Sunday, August 19, 2007

Biocombustível x Emissões

Segundo a maioria dos artigos que temos contato, relatam que os biocombustíveis são uma saída imediata para baixar os índices de emissão de monóxido de carbono e CO2 que causam o efeito estufa. Até então, o Brasil e outros países foram considerados estrelas dessas tecnologias. Porém, foi publicado um artigo no jornal britânico The Guardian (17/08) sobre o assunto onde alguns pesquisadores apontam como um erro pensar que os biocombustíveis ajudariam no combate às mudanças climáticas.

O aumento na produção de biocombustíveis como alternativa de combate às mudanças climáticas libertarão de duas a nove vezes mais gás carbônico do que os combustíveis fósseis nos próximos 30 anos, de acordo com a primeira analise de emissões de biocombustíveis.

Os biocombustíveis - extraídos de plantas - são apresentados com amigos do meio-ambiente e uma alternativa aos combustíveis fósseis porque as plantações absorvem dióxido de carbono da atmosfera enquanto se desenvolvem.

O estudo alerta que as florestas não deveriam ser desmatadas para as plantações de biocombustíveis. O desmatamento das florestas libera imediatamente gás carbônico na atmosfera, e pela perda de vida silvestre.

A Grã-Bretanha está empenhada em substituir 10% do combustível de transporte com biocombustíveis. No Brasil, nós temos um programa pro-álcool implantado em 1.970, e que hoje ganhou mais força com os carros flexíveis em combustível (álcool ou gasolina).

O problema é que as políticas de biocombustíveis crescem sem o entendimento de suas implicações. Segundo, Renton Righelato é um erro pensar em biocombustíveis para as mudanças climáticas.


Para se chegar a taxa de 10% da substituição de combustível fóssil seria necessário utilizar 40% das terras cultiváveis na Europa. E isto não poderia ser alcançado na Europa e Estados Unidos, de acordo com os cientistas. E isto então seria transferido para os países em desenvolvimento. A União Nacional dos Fazendeiros (The National Farmers Union) dizem que 20% das terras cultiváveis na Grã-Bretanha poderia ser usada para se plantar biocombustíveis até 2.010. Contudo, os pesquisadores dizem que o reflorestamento seria um caminho melhor para redução de emissões.

Biocombustíveis parecem uma boa alternativa para o Ocidente, mas que globalmente levam para uma maior emissão de gás carbônico. Brazil, Paraguai, Indonesia entre outros tem programas de desflorestamento para dar suporte ao mercado global de biocombustível, de acordo com Dr. Spracklen. Os pesquisadores dizem que foco deveria ser em melhorar a eficiência do uso do combustível fóssil e a busca de alternativas renováveis de energia livres de emissão de gás carbônico.


Veja também:

Biofuels switch a mistake, say researchers




Monday, August 13, 2007

BCs ajudam a conter a crise do subprime - artigo da Veja

Estava pensando em escrever um artigo sobre a ajuda do BC para deter a crise baseado na pergunta que surgiu do tópico anterior feita pelo Kiko. Acontece que saiu um artigo super interessante na Veja esta semana discutindo exatamente este assunto e acho que ele explica bem o que aconteceu. Deixo-os então com o artigo de Giuliano Guandalini publicado na Veja do dia 12 de agosto de 2007:
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O grande teste

Na crise de 1929, os bancos centrais precipitaram o crashao negar ajuda aos mercados. Eles aprenderam a lição.


A Grande Depressão da década de 30 foi o acontecimento mais marcante da história econômica mundial contemporânea. Exceto em períodos de guerra, nunca o planeta viveu uma destruição de riqueza tão avassaladora, num período tão curto e que afetasse tantas pessoas – o produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos encolheu 45% entre 1929 e 1933. O estudo desse fenômeno mobilizou os mais destacados economistas, mas quem chegou à melhor análise sobre o que levou à catástrofe financeira foi Milton Friedman (1912-2006), ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976. Em co-autoria com Anna Schwartz, Friedman publicou em 1963 o livro Uma História Monetária dos Estados Unidos, no qual demonstrou como o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não só precipitou o crash de 1929 e a depressão que se seguiu como agravou a situação ao garrotear o crédito elevando os juros e diminuindo a quantidade de dinheiro em circulação.

Graças ao trabalho de Friedman e de outros economistas, os principais bancos centrais do mundo aprenderam a lidar com crises potenciais. Foi o que se viu na semana passada, durante a queda acentuada de praticamente todas as bolsas de valores do mundo, provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário americano. A turbulência começou na quinta-feira. Horas depois, o Fed e o banco central europeu já despejavam dinheiro nos mercados financeiros. Até a sexta-feira, o socorro totalizava 300 bilhões de dólares – o equivalente a um terço do PIB brasileiro.
Isso foi necessário porque, diante da falta de crédito, os bancos encontraram dificuldades para obter empréstimos com outras instituições financeiras – alguns deles precisavam cobrir perdas que tiveram com financiamentos imobiliários nos EUA. Sem a atuação dos BCs, haveria o risco de um fechamento total das linhas de crédito – e sem crédito não há economia que funcione. "Os bancos se sentiram inseguros e começaram a querer mais liquidez. Quando muitos agem dessa forma simultaneamente, o crédito seca e fica caro. Esse processo pode ser instável. Os BCs agiram, então, pelo medo do imponderável", afirma o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. "O poder dos BCs é grande, mas não é infinito. Daí a importância de agir na hora certa, antes que o pânico se espalhe", disse Fraga.

O estouro da bolha imobiliária já era mais que esperado. Os seguidos anos de juros baixíssimos estimularam uma concessão de crédito desenfreada na economia americana. Os bancos começaram a emprestar dinheiro até a pessoas com histórico de crédito deficiente (os chamados de subprime). Mas, nos últimos meses, os juros começaram a subir, o financiamento ficou mais caro e a inadimplência disparou. Para estancarem prejuízos, os investidores venderam ações que possuíam em carteira, não só nos Estados Unidos e na Europa, mas também em mercados emergentes, como o Brasil – no mês, a queda é de 3% (veja o quadro). Não há dúvida, de acordo com os economistas, de que os mercados passarão por um período de volatilidade elevada – ou seja, as bolsas viverão dias de montanha-russa, com quedas abruptas seguidas de altas.Segundo o economista José Júlio Senna, essas perdas não deverão ter maiores conseqüências. Isso porque os países emergentes deixaram de ser bombas-relógio, o crescimento mundial continua forte e o setor privado tem muito dinheiro em caixa.
Não menos vital é a inegável eficiência dos bancos centrais. Símbolo desse avanço é uma declaração do atual presidente do Fed, Ben Bernanke, feita em 2002, durante uma conferência comemorativa do nonagésimo aniversário de Milton Friedman. Bernanke, que era então diretor do Fed, afirmou: "Gostaria de dizer algo a Milton e Anna: a respeito da Grande Depressão, vocês estão certos, nós (os BCs) erramos. Lamentamos muito. Mas, graças a vocês, não erraremos novamente". Ao que parece, Bernanke está preparado para o grande teste. É o que o mundo espera.Foi o que se viu na semana passada, durante a queda acentuada de praticamente todas as bolsas de valores do mundo, provocada pela crise no mercado de crédito imobiliário americano.
A turbulência começou na quinta-feira. Horas depois, o Fed e o banco central europeu já despejavam dinheiro nos mercados financeiros. Até a sexta-feira, o socorro totalizava 300 bilhões de dólares – o equivalente a um terço do PIB brasileiro. Isso foi necessário porque, diante da falta de crédito, os bancos encontraram dificuldades para obter empréstimos com outras instituições financeiras – alguns deles precisavam cobrir perdas que tiveram com financiamentos imobiliários nos EUA. Sem a atuação dos BCs, haveria o risco de um fechamento total das linhas de crédito – e sem crédito não há economia que funcione. "Os bancos se sentiram inseguros e começaram a querer mais liquidez. Quando muitos agem dessa forma simultaneamente, o crédito seca e fica caro. Esse processo pode ser instável. Os BCs agiram, então, pelo medo do imponderável", afirma o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central do Brasil. "O poder dos BCs é grande, mas não é infinito. Daí a importância de agir na hora certa, antes que o pânico se espalhe", disse Fraga.

Monday, August 06, 2007

Subprime e Risco

O que é o subprime Já há alguns meses as notícias sobre o crédito dos subprime tem assombrado o mercado financeiro ao redor do mundo, causando instabilidade forte nas últimas semanas em particular. O subprime é um empréstimo para pessoas com histórico ruim de crédito que consequentemente pagam taxas de juros mais altas, dando mais dinheiro aos credores - enquanto os pagamentos hipotecários continuam chegando.

