mulheres são responsáveis por 80% das decisões de compra - de saúde a aquisição de casas, móveis e comida.
No entanto, as mulheres ainda são apenas 7% das diretorias do mundo - 15% nos EUA e 1% no Japão. O interessante é que a revista The Economist cita um estudo da consultoria Catalyst que descobriu que as empresa americanas com um número maior de mulheres no comando tiveram retornos maiores do que aquelas que posssuem poucas mulheres no topo. As mulheres têm maior facilidade de comunicação e trabalho em equipe, por exemplo, dessa maneira fazendo com que o trabalho renda mais e ajudando na solução de problemas.
E quanto a Brasil? Há seis anos as mulheres ainda eram minoria no mercado de trabalho, apesar do crescimento da atuação feminina no nível de atividade da economia brasileira. O SNIG (Sistema Nacional de Informações de Gênero) mostra que em 2000 as mulheres tinham participação de 44,1% no mercado de trabalho.O levantamento revela ainda que o maior nível de inserção das mulheres no mercado de trabalho se dá para aquelas com idade entre 25 e 49 anos, com participação de 61,5%, contra 45,3% em 1991. De acordo com o instituto, as mulheres recebem em média 70% do rendimento dos homens.
Claro, deve-se sempre levar em conta que estas estatísticas incluem mulheres de diversas classes sociais e que ainda há muito a se desenvolver quando se fala entre igualdade entre homens e mulheres no ambiente de trabalho. Isso inclui também uma melhoria na qualidade de vida, evitando a evasão de muitas mulheres qualificadas do mercado. Não devemos, no entanto, ignorar que os sinais são positivos para as mulheres. Quem sabe o que acontecerá nos próximos anos? O mundo é das mulheres.
Fonte do Gráfico: The Economist.

Monday, July 10, 2006

Ortodoxos x Heterodoxos

No dia 05 de julho de 2006, a Veja publicou uma entrevista com a filósofa Maria Sylvia de Carvalho Franco sob o título “Ideologia emburrece”. Nesta entrevista Maria Sylvia ressalta como a característica mais evidente do presidente Lula sua esperteza. Ela acredita que mesmo no período em que era líder sindical, seu projeto era uma mudança de classe. Tanto que para se eleger, Lula contou com o apoio da burguesia, com quem fez importantes alianças. O que mais me chamou a atenção foi quando ela comentou: “quando indivíduos isolados transpõem essa barrreira (mudança de classe) perdem a determinação de outra classe.”

Claro, ela ainda falou muito mais sobre eleições, sobre o próprio presidente e os grupos políticos brasileiros e seria injusto resumir todo o conteúdo neste trecho acima que eu citei. Para quem se interessou, recomendo fortemente ler a entrevista na íntegra.

E o que isso tem haver com Economia, afinal?! Mais do que imaginamos...Ainda falando sobre artigos interessantes que saíram na impressa, façamos um paralelo com o artigo publicado pela Folha de São Paulo em 9 de julho de 2006: “Lula é presidente mais ortodoxo em 20 anos”.

O artigo diz que o atual presidente foi o mais conservador para a economia desde a redemocratização do país. Ou seja, o Governo Lula, ao contrário do que se esperava, limitou-se à disciplina fiscal e ao controle da taxa de juros conforme os manuais ortodoxos pregam. Além disso, manteve todas as características do governo FHC em relação à política fiscal, monetária e cambial.

Quem se lembra do caos que foi o mercado financeiro quando Lula foi eleito? A disparada do dólar e a saída de investidores do mercado quase levou tudo a perder. No entanto, a conjuntura internacional foi favorável à manutenção da cartilha ortodoxa e os resultados foram mais do que excelentes para o país: inflação baixa, dívida pública estável (e não mais indexada ao dólar) e aceleração da atividade econômica. Guido Mantega prevê que o crescimento do PIB do Brasil atingirá 4,6% neste ano. Cabe lembrar que Guido é conhecido por ser um economista heterodoxo.

