Pense, ou melhor, sinta: As nossas ações cotidianas, das mais triviais, como ir trabalhar, até as mais nobres, como votar num referendo, das mais enervantes como fazer uma assinatura de um jornal (pegando carona no texto da Cláudia), até as mais legais como ir ao cinema com a namorada(o), são motivadas apenas por um único objetivo. Qual? Não responda ainda.
Quando reproduzimos esse mesmo raciocínio para nosso país e observamos os movimentos que o Brasil realiza ao longo do tempo, vemos que o governo, empresas e famílias também são estimulados por esse único objetivo. Fala-se muito em crowding out, aumento de oferta de crédito imobiliário, desoneração tributária, expansão do mercado de capitais, índice de Gini, PAC etc, porém qual o objetivo disso tudo?
A resposta, lá no fundo a gente sabe, mas diante de todas essas expressões confusas e, por vezes nefastas, acabamos nos esquecendo de que fazemos tudo isso para garantirmos nosso sentimento de felicidade. Nada mais, nada menos.
As formas de desenvolvimento podem ser inúmeras numa sociedade capitalista e nem sempre os caminhos a seguir estão bem definidos, uma vez que cada país tem suas características políticas, econômicas e sociológicas próprias, contudo é impossível delinear tal progresso sem ter um objetivo bem claro, que é a felicidade de seus cidadãos.
Baseado nessa perspectiva o Deutsche Bank realizou uma pesquisa na qual compara 22 países ricos e correlaciona as características socioeconômicas daqueles que foram considerados os países mais felizes.
Sobre a mensuração da felicidade, foi utilizada a metodologia de uma ONG chamada World Database of Happiness que realiza pesquisas sobre felicidade e satisfação de vida a nível mundial. As perguntas são fechadas e as respostas são ordenadas num intervalo de zero a dez, sendo dez a pessoa mais feliz. Esse nível de felicidade das nações foi correlacionado com dez indicadores macroecômicos.
Pressupõe-se que os países mais ricos fossem os mais felizes, entretanto isso não é verdadeiro por dois motivos. O primeiro é que em outra pesquisa realizada por Daniel Kahneman (o mesmo das Finanças Comportamentais e ganhador do Nobel) as pessoas têm a ilusão de que aumento de renda e consumo trazem mais felicidade, assim as pessoas tendem a trabalhar mais e dispender menos tempo para vida pessoal, gerando insatisfação. Segundo, os indicadores macroeconômicos utilizados pelo Deutsche não se referem somente à renda e ao consumo de bens materiais.
Os países que se declaravam mais felizes, coincidentemente eram os justamente aqueles que tinham o melhor desempenho em cada indicador. Pois bem, os 10 indicadores são:
1. Alto grau de confiança no próximo, ou seja, os cidadãos do país tem muita confiança de que o outro não irá lhe fazer nenhum mal. Podemos traduzir isso como civilidade. O povo da Dinamarca declarou que 66,5% dos compatriotas são confiáveis. Fui até a fonte desse dado e verifiquei que o brasileiro confia apenas 2,8%. Parafrasendo a Cláudia “de quem, afinal é a culpa disso tudo?”
2. Níveis baixos de percepção de corrupção nas instituições do país. Creio que aqui não tem muito que dizer. É só abrir os jornais brasileiros e perguntar se estamos felizes com isso tudo que está acontecendo. Os dados foram obtidos pela Transparency International.
3. Baixo desemprego, que está relacionado com renda, mas também com estabilidade ocupacional da pessoa.
4. Alto nível de escolaridade, medido pela média de anos que uma adulto entre 25 e 34 anos passou estudando, transformando o capital intelctual do país.
5. Alta renda sim dinheiro ajuda em muitas coisas, mas lembre-se de que não é tudo.
6. Alta taxa de emprego entre os idosos . Os avanços na saúde e o conseqüente aumento na expectativa de vida trouxe um fenômeno recente, indicando que aposentar-se cedo traz grandes problemas ocupacionais nessa faixa etária, provocando exclusão social, não sendo de forma alguma sinônimo de felicidade.
7. Economia informal pouco representativa. Muitas pessoas que estão na economia informal não estão trabalhando nisso por opção o que gera descontentamento. Além disso, a correlação entre o trabalho informal e a corrupção é muito alta.