Segundo o site http://www.wharton.universia.net/ “a hipoteca clássica americana cobrava uma taxa de juros “fixa” que permanecia a mesma durante os 30 anos do empréstimo. Depois de assinados os papéis, o proprietário do imóvel pagava mensalmente uma prestação cujo valor nunca se alterava, o que facilitava os pagamentos e a manutenção do sistema, já que a renda do tomador subia de acordo com a inflação. De modo geral, o valor dos imóveis residenciais subia também, portanto o tomador podia contar com a possibilidade de vendê-lo a qualquer momento por um valor superior ao que possuía.

Acontece que a situação mudou drasticamente nos últimos anos. Estima-se que aproximadamente dois terços de todos os empréstimos para aquisição de casas concedidos em 2003 foram do tipo “agressivos, empréstimos que pressupõem riscos para os credores, tomadores e investidores em títulos lastreados em hipotecas. Tais riscos inexistem nos empréstimos convencionais. Além dos empréstimos do tipo subprime, há também empréstimos baseados exclusivamente no pagamento de juros, em que o tomador não faz nenhum pagamento do principal. Nos empréstimos de amortização negativa, o tomador paga um valor menor do que o valor total dos juros, sendo o complemento acrescentado à dívida pendente. Existem ainda empréstimos que requerem, ou não, o pagamento à vista de um pequeno montante, ou que não exigem nenhum comprovante de renda.
Os empréstimos a taxas subprime dispararam, passando de 150 bilhões de dólares, em 2000, para 650 bilhões em 2005, de acordo com depoimento prestado em audiência do senado sobre concessão predatória de empréstimos."


Qual o problema afinal? O problema é que esse tipo de empréstimo arriscado e sem lastro começou a fazer suas primeiras vítimas. A American Home Motgage informou que estava pedindo corcodata devido as suas dificuldades com as hipotecas do segmento subprime e o Bear Stearns anunciou que mais um de seus Hedge Funds apresentou problemas e suspendeu seus resgates. Estas situações de incapacidade em liquidar ativos hipotecários de risco elevado resultam da fase final do boom imobiliário (de juros baixos) em que muitos empréstimos foram concedidos sem a correspondente garantia patrimonial (ou de rendimento) dos beneficiários dos empréstimos.

Crise mundial? Calma... A maioria dos analistas acredita que este movimento de queda nas bolsas ao redor do mundo – particularmente no Brasil – não passa de um ajuste nos preços e posições dos investidores. No blog da Miriam Leitão, ela cita a opinião de Luis Otavio Leal, do Banco ABC Brasil, que diz que a volatilidade veio para ficar, mas que a crise atual é financeira, e não da economia americana. Um dos indicativos, diz ele, é o fato de que não aumentou a discussão quanto aos déficits gêmeos dos EUA, nem quanto à solvência do Estado Americano, tanto que as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA têm caído. Na visão de alguns economistas, isso é apenas sinal de que está aumentando mundialmente a aversão ao risco e que o investidor está fugindo em busca de mais segurança.
Leia mais em:

Tuesday, July 24, 2007

Brasil é surreal

O Brasil tem vivido momentos de esquizofrenia nos meios de comunicação para os assuntos relacionados ao apagão aéreo e sobre a tragédia em Congonhas.

Existem várias versões sobre os possíveis culpados pelo acidente - a pista, o piloto, a TAM ou o governo. E assim a opinião pública fica com a impressão que no Brasil nada se comprova e nada se descarta. Basta lembrar da última tragédia envolvendo uma avião da Gol e outro da Embraer. Qual a conclusão? Apenas especulações.

Segundo o Jornal argentino La Nación, o retrato da nossa situação é "surrealista" desde que a crise aérea se tornou mais aguda. "Algumas situações rivalizam com as cenas do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu", afirma o diário.

A matéria nota que os passageiros estão entre "furiosos e aterrorizados" na hora de voar. "O Brasil é o país com maior número de católicos do mundo, e agora é possível perceber: nunca se rezaram tantos Pai Nosso em decolagens e pousos".


O La Nación diz que "os aeroportos se tornaram acampamentos de 'sem terra': as pessoas se deitam nos corredores à espera de vôos que atrasam horas".
"Como às vezes a paciência tem fim, ontem o aeroporto (de Congonhas) teve de reforçar a guarda policial, porque as pessoas estão perdendo as estribeiras, e atender ao balcão do check-in se transformou em profissão de risco.""Alguns passageiros gritam, outros choram, outros agarram os empregados pelo colarinho."
"Os passageiros chegam e se convencem pessoalmente de que será melhor tomar um ônibus que enfrentar o pesadelo de esperas, falta de informação e medo."

E nos deparamos novamente com a falta de investimentos em infra-estrutura em nosso país. Onde está o PAC? Faltam não apenas novos aeroportos e um controle aéreo mais eficiente. Faltam estradas descentes e ferrovias que poderiam cumprir muito bem o papel de transporte a distância com qualidade. Imaginem que para alguns destinos, você poderia levar o mesmo tempo viajando de avião ou trem, devido ao enorme número de escalas que vôos possuem e tempo de espera entre uma escala e outra. Se você tivesse a alternativa ferroviária, com leito e restaurante, você chegaria "inteiro", isto é descansado, ao final da viagem. Contudo, ouvimos nos jornais que a tarifa das passagens aéreas poderão aumentar caso o número de escalas diminua (e consequentemente um risco menor). Isto quer dizer que nós temos que assumir os riscos de voar com o maior número de escalas possíveis porque assim a tarifa é menor para nós e o negócio é excelente para as empresas aéreas.

Estamos infelizmente vivendo um momento surreal, não apenas sobre os problemas aéreos, mas também no âmbito político e social, onde os escândalos acontecem e ninguém assume a responsabilidade e não sabemos mais o que é verdade e em que acreditar devido a tantas "versões" que são expostas e nos confundem no dia a dia.

Thursday, July 19, 2007

"O Capital Semente e as Gestoras que brotam como Cogumelos" - Artigo do Valor

Hoje saiu no Valor um artigo interessante sobre o comportamento de quem abre uma gestora de investimentos (ou "Asset") no furor do bom momento da Bolsa. Vale a pena ler e refletir, pois o sucesso de uma empresa depende sim da Economia, mas o diferencial está na administração...

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Dizem que este é um ditado originário do Sul do país. As palavras não são exatamente estas (soa mais "amatutado", e muito mais divertido), mas, mesmo "apaulistanado", o sentido se encaixa bastante bem em algumas relações que se estabelecem na indústria de fundos. "À noite, por uma questão oportunística e utilitária, os porcos se amontoam para se isolarem do frio. E o sob da manhã, incomodados pelo contato inútil, que agrava o castigo do sol, mordem-se e afastam-se. À noite que se segue, indiferentes às feridas, amontoam-se novamente."

Novas gestoras brotam como cogumelos todos os dias no Brasil. Geralmente, se compõem por um ou dois meninos da Poli (ou FGV), cadeiras, mesas, computadores, uma agência de notícias e, se os sujeitos são menos apegados ao vil metal, um terminal Bloomberg. Contratam uma administradora e um agente custodiante para o fundo e começam a gerir recursos: dinheiro dos chamados "friends and families" (and "fools"!)... uns R$ 3 milhões, um pouco mais, um pouco menos. Escolhem um nome e estão prontos! Essa última etapa, embora pareça simples, não o é: nomes de bairros cariocas e deuses gregos já andam todos ocupados.

Mas, logo nos primeiros meses, os gestores percebem que estão "malvestidos para a festa", e que precisariam de uns R$ 50 milhões para que pudessem ser captados pelo radares dos grandes distribuidores. E que ainda lhes é cobrado que tenham processos de investimento e desinvestimento estruturados, tecnologia e suporte tecnológico, conhecimento de gestão institucionalizado, manual de ética e "compliance", mecanismos estritos de riscos, etc. Enfim, dão por si que uma gestora é uma empresa como outra qualquer.

Há dois botões vermelhos a serem apertados nestes casos: distribuidores de fundos e "seeders". Os primeiros são conhecidos e sua agenda comercial é simples: cobram uma porcentagem da taxa de administração e da performance para os clientes (geralmente clientela private) que conseguem atrair para as gestoras. Os "seeders" são menos conhecidos, mas também fáceis de entender: aportam recursos suficientes para gestão de forma que a empresa (a) atinja o equilíbrio financeiro e (b) passe a ser captada pelos radares dos institucionais. Para tanto, buscam participação na sociedade da gestora, diretamente, ou por meio de estruturas de opções de compra e venda do capital.

Como em toda relação de dependência unilateral, os gestores aceitam satisfeitos contratar distribuidores, mesmo que o façam sob termos comerciais bastante desfavoráveis aos "managers". E comemoram, vitoriosos, o selo de um "seeder" em suas assets: significa que passaram para um novo estágio, a caminho da maturidade da empresa. "Seeders" para gestoras são bastante comuns nos EUA e são regidos por métricas já consagradas.