Leiam que interessante a matéria que foi publicada uma semana após este artigo:

Imagem: Agência Brasil / Wikipedia

Saturday, July 08, 2006

Desafios da Microsoft no mercado digital

Temos recebido sinais mais fortes de que a Microsoft realmente planeja lançar seu próprio tocador de música digital e sua loja de música online, possivelmente antes das festas de final de ano nos Estados Unidos. Mas a Microsoft não é aquela empresa que licencia seu sistema operacional para milhares de fabricantes de PCs? Por que razão, então, ela se lançaria na aventura de comercializar um sistema de música digital proprietário? Não é essa a estratégia adotada pela Apple desde sua criação, com o seu próprio sistema operacional, o MAC OS, e mais recentemente com o iPod e a loja de música online iTunes, e que recebe frequentes críticas de todos os lados?

A Microsoft cresceu e é o gigante de hoje porque licenciou seu sistema operacional (que teve suas origens na IBM) para os fabricantes de computadores pessoais. Essa estratégia deu certo no mercado de PCs, onde o Windows responde pela maior parte do mercado. Entretanto, esse mercado atingiu seu ponto de maturação nas economias desenvolvidas. A possibilidade de lucro é mais difícil. Além disso, ao que parece, não é uma estratégia adequada para o mercado digital de conteúdo, principalmente o de música e vídeo. A Apple, com seu iPod e sua loja iTunes, domina o mercado de tocadores digitais e o de download legal de músicas pela internet. E a empresa de Bill Gates não pode se dar ao luxo de deixar a Apple levar sozinha grande parte dos lucros deste mercado em franco crescimento.

As barreiras que a empresa de Redmond enfrentará são inúmeras. Entre elas, vai ter que antes de mais nada, explicar detalhadamente a seus atuais parceiros de hardware sua estratégia. Certamente essas empresas, como a iRiver, não ficarão satisfeitas em saber que sua principal fornecedora de software os abandonará depois de terem trabalhado por tanto tempo no ajuste de seus hardwares.

Além disso, e o que creio ser o mais difícil de se atingir, a Microsoft deverá superar a Apple no que ela tem de melhor: facilidade de uso do iPod e a integração fácil entre seu tocador digital e a sua loja online. A Apple também não pára no tempo e sua taxa de inovação é altíssima. E, por fim, é um mercado em alta expansão. Tudo Isso criou uma vantagem muito grande para a Apple. Competir em pé de igualdade será um grande desafio para a Microsoft.

Por que a estratégia da Apple, de sistemas proprietários, e não a da Microsoft, de licenciamento de software a terceiros, deu certo no mercado de música digital? Essa é uma pergunta que poderemos responder em artigo posterior.

Thursday, July 06, 2006

TV DIGITAL - Algumas questões mais...

O Brasil foi o único país emergente onde emissoras e indústrias de equipamentos financiaram testes de laboratório e de campo para comparar a eficiência técnica dos três padrões tecnológicos existentes em relação à transmissão e recepção dos sinais (o modelo estaduninse, o modelo europeu e o modelo japonês). Desde 1994, 17 emissoras de TV e pouco mais de uma dezena de empresas interessadas criaram o grupo SET/Abert. A partir de 1998, o trabalho do consórcio técnico intensificou-se, resultando nos testes de laboratório e de campo por seis meses, entre agosto de 99 e março de 2000, com o aval de especialistas da Universidade Mackenzie. Após o término da fase de estudos o Presidente da República Federativa do Brasil assinou (2006) decreto oficializando o modelo japonês como o padrão de TV digital a ser adotado no Brasil.

Os principais atributos necessários para um sistema digital brasileiro que deveriam ser levados em conta na escolha são: baixo custo com recepção robusta (para atender as classes C, D e E que constituem grande maioria da população brasileira), flexibilidade e interatividade de serviços.

No quesito baixo custo, o Presidente argumentou que a escolha pelo padrão japonês permitiria uma adaptação mais longa do analógico para o digital. Os japoneses se dispuseram a tornar o período de transição mais longo, o que quer dizer que o consumidor pode manter sua televisão antiga por um período mais longo, sem precisar comprar um decodificador do sinal digital ou um aparelho novo já com o equipamento.