8. Liberdade econômica. Quanto menos o governo intervém na economia mais oportunidade se dá ao individuo de empreender e criar.
9. Baixa proteção ao emprego. Esse item é um tanto controverso e na pesquisa fica pouco claro porque países que protegem menos os empregos são mais felizes. Uma correlação analisada sugere que países que possuem uma legislação trabalhista flexível possuem baixo nível de desemprego e de corrupção.
10. Taxas de natalidade mais altas. Ter filhos traz felicidade? Não sabemos ao certo, mas países que possuem uma sociedade com todos os indicadores acima bem desenvolvidos são mais confiantes no futuro e querem criar uma família, daí essas taxas de natalidade mais altas nesses países. Note que a pesquisa fala em taxas mais altas e não altas taxas, ocorrência verificada em países pobres.
Muitos outros indicadores poderiam ser incluídos que atestariam se uma nação é feliz e tem qualidade de vida, como taxas de criminalidade, mas segundo a pesquisa, esse tipo de dado é muito difícil de ser medido, pois cada país utiliza uma metodologia. Outro ponto a ser observado é a pesquisa não determina se tais qualidades são as causas da felicidade, apenas identifica as coincidências, o que não a invalida, já que se tem uma idéia geral de qual caminho podemos seguir. No caso do Brasil, onde ainda existe muita miséria, o sentimento de felicidade a curto prazo certamente está atrelado à alimentação, saúde e aquisição de bens materiais, mas note que esses fatores estão, de alguma forma, ligados à todos os índices acima, seja no curto e principalmente no longo prazo.
Para todos os países fica evidente que o bem estar de todos deve ser um objetivo muito bem definido para indivíduos, governo e empresas. Sem políticas de bem-estar social de longo prazo (e não assistencialismo barato) é difícil estruturar um país que torne a vida de seus cidadãos mais feliz. E sem cidadãos felizes e satisfeitos diria que é impossível erguer uma nação.
Quando reproduzimos esse mesmo raciocínio para nosso país e observamos os movimentos que o Brasil realiza ao longo do tempo, vemos que o governo, empresas e famílias também são estimulados por esse único objetivo. Fala-se muito em crowding out, aumento de oferta de crédito imobiliário, desoneração tributária, expansão do mercado de capitais, índice de Gini, PAC etc, porém qual o objetivo disso tudo?
A resposta, lá no fundo a gente sabe, mas diante de todas essas expressões confusas e, por vezes nefastas, acabamos nos esquecendo de que fazemos tudo isso para garantirmos nosso sentimento de felicidade. Nada mais, nada menos.
As formas de desenvolvimento podem ser inúmeras numa sociedade capitalista e nem sempre os caminhos a seguir estão bem definidos, uma vez que cada país tem suas características políticas, econômicas e sociológicas próprias, contudo é impossível delinear tal progresso sem ter um objetivo bem claro, que é a felicidade de seus cidadãos.
Baseado nessa perspectiva o Deutsche Bank realizou uma pesquisa na qual compara 22 países ricos e correlaciona as características socioeconômicas daqueles que foram considerados os países mais felizes.
Sobre a mensuração da felicidade, foi utilizada a metodologia de uma ONG chamada World Database of Happiness que realiza pesquisas sobre felicidade e satisfação de vida a nível mundial. As perguntas são fechadas e as respostas são ordenadas num intervalo de zero a dez, sendo dez a pessoa mais feliz. Esse nível de felicidade das nações foi correlacionado com dez indicadores macroecômicos.
Pressupõe-se que os países mais ricos fossem os mais felizes, entretanto isso não é verdadeiro por dois motivos. O primeiro é que em outra pesquisa realizada por Daniel Kahneman (o mesmo das Finanças Comportamentais e ganhador do Nobel) as pessoas têm a ilusão de que aumento de renda e consumo trazem mais felicidade, assim as pessoas tendem a trabalhar mais e dispender menos tempo para vida pessoal, gerando insatisfação. Segundo, os indicadores macroeconômicos utilizados pelo Deutsche não se referem somente à renda e ao consumo de bens materiais.