Aqui, é uma indústria debutante, mas deve crescer explosivamente nos próximos meses: grandes players (fundos de private equity, family offices e mesmo assets) - enquanto lemos este artigo - viram noites organizando estruturas de "seeding". E por quê? Simplesmente porque uma gestora pode demandar um investimento similar ao necessário para se iniciar um restaurante de 150 m2 na Barão de Capanema, mas com a diferença que pode alcançar - em 3 ou 4 anos - uma capitalização de R$ 500 milhões em bolsa. O "melhor negócio do mundo". Digamos que 7 entre 10 assets que abram hoje venham a fechar, pelos mesmos motivos que um restaurante fecharia em 24 meses. Mesmo assim, private equity de asset no Brasil é um "negócio da China".

Mas, suponhamos que o camelo passe pelo furo da agulha e a gestora vingue. É um negócio de altíssima margem e, acima de R$ 1 bilhão de recursos sob gestão, se for uma casa dedicada a gerir fundos sofisticados, pode deixar algo com R$ 40 milhões, todos os anos. Imaginem: R$ 1 ou 2 milhões em investimentos para este fluxo de dividendos! Mas é aí, então, que amanhece o dia e os "porcos se mordem". O gestor passa a odiar o "seeder", que também odeia o distribuidor, que por sua vez odeia o gestor (e o "seeder"). "A" acha que "B" não merece ganhar tanto por tão pouco e "B" acha que "A" é ingrato, sendo que, sem sua ajuda, teria falido. "A" e "B" só concordam em uma coisa: que "C" é um explorador: não é justo levar 40% de todas as receitas da empresa apenas para distribuir seus fundos. "A" quer expulsar "B", que tem uma cláusula de venda forçada para "A". E "B" quer rever o contrato com "C", que jura nunca mais distribuir o fundo de "A".

Biologicamente, há inúmeras semelhanças entre porcos e homens. Comportamentalmente, parece que o padrão também se repete...

Marcos Elias é gestor do Fundo Galleas.

Tuesday, July 10, 2007

O dinheiro dos emigrantes


Não é de hoje que sabemos que massas de trabalhadores buscam oportunidades de trabalho fora de seus países origem. E também sabemos que isto ocorre com maior frequência dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. Mas isto também tem ocorrido através de nosso mundo que está cada vez mais plano-globalizado, onde as relações econômicas de compra e venda se intensificam. Exportamos serviços, processos, produção com plantas de novas fábricas, tecnologia e recursos humanos - mão de obra. Massas de trabalhadores se deslocam para os países que possuem melhores oportunidades de trabalho, ou simplesmente para onde o trabalho e a boa remuneração se encontram, através da emigração legal ou ilegalmente. Muitos desses trabalhadores enviam constantemente dólares para seus familiares no seu país de origem. Pense na quantidade indianos, chineses e brasileiros que estão trabalhando fora de seu país de origem. São milhões de trabalhadores que enviam anualmente para suas famílias bilhões de dolares. Essas famílias, com esse dinheiro, realizam compras que vão desde gêneros de primeira necessidade até automóveis e residências, ajudando a aquecer a economia local.


De olho neste mercado


Várias empresas tem se antecipado e atingido sucesso através da idéia de se unir as pessoas que estão trabalhando fora com seus familiares no seu país natal. Existe a tecnologia, que nesse caso é a internet, um sistema para suportar catálagos virtuais e transações dos mais variados produtos possíveis, bem como uma rede de lojas onde familiar poderá até mesmo sacar o dinheiro, sem a necessidade de se ter conta bancária. E tudo legal.

No Brasil, um ambicioso projeto reúne Ponto Frio, Volks e Tenda está criando um negócio chamado Casas Brasileiras baseado no seguinte modelo de negócios:

- o emigrante entrará na loja, escolherá o produto por meio de catálogos virtuais e pagará no Brasil. Como? Haverá um posto de remessa de dinheiro dentro da loja. Dessa forma, ele compra o produto sem pagar taxa de remessa e a família retira na loja do Ponto Frio ou nas lojas da Tenda aqui no Brasil. Segundo o presidente da Ponto Frio, Manoel Amorim, "É, sem dúvida, uma grande oportunidade e pretendemos faturar US$ 100 milhões com esse negócio." E esperam faturar 1 bilhão de dolares em 5 anos através da rede de lojas.


A corrente novamente


E além de todas as facilidades para que o cliente-emigrante possa realizar suas compras e remessas, também estão estudando montar uma rede de vendedores como já conhecemos por aqui com empresas de cosméticos, com bonificações a cada venda. Lembram-se da Amway?


Inicialmente a Casa Brasileiras será inaugurada nos Estados Unidos e depois Portugal e Japão. Alguém duvida que esse negócio que esse negócio é bom?


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Thursday, June 28, 2007

Argentina e o apagão

Não é novidade que a Argentina vem crescendo seu PIB a uma média de 8% ao ano, o que chega a nos causar até uma certa inveja, com nosso parco "crescimento" de menos de 3% no ano passado. Tudo bem que eles deram um calote na dívida e renegociaram seus contratos. Mas, também eles foram mais objetivos nas reformas econômicas há alguns anos e agora colhem os frutos do crescimento e desenvolvimento. A Argentina tem atraído investimentos inclusive de empresas brasileiras que transferiram suas operações para lá. Todo esse crescimento requer infra-estrutura para sustentá-la no patamar de 8% ao ano, e ao que parece a Argentina tem sofrido escassez de energia.

Sinais

Os sinais de que algo de errado está acontecendo apareceram no dia 15 de junho, quando os taxistas realizaram protestos contra a falta de gás natural (GNV). E para piorar uma frente polar baixou muito a temperatura e houve um aumento recorde no consumo de energia. O presidente Néstor Kirchner ordenou cortes no fornecimento de energia elétrica em fábricas e escritórios e suspendeu o fornecimento de gás nos postos. Os prédios ficaram escuros e as ruas cheia de carros parados. E tudo indica que os preços devem subir em torno de 15% este ano. Segundo a ministra da Economia, Felisa Miceli, o desafio argentino é atrair mais investimentos. Ora, como fazer fogo sem combustível?

Indústria Automobilística e o Brasil


Há duas semanas, as montadoras de automóveis instaladas no país estavam reunidas no 4º Salão Internacional do Automóvel de Buenos Aires e anunciaram investimentos de US$ 3,5 bilhões nas fábricas argentinas, como deseja a ministra Felisa. Logo, para aumentar a produção e bater recordes é necessário fornecer energia. E como não há energia para todos, a fábrica da GM em Rosário teve sua linha de produção interrompida e realocada para madruga, onde o consumo de energia é menor. E onde entra o Brasil ? E o Brasil, de novo, correu em seu auxílio. Um contrato emergencial para fornecimento de energia foi firmado, estabelecendo em 700 MW a cota máxima de exportação daqui para lá, bem acima dos 350 MW usuais. Pelo documento, o fornecimento poderá ser interrompido se nós enfretarmos problemas de abastecimento interno, ao mesmo tempo. E o governo ainda nega qualquer apagão uma vez que necessita manter sua popularidade para as próximas eleições - daqui a 4 meses.





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Tuesday, June 19, 2007

Mulheres na Economia


Temos falado muito sobre mudanças climáticas em nosso blog, mas também não é para menos, uma vez que somos bombardeados por esse assunto todos os dias em todas as mídias. Mas a mudança que falarei agora neste artigo, é sobre a mudança de genero! Isto mesmo, os homens tem perdido sua hegemonia para as mulheres. Desde a revolução sexual nos anos 60, a independência feminina vem crescendo a ponto de transformar as mulheres em motor do crescimento de um país.


Lugar de mulher é ...

De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), elas representam 44% da população economicamente ativa do Brasil. Em uma década, 10,7 milhões de brasileiras ingressaram no mercado de trabalho. Um estudo realizado em 2006 pelo Fórum Econômico Mundial chegou a conclusão que, quanto maior é a participação das mulheres na vida econômica de um país, mais desenvolvido ele é. Ou seja, lugar de mulher é na economia.

Elas no mercado financeiro

Num cenário profissional predominantemente masculino, elas vêm marcando presença há alguns anos. Em 2004, o fim do pregão a viva-voz acabou com o domínio masculino na Bovespa. As negociações eletrônicas não distinguem o sexo dos operadores e elas invadiram as mesas das corretoras. Tornaram-se peças-chave nas estruturas e já são um terço dos profissionais de investimento. Trouxeram consigo características incomuns até então: tranqüilidade e sensibilidade para atender os clientes. A tradicional gritaria das mesas diminuiu. Não era para menos. Segundo as mulheres os homens são mais controlados na presença delas.
Elas detêm os cartões de crédito

Tamanha é a participação das mulheres no mercado de trabalho, que atualmente existem mais cartões de crédito nas carteiras das mulheres do que nas dos homens. Atualmente, 50,2% dos 81 milhões de cartões estão em mãos femininas. Elas devem gastar R$ 86,4 bilhões neste ano com o dinheiro de plástico, de acordo com levantamento da Itaucard. “A mulher aprendeu a usar melhor o cartão do que o homem”, segundo Fernando Chacon, diretor de cartões do Banco Itaú. Em média, as mulheres gastam R$ 87 por mês no cartão, abaixo dos R$ 91 computados na média geral. Este é um reflexo de que elas ainda não têm salários iguais aos dos homens, mesmo quando estão na mesma posição hierárquica – as estimativas são de uma diferença de quase 20% a favor deles.