No entanto, o que se tem ouvido por aí é que essa conversão pode sair caro para o consumidor brasileiro. O CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) realizou um estudo onde constatou que os conversores feitos para funcionar com o modelo japonês custariam entre R$ 276 e R$ 761. Os lo). Os conversores do padrão europeu custariam entre R$ 233 e R$ 662. O grande "x" da questão é a escala de produção: o padrão europeu é usado em 57 países, e o japonês, só no Japão. Segundo o CPqD, a escolha do governo deveria levar em conta "as perspectivas de mercado, para gerar maior fator de escala de produção, o que influencia diretamente no investimento necessário no setor produtivo e no preço final ao consumidor".

Afinal de contas, quem prefere qual padrão?
  • Redes de TV: preferem o japonês porque querem transmitir em alta definição e para receptores móveis. A transmissão em alta definição não permite a entrada de novos competidores em grandes centros urbanos
  • Operadoras de telefonia: preferem o padrão europeu, porque dá mais oportunidade de negócios para que elas entrem no ramo de transmissão de conteúdoFornecedores de equipamentos: preferem o padrão europeu, porque dá mais ganho de escala, uma vez que é adotado em 57 países .
Novamente, o Presidente Lula argumentou que a escolha pelo padrão japonês trará mais vantagens ao Brasil e às grandes empresas de comunicação do país. Como pudemos ver anteriormente, essas empresas que seriam beneficiadas com o padrão são as grandes redes de TV (em especial a Globo). Essas companhias de televisão ainda dizem que o padrão japonês permitirá maior controle nacional sobre o conteúdo transmitido, e o governo que não é bobo nem nada avalia que é uma decisão estratégica defender os interesses das companhias nacionais. Principalmente em ano de reeleição.
Imagem:
O Presidente Lula e o Ministro da Cultura Gilberto Gil, em Londres em março de 2006. Gil disse na ocasião que o que importava no debate sobre a adoção de um sistema de TV digital no Brasil seria a "discussão do modelo cultural da TV digital".
(Foto: Eduardo Martino/Documentography. Fonte: BBC Brasil)

Wednesday, July 05, 2006

$$$ - TV DIGITAL - $$$


TV DIGITAL - uma revolução tecnológica que está acontecendo e que mudará muito a nossa forma de interagir com conteúdo a ser transmitido para nossos novos aparelhos de TV, celulares, e etc, e não apenas assistir.




Transmissão - até minha antena de casa

Lendo algumas publicações, decobri que já estamos cercados de sinais digitalizados, como: câmeras digitais, nos estúdios, transmissões por satélite, via cabo para tvs por assinatura. Mas o que falta ainda é a última milha, o segmento que vai das antenas de transmissão de sinais abertos (broadcasting) terrestres até nossa antena doméstica. Isto acontece porque nossos aparelhos de TV são analógicos. A boa notícia é que existem conversores de sinais digitais para analógicos.

TV de Alta Definição

Nossos aparelhos de TV analógicos poderão "entender" o sinal digital mas vão além disto. Logo, para termos acesso a todas possibilidades da HDTV (TV de Alta Definição), teremos que comprar outro. E não qualquer um, como estão vendo por ae, mas aquele que esteja de acordo com o padrão adotado que será com a tecnologia Plasma ou LCD (cristal líquido) para uma melhor qualidade (definição) de imagens. Deverá haver um esforço grande do Governo e Fabricantes para que os preços destas TVs cheguem a um patamar que esteja dentro do orçamento das famílias brasileiras.

Negócio

Negócio da China! Ops, quero dizer do Japão. O mercado de TVs está estimado em 54 milhões de unidades. Além disso, uma vez que o sinal é digital, haverá uma convergência de rádio, TV, e telefonia móvel. E hoje já existem 85 milhões de celulares, que no futuro poderão ser tornar uma unidade móvel de TV. Ainda temos os computadores e a internet que poderão usufruir desse conteúdo digital.