Os países que se declaravam mais felizes, coincidentemente eram os justamente aqueles que tinham o melhor desempenho em cada indicador. Pois bem, os 10 indicadores são:
1. Alto grau de confiança no próximo, ou seja, os cidadãos do país tem muita confiança de que o outro não irá lhe fazer nenhum mal. Podemos traduzir isso como civilidade. O povo da Dinamarca declarou que 66,5% dos compatriotas são confiáveis. Fui até a fonte desse dado e verifiquei que o brasileiro confia apenas 2,8%. Parafrasendo a Cláudia “de quem, afinal é a culpa disso tudo?”
2. Níveis baixos de percepção de corrupção nas instituições do país. Creio que aqui não tem muito que dizer. É só abrir os jornais brasileiros e perguntar se estamos felizes com isso tudo que está acontecendo. Os dados foram obtidos pela Transparency International.
3. Baixo desemprego, que está relacionado com renda, mas também com estabilidade ocupacional da pessoa.
4. Alto nível de escolaridade, medido pela média de anos que uma adulto entre 25 e 34 anos passou estudando, transformando o capital intelctual do país.
5. Alta renda sim dinheiro ajuda em muitas coisas, mas lembre-se de que não é tudo.
6. Alta taxa de emprego entre os idosos . Os avanços na saúde e o conseqüente aumento na expectativa de vida trouxe um fenômeno recente, indicando que aposentar-se cedo traz grandes problemas ocupacionais nessa faixa etária, provocando exclusão social, não sendo de forma alguma sinônimo de felicidade.
7. Economia informal pouco representativa. Muitas pessoas que estão na economia informal não estão trabalhando nisso por opção o que gera descontentamento. Além disso, a correlação entre o trabalho informal e a corrupção é muito alta.
8. Liberdade econômica. Quanto menos o governo intervém na economia mais oportunidade se dá ao individuo de empreender e criar.
9. Baixa proteção ao emprego. Esse item é um tanto controverso e na pesquisa fica pouco claro porque países que protegem menos os empregos são mais felizes. Uma correlação analisada sugere que países que possuem uma legislação trabalhista flexível possuem baixo nível de desemprego e de corrupção.
10. Taxas de natalidade mais altas. Ter filhos traz felicidade? Não sabemos ao certo, mas países que possuem uma sociedade com todos os indicadores acima bem desenvolvidos são mais confiantes no futuro e querem criar uma família, daí essas taxas de natalidade mais altas nesses países. Note que a pesquisa fala em taxas mais altas e não altas taxas, ocorrência verificada em países pobres.
Muitos outros indicadores poderiam ser incluídos que atestariam se uma nação é feliz e tem qualidade de vida, como taxas de criminalidade, mas segundo a pesquisa, esse tipo de dado é muito difícil de ser medido, pois cada país utiliza uma metodologia. Outro ponto a ser observado é a pesquisa não determina se tais qualidades são as causas da felicidade, apenas identifica as coincidências, o que não a invalida, já que se tem uma idéia geral de qual caminho podemos seguir. No caso do Brasil, onde ainda existe muita miséria, o sentimento de felicidade a curto prazo certamente está atrelado à alimentação, saúde e aquisição de bens materiais, mas note que esses fatores estão, de alguma forma, ligados à todos os índices acima, seja no curto e principalmente no longo prazo.
Para todos os países fica evidente que o bem estar de todos deve ser um objetivo muito bem definido para indivíduos, governo e empresas. Sem políticas de bem-estar social de longo prazo (e não assistencialismo barato) é difícil estruturar um país que torne a vida de seus cidadãos mais feliz. E sem cidadãos felizes e satisfeitos diria que é impossível erguer uma nação.
4 comments:
Bem-vindo ao blog, Ricardo!!!
Valeu por deixar pichar no blog hahaha!
Olá Ricardo, seja bem-vindo ao blog.
Pelo que observamos, verificamos que os países mais desenvolvimentos, também desenvolveram bem suas classes médias, diminuindo os abismos entre os mais pobres e os mais ricos, assim como as necessidades básicas de sobrevivência, e moradia estão supridas para a maior parte de sua população. Isto faz com que esta população tenha outros objetivos, seja mais confiante, pense no futuro, desenvolva-se intelectualmente, etc.
[]s
Marcello
Oi Marcello! Obrigado!
É verdade, a busca de igualdade social propicia o país a alcançar a prosperidade e por conseqüência a felicidade dos indivíduos. Parece tão simples e óbvio, mas a maioria dos países emergentes ainda tem uma visão de curto prazo e não conseguem exergar essa obviedade.
Abs
Ricardo
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