A participação feminina tem aumentado em todas as áreas, o que é muito bom. Porém precisamos que as mulheres estejam mais presentes na política e economia para que o Brasil possa aumentar ainda mais sua competitividade na economia mundial. Isso requer uma atenção especial por parte dos governantes e das corporações.


Veja também:









Tuesday, June 12, 2007

Surface

Investimentos em inovações tecnológicas, pesquisa, boas idéias muitas vezes produzem resultados que rompem paradigmas e nos fazem enxergar novas possibilidades de negócios, comunicação, relacionamentos, etc. Assim me pareceu o novo produto da Microsoft - o Microsoft Surface. Quando assisti ao vídeo da nova plataforma, fui remetido imediatamente ao filme Minority Report, onde os policiais tinham uma forma muito particular e intuitiva de pesquisar uma base de dados com os próprios dedos (numa luva especial) num futuro não muito distante. Vamos voltar ao Surface de agora, que me pareceu ter ido mais longe na interatividade e inteligência.


O que é


É um computador no formato de mesa, sem teclado, mouse e fios, onde apenas uma tela de plástico ocupando quase toda a extensão da mesa recebe comandos de toque (touch screen) e responde aos usuários (isto mesmo, pode haver mais de um) exibindo quer seja um vídeo, fotos, ou outros aplicativos. Esta tela é resistente e permite que objetos sejam colocados e/ou deslizados em cima dela. Ela ainda tenta se comunicar com estes objetos, facilitando ainda mais a vida do usuário. Por exemplo, você coloca uma câmera fotográfica, com tecnologia de transmissão de dados wifi, em cima da mesa e ela reconhece a câmera e ainda "puxa" as fotos nela armazenadas. Sem nenhum clique. Imagine que você está se arrumando para ir ao trabalho e seu espelho não é apenas um espelho comum! Ele tem tecnologia da plataforma surface e assim você poderia combinando suas roupas e ainda consultando informações sobre o tempo, trânsito, recados... Isto representa um grande passo para uma interação homem x máquina mais natural. Segundo a Microsoft, esta seria uma plataforma totalmente nova desde que foi inventado o PC.


Potencial

O preço de venda do Surface ficará entre 5 mil e 10 mil dólares, inicialmente, mas a Microsoft planeja reduzi-lo a um nível acessível aos consumidores individuais dentro de três a cinco anos e introduzir formas e modelos diversificados do produto.
"Nós antecipamos que essa se torne uma categoria multibilionária e planejamos um futuro no qual as técnicas de computação de superfície serão onipresentes, em mesas, balcões e espelhos", afirmou o presidente-executivo da gigante do software, Steve Ballmer, em comunicado.
Os analistas afirmaram que as primeiras aplicações representam apenas um vislumbre do que é possível.
"O potencial quanto a interfaces é imenso", disse Matt Rosoff, analista da Directions on Microsoft, uma empresa de pesquisa independente. "Quando o aparelho for aberto a novos aplicativos, não haverá limites para o que se poderá fazer."
A Microsoft surpreendeu suas parceiras tradicionais na fabricação de PCs e decidiu tomar controle da produção do "computador de superfície" por meio de um fabricante terceirizado não revelado. O equipamento vai funcionar acionado pelo Windows Vista, o novo sistema operacional da empresa.

O preço está salgado por enquanto, mas vai baixar muito com tempo como sempre acontece na indústria da microinformática. Um dia poderemos estar num restaurante, onde a mesa poderá ter a tecnologia surface, e poderemos escolher o prato que queremos e ainda acessarmos a internet ou jogarmos enquanto o prato não chega! E claro, teremos muita propaganda nas telas. Não seria diferente não é mesmo?

Assista ao vídeo abaixo ou clique no link:

Microsoft Surface - The Magic









Thursday, June 07, 2007

Brasil: investment grade - o que isso quer dizer?

Com a Economia entrando nos eixos, a Bolsa batendo recorde dia após dia e a queda das taxas de juros e da inflação, o que se tem discutido com frequência é quando o Brasil vai virar investment grade. Há cerca de um mês todos apostavam que isso só aconteceria na melhor das hipóteses em 2009, mas a agência Fitch no dia 15 de maio surpreendeu ao tornar algumas instituições "grau de investimento", causando furor na Bolsa e aumentando as expectativas até dos mais céticos. O que aconteceu naquele dia é que a agência aumentou a classificação dos maiores bancos brasileiros para BBB-, dentre eles: Bradesco, Itau, Unibanco e Banco do Brasil.
Ora, e por que é importante o Brasil atingir esse tal grau de investimento, ou o nível que atesta que o país é capaz de honrar seus compromissos e considerado seguro para investimentos? O ministro Guido Mantega explica em parte a importância deste indicador: "Se nós atingirmos o grau de investimento significa que o Brasil poderá receber o investimento de fundos de pensão internacionais que operam só em países com grau de investimento [e mais dólares entrarão no país]. Aí nós vamos pensar como nós vamos fazer".
Quanto tempo mais? Segundo a presidente da agência no Brasil, Regina Nunes, "pode ser de um a três anos. Ir mais rápido depende do Brasil - da política fiscal e monetária e, principalmente, de desburocratizar a economia." Um dos itens que impede a tal da classificação é alta relação PIB/ Dívida Pública, problema este que é visto pelas agências e inclusive pelo ministro Paulo Bernardo que admitiu que a dívida pública ainda é grande, assim como o déficit público. Mas por outro lado, ele está otimista com a melhora dos indicadores: "Nossa dívida pública está em 45% do PIB (Produto Interno Bruto), mas ela já foi de mais de 60%, com taxas altíssimas e prazos muito curtos. Temos um déficit público de 3% do PIB. Mas já tivemos de 11% do PIB e a projeção dos economistas é que ele seja zerado até 2010. O Brasil está prestes a adquirir o grau de investimento e o Estado está fazendo a sua parte para chegar a isso", comentou.
O futuro ainda é incerto...Que o Brasil se tornará investment grade já é praticamente um fato, mas o timing e o que mudará no país ainda é incerto. Alguns analistas já fizeram comparações com o que aconteceu com outros países emergentes, mas a amplitude e a situação são diferentes. Por exemplo, tomemos como exemplo o México que é grau de investimento desde março de 2000. Segundo matéria no site da Exame, "a principal mensagem que o México envia ao Brasil é que, por mais importante que seja, o grau de investimento não é capaz de destravar uma economia pouco competitiva. Nesse caso, somente reformas econômicas profundas podem dar conta do recado." Paulo Leme, diretor para mercados emergentes do banco Goldman Sachs complementa: "se nada for feito nesse sentido, os efeitos de um eventual alcance do grau de investimento serão mínimos."

Termino por aqui convidando-os a lerem as inúmeras matérias que saíram na impressa sobre o assunto e chamando atenção ao artigo publicado pela Revista Exame comparando Brasil e México.



Wednesday, May 30, 2007

Biocombustível - Transição ?

Temos acompanhado rescentemente um certo furor quando se fala em biocombustível, como álcool e outros. Mas será a solução final para substituição dos combustíveis fósseis ou apenas como transição para um novo combustível?

De forma sensata e em escala modesta, a queima de madeira ou resíduos agrícolas para obter calor ou energia não é encarado como uma ameaça a Terra, mas devemos ter idéia que a coleta de biocombustível em larga escala é uma ameaça. O biocombustível só é considerado renovável enquanto não exerce nenhum efeito sobre o ciclo natural do carbono. Os biocombustíveis são especialmente perigosos por ser fácil demais cultivá-los em substituição ao combustível fóssil, pois demandam por uma área de terra ou oceano bem maior do que a Terra pode oferecer. Se é perigoso obter energia queimando carbono fóssil em oxigênio fóssil, imaginar que quantidades semelhantes de energia podem ser obtidas, de forma livre e segura, dessa fonte tão aplaudida de energia renovável também é. Temos de descartar o ensinamento antiquado da ciência e religião e começar a ver a superfície de florestas como algo que evoluiu para atender ao "metabolismo" do planeta - algo insubstituível. Já nos apossamos de mais de metade da terra produtiva para cultivar nossos alimentos. Como podemos presumir que o clima na Terra ficará regulado se utilizarmos mais e mais terra, antes florestas, para produzirmos biocombustíveis? Sem contar que a população mundial continua a aumentar e a demandar terra para produção de alimentos.