O grande objetivo da implementação de um sistema de TV Digital será a interatividade, entretenimento fundindo TV e internet. Isso nos dará a possibilidade de escolher o que quisermos, desde selecionar programas, baixar filmes, shows, documentários, disputar partidas de jogos, estudar, participar de videoconferências, responder pesquisas e comprar. Imaginem o salto que dará no comércio eletrônico!

Padrão Japonês

Dentre os 3 padrões conhecidos: (americano, europeu e japonês), decidiu-se por criar um modelo brasileiro com base no japonês denomidado O SBTVD-T devendo:


  • Possuir componentes e software exclusivos criados no Brasil ;
  • Manter as características da TV brasileira, aberta e gratuita para toda a população;
  • Ser captada por receptores fixos ou portáteis.
O sistema de modulação japonês é o único que, atualmente, permite transmitir imagens com a mesma qualidade, em um só canal, como utilizado no Brasil.

Muita calma nessa hora

Estamos falando de investimentos na ordem de 100 bilhões de dolares que serão feitos num período de 5 a 10 anos. Investimentos ligados a produção de aparelhos digitais, adequação de aparelhos analógicos, aparelhos portáteis, celulares, transmissão e conteúdo.

As emissoras tem um prazo de até 2 anos para começarem a transmitir sinais digitais. É um começo, ainda que demorado...

Leia:
Um sistema brasileiro para a TV digital
A imagem que vem do Oriente

Monday, July 03, 2006

Visita da Ministra das Relações Exteriores do Reino Unido ao Brasil


Nesta segunda, dia 03 de julho, tive a oportunidade de participar da palestra proferida pela Ministra das Relações Exteriores do Reino Unido aqui na Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Foi uma surpresa agradabilíssima. Sua Excelência Margaret Beckett falou sobre o tema: "Desafio do Multilateralismo".

Ela defendeu que não é possível as nações pensarem unilateralmente, mas que é necessário procurar o bem comum. Ao seguir um enfoque unilateral, corremos o risco de ter um nivelamento por baixo em política externa, com cada país defendendo individualmente seus interesses nacionais. O multilateralismo seria, então, uma resposta à globalização das economias e das ameaças.

Ela chamou a atenção da importância do Brasil neste mundo, surgindo nos grupos dos países emergentes (ou reemergentes) mais notadamente:

G-4: Brasil, Índia, Japão e Alemanha. O G4 foi formado com o intuito de apoiarem as propostas uns dos outros para ingressar em lugares permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ao longo da palestra, a Ministra fez questão de defendera inclusão do Brasil, assim com de outras potências emergentes, no Conselho de Segurança da ONU. Cabe lembrar que hoje, a ONU possui 5 membros permanentes com poder de veto no Conselho de Segurança: China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia.

BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul. Esse grupo abrange 43% da população mundial! No ano passado, o PIB dos países do BRICS superou 1/10 do total mundial, sendo que tal proporção deve mais do que dobrar na próxima década.

Chamou a atenção a menção que a Ministra fez ao desenvolvimento de projetos no âmbito do Mecanismo ed Desenvolvimento Limpo. Ela ressaltou que o Brasil está dando o exemplo ao mostrar aos outros países em desenvolvimento que é possível que a economia cresça de forma sustentável e com baixas emissões de carbono. Em 2004, ela citou, o Brasil investiu valor superior a US$ 3 bilhões em mais de 100 projetos de energia eólica, biomassa e pequenas hidrelétricas, totalizando 3.300 megawatts de capacidade instalada.

A Ministra ainda ressaltou que a segurança climática e energética deve ser uma prioridade para o governo do Brasil. O governo britânico trabalha em conjunto com o brasileiro para definir formas de encorajar uma produção em escala bem maior que atual de bioetanol a partir de açúcar.

Sem dúvida, uma palestra fascinante que mostrou a necessidade da inclusão dos países emergentes na tomada de decisões e desenvolvimento da economia mundial.

Leia as notícias sobre a visita da Ministra Beckett ao Brasil:
Estadão
Terra OnLine
Google Notícias


Imagem: Margaret Beckett e Kofi Annan. Fonte: Yahoo!