Existem várias versões sobre os possíveis culpados pelo acidente - a pista, o piloto, a TAM ou o governo. E assim a opinião pública fica com a impressão que no Brasil nada se comprova e nada se descarta. Basta lembrar da última tragédia envolvendo uma avião da Gol e outro da Embraer. Qual a conclusão? Apenas especulações.
Segundo o Jornal argentino La Nación, o retrato da nossa situação é "surrealista" desde que a crise aérea se tornou mais aguda. "Algumas situações rivalizam com as cenas do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu", afirma o diário.
A matéria nota que os passageiros estão entre "furiosos e aterrorizados" na hora de voar. "O Brasil é o país com maior número de católicos do mundo, e agora é possível perceber: nunca se rezaram tantos Pai Nosso em decolagens e pousos".
O La Nación diz que "os aeroportos se tornaram acampamentos de 'sem terra': as pessoas se deitam nos corredores à espera de vôos que atrasam horas".
"Como às vezes a paciência tem fim, ontem o aeroporto (de Congonhas) teve de reforçar a guarda policial, porque as pessoas estão perdendo as estribeiras, e atender ao balcão do check-in se transformou em profissão de risco.""Alguns passageiros gritam, outros choram, outros agarram os empregados pelo colarinho."
"Os passageiros chegam e se convencem pessoalmente de que será melhor tomar um ônibus que enfrentar o pesadelo de esperas, falta de informação e medo."
"Como às vezes a paciência tem fim, ontem o aeroporto (de Congonhas) teve de reforçar a guarda policial, porque as pessoas estão perdendo as estribeiras, e atender ao balcão do check-in se transformou em profissão de risco.""Alguns passageiros gritam, outros choram, outros agarram os empregados pelo colarinho."
"Os passageiros chegam e se convencem pessoalmente de que será melhor tomar um ônibus que enfrentar o pesadelo de esperas, falta de informação e medo."
E nos deparamos novamente com a falta de investimentos em infra-estrutura em nosso país. Onde está o PAC? Faltam não apenas novos aeroportos e um controle aéreo mais eficiente. Faltam estradas descentes e ferrovias que poderiam cumprir muito bem o papel de transporte a distância com qualidade. Imaginem que para alguns destinos, você poderia levar o mesmo tempo viajando de avião ou trem, devido ao enorme número de escalas que vôos possuem e tempo de espera entre uma escala e outra. Se você tivesse a alternativa ferroviária, com leito e restaurante, você chegaria "inteiro", isto é descansado, ao final da viagem. Contudo, ouvimos nos jornais que a tarifa das passagens aéreas poderão aumentar caso o número de escalas diminua (e consequentemente um risco menor). Isto quer dizer que nós temos que assumir os riscos de voar com o maior número de escalas possíveis porque assim a tarifa é menor para nós e o negócio é excelente para as empresas aéreas.
Estamos infelizmente vivendo um momento surreal, não apenas sobre os problemas aéreos, mas também no âmbito político e social, onde os escândalos acontecem e ninguém assume a responsabilidade e não sabemos mais o que é verdade e em que acreditar devido a tantas "versões" que são expostas e nos confundem no dia a dia.