Por isso acredito que os biocombustíveis deveriam ser encarados como fontes renováveis de transição para uma nova fonte de energia que possa ser largamente utilizada, sem prejuízos ao meio-ambiente como talvez o hidrogênio.
Veja também:

Saturday, May 19, 2007

O profissional de TI e a sustentabilidade

Faz alguns dias, eu recebi um artigo muito interessante sobre como um profissional TI pode e deve focar suas ações no negócio da empresa, atuando estratégicamente na sustentabilidade da organização. Muitos empresas tem visto ainda o profissional de TI como custo, com foco operacional e/ou apoio, porém saibam que estes profissionais tem muito a contribuir, seja reduzindo inteligentemente o custo, seja aumentando a produtividade ou melhorando a segurança. Custo, produtividade e segurança são detalhes essenciais na gestão com foco em sustentabilidade como veremos no artigo abaixo publicado por Luciano Costa que é publisher da revista Adiante e coordenador do MBA Gestão Sustentável com Tecnologia da Informação da FIAP – Faculdade de Informática e Administração Paulista.


"Uma das principais dificuldades das empresas nesta época de grandes mudanças é a adequação de seus instrumentos e processos à estratégia de gestão. E um dos grandes desafios dos profissionais de Tecnologia da Informação é entender a estratégia e a natureza das organizações. Estudos realizados por instituições como o grupo IT Mídia desde 2002 indicam que a maioria dos CIOs prefere ter ao seu lado profissionais que sejam capazes de analisar o desempenho da empresa, avaliar riscos e participar do planejamento estratégico. Além disso, a própria dinâmica dos negócios, com fortes influências extraterritoriais, faz com que a organização necessite de estruturas ágeis, adaptáveis e sempre voltadas para a inovação. Nesse cenário, naturalmente são reduzidas as oportunidades de evolução para aqueles que se isolam no ambiente do conhecimento específico, acreditando que basta ser eficiente naquilo que faz pontualmente. Para esses, o futuro reserva a repetição de tarefas operacionais, até que seu conhecimento se torne obsoleto e descartável.


O que torna um profissional de TI obsoleto não é propriamente uma eventual limitação para seguir os desenvolvimentos tecnológicos, ou o desinteresse pela inovação, mas a incapacidade de relacionar inovação à sustentabilidade. Pela simples e nem sempre clara razão de que qualquer inovação só agrega valor se contribuir para a sustentabilidade da organização, seja reduzindo inteligentemente o custo, seja aumentando a produtividade ou melhorando a segurança. Custo, produtividade e segurança são detalhes essenciais na gestão com foco em sustentabilidade. Sem essa base, poucas organizações têm chance de sobreviver no atual cenário de competição acirrada e sem fronteiras. No entanto, o que define a sustentabilidade é um conjunto de qualidades muito mais sofisticadas, que para serem desenvolvidas exigem mudanças radicais no modelo mental que predomina tradicionalmente nas organizações.


Um desses modelos é o que define a organização como um ente individual, separado do ambiente físico e social. O atual estado do mundo, afetado por mudanças climáticas, riscos imprevisíveis como o terrorismo, a violência e os conflitos sociais, além das alterações no equilíbrio geo-econômico, exigem uma postura inversa: a organização se torna mais sustentável quanto mais souber se integrar de maneira inteligente e pragmática ao ambiente físico, social e virtual que seus processos e seus produtos ou serviços alcançam.


O americano Steven Rochlin, diretor da consultoria AccountAbility International, observa que as empresas se caracterizam por três estágios em sua capacidade de se integrar ao ambiente global de negócios: pela tomada de consciência do ambiente externo a ela, pela experimentação social e, finalmente, pela integração das relações internas e externas à sua estratégia. Rochlin, cuja organização faz a mensuração de resultados da gestão sustentável, observa que a evolução das organizações nesse processo produz a redução dos riscos e da vulnerabilidade e afeta positivamente o desempenho a médio e longo prazos.


A busca por boas práticas de governança corporativa, as exigências legais e as imposições do mercado quanto à ética nos negócios e à responsabilidade sócio-ambiental não deixam dúvidas quanto à tendência que vem se impondo. Desde os escândalos financeiros da Enron, da WorldCom e da Parmalat, entre outras, não apenas a legislação se tornou mais rigorosa, como o mercado se tornou mais exigente. Ética deixou de ser um tema de filósofos e se inseriu como um elemento definidor do sucesso nos negócios.


O profissional de TI tem um papel central a cumprir nesse novo cenário. Sem a Tecnologia da Informação, as organizações não conseguiriam alcançar a qualidade, flexibilidade e confiabilidade necessárias na busca da sustentabilidade. Da mesma forma, a capacidade de inovar se torna um diferencial importante para todas as organizações. Portanto, profissionais de TI com inteligência estratégica são protagonistas essenciais nesse cenário de mudanças pelo qual passam as organizações em todo o mundo. Aqueles que se contentam em buscar mais do mesmo acabam se tornando meros protagonistas nesse jogo.


A redução no nível médio dos salários do setor e o rebaixamento de cargos - com o posicionamento do profissional de TI abaixo do controlador financeiro, fenômeno recente e muito comum nas indústrias - podem indicar que muitas empresas não estão enxergando grandes benefícios na atividade desses profissionais. A qualificação estratégica para a busca da sustentabilidade é certamente o elemento que pode reverter essa perda e abrir novos caminhos para os profissionais da tecnologia que está transformando o mundo."


Veja também:




Tuesday, May 15, 2007

Economia da felicidade



Pense, ou melhor, sinta: As nossas ações cotidianas, das mais triviais, como ir trabalhar, até as mais nobres, como votar num referendo, das mais enervantes como fazer uma assinatura de um jornal (pegando carona no texto da Cláudia), até as mais legais como ir ao cinema com a namorada(o), são motivadas apenas por um único objetivo. Qual? Não responda ainda.

Quando reproduzimos esse mesmo raciocínio para nosso país e observamos os movimentos que o Brasil realiza ao longo do tempo, vemos que o governo, empresas e famílias também são estimulados por esse único objetivo. Fala-se muito em crowding out, aumento de oferta de crédito imobiliário, desoneração tributária, expansão do mercado de capitais, índice de Gini, PAC etc, porém qual o objetivo disso tudo?

A resposta, lá no fundo a gente sabe, mas diante de todas essas expressões confusas e, por vezes nefastas, acabamos nos esquecendo de que fazemos tudo isso para garantirmos nosso sentimento de felicidade. Nada mais, nada menos.

As formas de desenvolvimento podem ser inúmeras numa sociedade capitalista e nem sempre os caminhos a seguir estão bem definidos, uma vez que cada país tem suas características políticas, econômicas e sociológicas próprias, contudo é impossível delinear tal progresso sem ter um objetivo bem claro, que é a felicidade de seus cidadãos.

Baseado nessa perspectiva o Deutsche Bank realizou uma pesquisa na qual compara 22 países ricos e correlaciona as características socioeconômicas daqueles que foram considerados os países mais felizes.

Sobre a mensuração da felicidade, foi utilizada a metodologia de uma ONG chamada World Database of Happiness que realiza pesquisas sobre felicidade e satisfação de vida a nível mundial. As perguntas são fechadas e as respostas são ordenadas num intervalo de zero a dez, sendo dez a pessoa mais feliz. Esse nível de felicidade das nações foi correlacionado com dez indicadores macroecômicos.

Pressupõe-se que os países mais ricos fossem os mais felizes, entretanto isso não é verdadeiro por dois motivos. O primeiro é que em outra pesquisa realizada por Daniel Kahneman (o mesmo das Finanças Comportamentais e ganhador do Nobel) as pessoas têm a ilusão de que aumento de renda e consumo trazem mais felicidade, assim as pessoas tendem a trabalhar mais e dispender menos tempo para vida pessoal, gerando insatisfação. Segundo, os indicadores macroeconômicos utilizados pelo Deutsche não se referem somente à renda e ao consumo de bens materiais.

Os países que se declaravam mais felizes, coincidentemente eram os justamente aqueles que tinham o melhor desempenho em cada indicador. Pois bem, os 10 indicadores são:

1. Alto grau de confiança no próximo, ou seja, os cidadãos do país tem muita confiança de que o outro não irá lhe fazer nenhum mal. Podemos traduzir isso como civilidade. O povo da Dinamarca declarou que 66,5% dos compatriotas são confiáveis. Fui até a fonte desse dado e verifiquei que o brasileiro confia apenas 2,8%. Parafrasendo a Cláudia “de quem, afinal é a culpa disso tudo?”

2. Níveis baixos de percepção de corrupção nas instituições do país. Creio que aqui não tem muito que dizer. É só abrir os jornais brasileiros e perguntar se estamos felizes com isso tudo que está acontecendo. Os dados foram obtidos pela Transparency International.

3. Baixo desemprego, que está relacionado com renda, mas também com estabilidade ocupacional da pessoa.

4. Alto nível de escolaridade, medido pela média de anos que uma adulto entre 25 e 34 anos passou estudando, transformando o capital intelctual do país.

5. Alta renda sim dinheiro ajuda em muitas coisas, mas lembre-se de que não é tudo.

6. Alta taxa de emprego entre os idosos . Os avanços na saúde e o conseqüente aumento na expectativa de vida trouxe um fenômeno recente, indicando que aposentar-se cedo traz grandes problemas ocupacionais nessa faixa etária, provocando exclusão social, não sendo de forma alguma sinônimo de felicidade.

7. Economia informal pouco representativa. Muitas pessoas que estão na economia informal não estão trabalhando nisso por opção o que gera descontentamento. Além disso, a correlação entre o trabalho informal e a corrupção é muito alta.

8. Liberdade econômica. Quanto menos o governo intervém na economia mais oportunidade se dá ao individuo de empreender e criar.

9. Baixa proteção ao emprego. Esse item é um tanto controverso e na pesquisa fica pouco claro porque países que protegem menos os empregos são mais felizes. Uma correlação analisada sugere que países que possuem uma legislação trabalhista flexível possuem baixo nível de desemprego e de corrupção.

10. Taxas de natalidade mais altas. Ter filhos traz felicidade? Não sabemos ao certo, mas países que possuem uma sociedade com todos os indicadores acima bem desenvolvidos são mais confiantes no futuro e querem criar uma família, daí essas taxas de natalidade mais altas nesses países. Note que a pesquisa fala em taxas mais altas e não altas taxas, ocorrência verificada em países pobres.

Muitos outros indicadores poderiam ser incluídos que atestariam se uma nação é feliz e tem qualidade de vida, como taxas de criminalidade, mas segundo a pesquisa, esse tipo de dado é muito difícil de ser medido, pois cada país utiliza uma metodologia. Outro ponto a ser observado é a pesquisa não determina se tais qualidades são as causas da felicidade, apenas identifica as coincidências, o que não a invalida, já que se tem uma idéia geral de qual caminho podemos seguir. No caso do Brasil, onde ainda existe muita miséria, o sentimento de felicidade a curto prazo certamente está atrelado à alimentação, saúde e aquisição de bens materiais, mas note que esses fatores estão, de alguma forma, ligados à todos os índices acima, seja no curto e principalmente no longo prazo.

Para todos os países fica evidente que o bem estar de todos deve ser um objetivo muito bem definido para indivíduos, governo e empresas. Sem políticas de bem-estar social de longo prazo (e não assistencialismo barato) é difícil estruturar um país que torne a vida de seus cidadãos mais feliz. E sem cidadãos felizes e satisfeitos diria que é impossível erguer uma nação.


Momento de reflexão sobre a indiferença social


Confesso que o assunto que vou discutir agora nada tem haver com nosso habitual. Mas achei importante alertá-los do que aconteceu comigo e deixar uma pergunta no ar.


Hoje atendi o telefone no escritório e um sujeito se identificou como funcionário de um grande jornal de São Paulo, me oferecendo uma promoção onde eu ganharia 3 meses de jornal grátis e ingressos de cinema. Eu estava trabalhando, mas como tenho como política não ser rude com quem trabalha com telemarketing, deixei que falasse sobre a promoção. No meio da conversa, o sujeito me disse que para efetivar a promoção, precisava do meu nome completo, CPF e conta corrente. Nessa hora desconfiei de que se tratava de um golpe, desconversei e pedi para que o homem ligasse mais tarde.


Para minha surpresa, uma hora depois outro sujeito me ligou. Insistiu que "a nível de" (sic) finalizar o cadastro, precisava do meu CPF e conta corrente. Eu respondi que não estava mais interessada na promoção, mas o sujeito continuou insistindo de todas as formas. Me questionou por que eu não gostaria de presentear minha família com ingressos grátis de cinema. Chegou a me passar o endereço do site do jornal (!!) onde realmente constava umapromoção desse tipo. Para os desavisados pode enganar, mas ao verificar detalhadamente o extenso regulamento, lia-se que somente assinantes do jornal eram aptos a participar.
Eu novamente recusei. Ele insistiu e - aí vem a parte mais estapafúrdia da conversa - me perguntou se eu preferia dar dinheiro para um "ladrão como o Lula" e continuar votando "45 no Alckmin" do que aproveitar e contribuir com R$ 1,45 (o preço do exemplar do jornal segundo o sujeito) para ajudar gente honesta e trabalhadora. Eu retruquei: "se isso te incomoda tanto, acho melhor você mudar de país." Ele respondeu, alterado: "Não se trata de mudar de país, se trata de justiça!" Eu concordo, mas não vem ao caso. Respondi: "Exatamente, eu quero ser justa com você e não quero tomar seu tempo. Por isso acho melhor você ligar para outra pessoa, pois eu não estou interessada".
Em seguida ele desligou o telefone e eu fiquei a questionar: de quem, afinal é a culpa disso tudo?

Sunday, May 06, 2007

Aposentar com Dividendos de Ações?

Eventualmente vem gente me perguntar sobre ações, quais comprar, quando comprar, esse tipo de coisa. Quando a gente trabalha no mercado acionário percebe que a coisa não é como nos filmes, onde sempre tem um sujeito que faz uma fortuna especulando em um período muito curto de tempo (fazendo o chamado day trade). Quem é investidor pessoa física e tentou fazer day trade já percebeu que isso não é muito fácil. Em mercados de alta volatilidade, é possível auferir ganhos significativos executando esta estratégia ,mas também é muito fácil perder.

Com todo esse entusiasmo em cima do resultado da Bolsa, tem muita gente investindo em ações. Só que a grande batalha das corretoras, bancos e fundos de investimentos é fazer o investidor entender que aplicar em ação não é investimento de curto prazo. Tem muita gente que compra uma ação hoje, paga corretagem e fica olhando para o preço da ação todo santo dia. E convenhamos, isso é enlouquecedor para qualquer tipo de investimento.

Estamos vivendo, sem dúvida, um momento excepcional na Economia não apenas brasileira como mundial. E isso se reflete no resultado das empresas e claro, no desempenho das mesmas na Bolsa. A revista Exame fez um cálculo interessante em sua última edição:

Quem há 20 anos aplicou 1 000 reais em cada uma das empresas abaixo e reinvestiu os ganhos tem hoje rendimento anual de 35 150 reais com os dividendos. Por mês, a renda é de 2 930 reais. Confira abaixo o desempenho de cada ação

Dividendo anual
Telesp ON - 20 800 reais
Banespa ON - 6 140 reais
Vale do Rio Doce ON - 4 600 reais
Unibanco ON - 2 400 reais
Lojas Americanas PN - 1 210 reais
Muito bem, o que isso tudo quer dizer? Quer dizer, entre outras coisas, que a Economia tornou-se mais sólida, que as empresas em que esse investidor aplicou possuíam um fundamento sólido e que, quem diria, é possível se aposentar com ações. A matéria fala essencialmente de dividendos, que é a parcela de lucro distribuída aos acionistas ao fim de cada exercício social, na proporção da quantidade de ações detida. Ela parte do pressuposto que se o investidor tivesse aplicado aqueles R$ 1.000 há vinte anos nas 5 maiores empresas pagadoras de dividendos nesse período e que se ele tivesse reinvestido todo o ganho com esses dividendos em mais ações dessas empresas, teria um patrimônio de R$ 950.000 hoje em ações.
Impressionante, não? Mas devemos levar em conta que juntar esse dinheiro é fácil em teoria. O investidor físico precisa para tanto ter uma boa compreensão da ação que está adquirindo, saber se o fundamento da empresa é boa. Para tanto, pode recorrer à análise da corretora onde opera, manter-se informado sobre as ações da empresa por meio de jornais, revistas e também prestar atenção no histórico de pagamento de dividendos. Todas essas empresas possuem uma área de Relacionamento de Investidores também, onde o investidor pode ter acesso aos relatórios anuais, composição acionária, apresentações institucionais.
Além disso ele precisa ser disciplinado. Poupar o dinheiro e investir em ações sempre. Todos sabemos que isso é complicado, principalmente quando precisamos de caixa imediato e surge a tentação de realizar o ativo. Para isso, a matéria dá uma dica sábia que se todo investidor em ações tivesse na cabeça já seria um passo enorme: "nunca compre ações com um recurso que faça falta para outro investimento, como a compra de um imõvel ou de um carro. Só tire o dinheiro de uma ação se tiver em vista outra mais promissora."

Thursday, May 03, 2007

Eu contribuo com CO2 ?

Pessoal, parece que o momento atual todos nós ficamos verdes! Está em moda (ainda bem) falarmos de assuntos relacionados a Natureza, como o excesso de gás CO2 está afetando a Terra com o conhecido aquecimento global e um crescimento sustentável por exemplo. Temos que tomar providências, é o que todos os meios de comunicação falam, que os políticos falam, que até o Zé no bar da esquina fala, etc. Vamos conhecer um pouquinho da Terra, o planeta que nos acolhe.


O Equilíbrio na Terra

A Terra que nos abriga é um organismo vivo e não totalmente compreendido ainda. Mas, durante bilhões de anos, ela vem mantendo o equilíbrio necessário para a sustentação da vida. Para se ter uma idéia, as algas marinhas possuem uma relação direta com a formação de chuvas, e até o seu xixi é importante para ajudar a fixar o nitrogênio na terra para que os vegetais possam absorvê-lo. É um sistema complexo que envolve a interação dos organismos vivos, atmosfera e rochas que regula a temperatura global no nível ideal para que se tenha vida. Quando há intervenção humana maciça (6 bilhões de pessoas) poluindo, desmantando, explorando mais e mais, a Terra não consegue reagir rápido o suficiente para que o equilíbrio seja restabelecido.



Calotas Polares



Porquê todos falam das calotas polares, se estão distantes...nos polos? As calotas polares, são mecanimos utilizados pela Terra como ar-condicionado. O gelo das calotas refletem totalmente a luz que nelas incide de volta para o espaço, mantendo a Terra resfriada. Quando as calotas começam a derreter, surgem espaços de terra e seguram o calor dos raios solares, aumentando o ritmo do derretimento. Assim, nosso ar-condicionado começa a falhar. Isto é apenas um exemplo do que está acontecendo durante o aquecimento global.



Oceanos e Florestas



Os oceanos também sofrem com o excesso de CO2 (Dióxido de Carbono) na atmosfera, que provoca o aquecimento da Terra e consequentemente de suas águas. Segundo especialistas, quando a temperatura da água fica acima de 10º C, o suprimento de nutrientes fica deficiente causando a morte de algas (que ajudam a roubar CO2), prejudicando o equilíbrio da temperatura. Por outro lado, para as florestas a temperatura ideal para que se desenvolvam fica em torno dos 20ºC, e acima de 40ºC sofrerão problemas de sobrevivência.



Estilo de vida

Precisamos tomar providências! Sempre que pensamos em providências, lembramos primeiramente dos carros, caminhões, ônibus e depois das chaminés de indústrias. Está correto, mas não completo. Nosso estilo de vida está devidamente associado com os meios de transporte citados, bem como nossa comida (pré-processada ou não), nossos aparelhos elétricos, etc. Então quer dizer que eu também sou responsável pelo aquecimento global? Infelizmente, a resposta é sim. Todos nós somos. Nós temos utilizado os recursos da Terra, num ritmo que ela não consegue repor e pasmem, somos grandes emissores de CO2. O que fazer ? Que tal, darmos um ponta-pé inicial para colaborarmos com a Terra? Você sabe o quanto contribui com a emissão de CO2? Eu estava navegando pela internet e achei muito interessante a ferramenta Footprinter que baseado em seu estilo de vida, é possível calcular o quanto cada um contribui com as emissões de CO2 para atmosfera. Dêem uma olhada, vale a pena. E, claro, tomem providências.



Veja também:

Footprinter
A vingança de Gaia

Climate Change Leadership Program

Saturday, April 21, 2007

Sustentabilidade - o que é por que é importante para as empresas?

Muita gente ouve falar em sustentabilidade mas não tem nem idéia do que isso quer dizer e muito menos de onde o conceito surgiu. O assunto anda mais em voga nos últimos dias, com toda essa preocupação sobre aquecimento global, o filme do Al Gore (An Inconvenient Truth) e várias matérias em programas de televisão. O assunto é extenso e diversos ramos de estudos estão empenhados em pesquisar sobre sustentabilidade, inclusive a Economia.


Um dos primeiros trabalhos significativos que relacionam o desenvolvimento econômico às preocupações sócio-ambientais foi desenvolvido por Maurice Strong na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em Estocolmo em 1972. Strong discutia em seu trabalho a necessidade de impulsionar o desenvolvimento nos países subdesenvolvidos com o intuito de evitar o desgaste ambiental gerado pelos mesmos.

Em 1973, Maurice Strong e Ignacy Loyola apresentaram o conceito de ecodesenvolvimento que se fundamenta em cinco dimensões: sustentabilidade econômica, sustentabilidade social, sustentabilidade ecológica, sustentabilidade espacial (geográfica) e sustentabilidade cultural. Todos estes fundamentos estariam, então, interligados de forma que se tratados com consciência pelos governos, empresas e sociedade promoveriam o crescimento de maneira sustentável.

Em 1992, novamente Economia e preocupações sócio-ambientais se cruzam em um conceito chamado de “ecoeficiência” elaborado pelo World Business Council for Sustainable Development. Segundo este conceito, a ecoeficiência é alcançada quando se produz a preços competitivos com a menor quantidade de recursos possíveis, ou seja, quando se produz de maneira a atender as necessidades econômicas e ao mesmo tempo trazendo qualidade de vida e amenizando o impacto ambiental e o consumo dos recursos ao longo do ciclo de vida a um nível no mínimo equivalente ao que o planeta é capaz de regenerar. Simplificando o conceito, é usar de maneira eficiente para beneficiar-se economicamente dos recursos existentes, mas ao mesmo tempo visando diminuir os impactos ambientais e sociais.

A ecoeficiência engloba os seguintes fundamentos: (i) reduzir o consumo de materiais com bens e serviços; (ii) reduzir o consumo de energia com bens e serviços; (iii) reduzir a dispersão de substâncias tóxicas; (iv) intensificar a reciclagem de materiais; (iv) maximizar o uso sustentável de recursos renováveis; (v) prolongar a durabilidade dos produtos; (vi) agregar valor aos bens e serviços.

O termo “desenvolvimento sustentável” foi amplamente divulgado por meio do relatório Our Common Future apresentado em 1987 na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organizações das Nações Unidas (ONU) presidida na época pela Primeira-Ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland. Segundo a definição apresentada no relatório, “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.

Agora, toda essa história é linda mas....não é só jogada de marketing para que a empresa pareça mais "boazinha" e "engajada" com a população? Está certo que verificamos que é tênue a linha entre o quão socialmente responsáveis os dirigentes de uma empresa são por natureza e quanto disso está atrelado ao fato de que as empresas que não atuam desta forma podem perder mercado no futuro.
O conceito de desenvolvimento sustentável deixou de ser uma idéia defendida somente por militantes ecológicos para tornar-se uma vantagem competitiva para as empresas e uma nova forma de captar recursos para as instituições financeiras. Hoje ser sustentável já deixou de ser uma jogada de marketing para se tornar uma necessidade competitiva. Quem não o é, está deixando de criar valor. Sinal disso são os fundos criados pelos bancos chamados de sustentáveis.
A grande maioria desses fundos acompanha o ISE - Indice de Sustentabilidade Empresarial criado pela Bovespa. A carteira do ISE é revisada anualmente e sua composição é formada da seguinte maneira: são encaminhados questionários às 150 empresas mais líquidas selecionadas previamente por um conselho formado pela Bovespa. Respondidos os questionários, o conselho separa as empresas com melhores classificações considerando principalmente (i) relacionamento com empresários e fornecedores; (ii) relacionamento com a comunidade; (iii) governança corporativa; (iv) impacto ambiental das atividades.
Esse foi um panoramos inicial sobre o assunto. Com certeza, voltaremos a falar do assunto, pois como eu disse anteriormente ele é extenso e fascinante. Enquanto isso, leia mais em:


Monday, April 16, 2007

Todos querem ser Toyota!


Quando você ouve alguém falar que tem um carro da marca Toyota, o que vem imediatamente à sua cabeça? Qualidade? Acertou. Há vários anos seus carros são desejados no mundo inteiro pela sua qualidade e tecnologia e de quebra um alto índice de fidelização de clientes.

Na prática

Seu modelo de gestão foi criado nos anos 50 pelo engenheiro Taiichi Ohno, tornou-se referência de mercado. A Toyota provou que qualidade e produtividade não são antagônicos , e isto permitiu que a Toyota fizesse e desenvolvesse carros pela metade do tempo, metade do custo, em metade do espaço, sem comprometer a qualidade. Na Toyota, a qualidade não é medida por amostragem de produtos acabados, mas feita peça por peça, processo por processo. Não por acaso, a empresa ousou lançar no mercado veículos com três anos de garantia. A próxima conquista da montadora já tem data marcada: este ano ela deve ultrapassar a GM e se tornar a maior do mundo no setor automotivo. Segundo dados do Lean Institute, o sistema garante ganhos em tempo recorde, sendo que em apenas um ano de implantação do modelo as empresas aumentam de 75% para 95% a pontualidade na entrega dos produtos, reduzem pela metade os estoques, diminuem em até 70% o tempo de manufatura e elevam, em média, 40% a sua capacidade produtiva. E o que é melhor, tudo isso sem grandes investimentos, exceto com o treinamento de pessoal.

Alcoa adotou ao toyotismo

Na Alcoa, que neste ano comemora uma década de toyotismo, o modelo de gestão integrou 360 unidades de negócios, em 40 países. De lá para cá, a multinacional de alumínio economizou US$ 1,2 bilhão, com a junção de áreas, redução de estoques, entre outras ações. A produção de ligas de alumínio, da fábrica de São Luiz (MA) saltou de duas mil toneladas por mês para 11,5 mil.

Outras empresas também estão aderindo fortemente ao toyotismo, como a Avon e Danone por exemplo.

Diferencial Toyota

A empresa possue um foco muito forte no cliente, buscando o que realmente interessa ao consumidor. Na fábrica a Toyota se restringir às necessidades do mercado. Ela atende aos apelos dos seus clientes proporcionando conforto e tecnologia na medida certa, mas eliminando desperdícios, inclusive descartando valores agregados ao produto que o cliente nem está disposto a pagar. O Corolla, por exemplo, é oferecido ao mercado em apenas cinco cores. Os concorrentes têm mais de dez. Uma pesquisa mostrou que 70% dos consumidores preferem este tipo de veículo nos tons prata e preto. Com isso, a Toyota fez uma economia brutal.


Veja também:




Tuesday, April 03, 2007

Estamos mais Inteligentes?

Você é um daqueles que adora uma partida de Counter Strike, Fifa, GP ? E também gosta de assistir aos seriados com tramas complexas ? Ou mesmo uma novela das 8 horas? Não, não ache que vou dizer que você é um alienado, e que está ficando sem cérebro! Muito, pelo contrário ! De acordo com o americano Steven Johnson, depois de lançar seu último livro, Everything Bad Is Good for You (ainda sem tradução no Brasil, mas que significa algo como ‘tudo o que é ruim é bom para você’), você está muito mais inteligente!!! Vamos dar uma olhada neste artigo, sobre o livro.


O Livro

Johnson anda provocando muita polêmica no mundo todo por defender a idéia de que as expressões da cultura de massa - filmes, programas de TV e jogos eletrônicos -, tidas normalmente como lixo, são, na realidade, grandes estimulantes da mente. O inusitado é que seus argumentos são convincentes. Johnson busca olhar além dos temas violentos, sexualizados e banais que dominam vários seriados americanos e filmes de Hollywood e identifica desafios ao cérebro humano no formato desses produtos culturais. Para o escritor, a narrativa não-linear e as diversas referências presentes em seriados como Lost, e 24 Horas exercitam o raciocínio. Os games - até aqueles em que o jogador brinca de ser um criminoso -, por sua vez, contribuem para as conexões mentais de lógica e a velocidade de raciocínio, afirma ele. A tese de Johnson ganhou respaldo quando em julho de 2005, saíram os resultados da Avaliação Nacional de Progresso Educacional, teste de leitura e matemática aplicado em estudantes nos Estados Unidos desde 1971. O exame apurou que os alunos do ensino fundamental, atualmente, têm desempenho substancialmente melhor que há 30 anos nas disciplinas avaliadas.


Curva do Dorminhoco

O nome ‘dorminhoco’ vem da comédia do cineasta Woody Allen, Sleeper (O Dorminhoco, em português), de 1973. O personagem interpretado por Allen acorda 200 anos à frente e os cientistas informam a ele que gordura, caldas doces e cigarros, no fim, fazem bem à saúde. Algo semelhante ocorreu com a cultura pop - as coisas que pensávamos ser lixo, no sentido da cognição e da inteligência, na realidade se mostraram saudáveis, intelectualmente falando. O que Johnson chamou de Curva do Dorminhoco seria, então, a tendência da cultura popular, nos últimos 30 anos, a ficar mais e mais complexa e a exigir mais da inteligência das pessoas. No livro, ele fala mais da cultura americana, mas acredita que sua tese se aplica a muitos outros países.

Novelas e Reality Shows

De acordo com o livro os reality shows são em geral bem medíocres. Mas o que Johnson faz, na verdade, é comparar esses reality shows atuais com programas fracos de 30 anos atrás, como Chips, The Dukes of Hazzard (antigamente transmitido no Brasil sob o nome de Os Gatões) etc. Segundo Johnson, a maioria dos novos programas populares é muito mais complexa do que esses programas antigos horríveis. Dessa maneira, até mesmo a programação de qualidade inferior atual, se comparada à dos anos 70, tem aumentado seu nível. No entanto, isso não significa que reality shows estão nos tornando mais inteligentes, mas que a qualidade da TV está melhorando com o tempo. ‘Muitos seriados e novelas contêm estruturas narrativas complexas, com dramas que seguem múltiplas linhas. Eles exercitam habilidades como atenção, paciência e retenção de informações’.


O Titulo polêmico


De acordo com Johnson, a polêmica do nome é em parte a razão para todo mundo ter começado a discutir o assunto. Muita gente pensou que o editor do livro tivesse forçado esse nome, contra sua vontade, só para vender mais. Mas, o título do livro foi idéia Johnson. Ele acredita que se tivesse colocado um título como ‘A Cultura da Complexidade: como a Cultura Pop Está Aumentando Nossas Habilidades Cognitivas para Resolver Problemas mais do Que Há 30 Anos’, ninguém estaria falando sobre a publicação. E o preço que se paga por toda essa polêmica criada é que as pessoas começam a discutir a premissa sem ter lido, e a maioria das críticas que fazem está baseada em assuntos que ele não aborda no livro. Ao contrário do que suas idéias podem sugerir, Johnson é um grande amante dos livros. Especialista em literatura inglesa e semiótica, o autor de obras aclamadas como A Cultura da Interface e Emergência, que ganharam traduções no Brasil


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Novos Olhares - Vida Digital

Tuesday, March 27, 2007

Artigo do The Economist

Vez ou outra eu me deparo com artigos que me deixam encantada. Este aqui, que eu peço licença autoral para divulgar no blog, fala das diferenças entre o "alpha" e o "beta". Jargões usados amplamente no mercado financeiro para denominar, no caso, a habilidade do gestor em gerar retorno e o retorno sistemático de mercado. No artigo, discutem-se as desvantagens da existência de portfolios clonados e também questiona-se se realmente os fundos estão gerando ganhos pela habilidade dos gestores ou se os mesmos apenas estão aproveitando o ganho intrínseco do mercado.
Espero que vocês apreciem o artigo do Economist e peço desculpas por estar o artigo em inglês. Prometo que os próximos eu tentarei traduzir antes de publicar.


WHAT'S IT ALL ABOUT, ALPHA?
Demystifying fund managers' returns

TOO many notes. That's what Emperor Joseph II famously said to Mozart on seeing his opera "The Marriage of Figaro". But surely to think of a musical work as just a series of notes is to miss the magic. Could the same be said about fund management? It is the fashion these days to separate beta (the systematic return delivered by the market) from alpha (the manager's skill). Investors are happy to pay high feesfor the skill, but regard the market return as a commodity.Distinguishing the two is, however, difficult.
A fund manager might beat the market because of luck or recklessness,rather than skill, for example. Suppose he packed his portfolio with oil stocks. When the crude price rises that would pay off, but it wouldbe a pretty risky portfolio. More generally, alpha sceptics often attribute eye-catching returns to "style bias", such as favouring stocks with a high dividend yield. But should they be biased against style bias? After all, the only portfolio utterly free of bias would be one that included the entiremarket. Were a Britain portfolio to exclude just one stock, such as BP, it would have a small-cap bias, a sector bias and a currency bias (most of BP's revenue is in dollars). Hence any excess return must stem froms ome element of style.
Academics have entered this debate, trying to pin down the factors that drive a fund's performance. These might include the difference inr eturns between small-cap and large-cap stocks (fund managers tend tofavour the former) or the level of credit spreads and so on. Bill Fungand Narayan Naik of London Business School have come up with a seven-factor model which, they say, can explain the bulk of hedge-fundp erformance. After allowing for these factors, the average fund of hedge funds has not produced any alpha in the past decade, except during the dotcom bubble.
This approach suggests the whole idea of alpha might be an illusion.A cademics can explain most of it, and the only reason they cannot explain all of it is because they are not clever enough to think of themissing factors. However, it is also possible to take the opposite tack. This type of analysis gives managers no credit for choosing the systematic factors--the betas--that drive their portfolios. Yes, these betas could often have been bought for very low fees. But would an investor have been able to put them together in the right combination?
It is as if a diner in Gordon Ramsay's restaurants were brave enough to tell the irascible chef: "This meal was delicious. But chemical analysis shows it is 65% chicken, 20% carrot, 10% flour and 5% milk. I could have bought those ingredients for GBP1.50. Why should I payGBP20?" The chef's reply, shorn of its expletives, might be: "The secret is in the mixing."
This debate matters because people are now trying to replicate the performance of hedge funds with cloned portfolios. Indeed Messrs Fungand Naik have shown that their model would have produced an annual return over the past four years of 11.6%, well ahead of the averagefund of hedge funds. Their performance was purely theoretical. But Goldman Sachs and Merrill Lynch have launched cloned hedge funds on the market.
There are two potential criticisms of the cloned approach. One is that it will simply reproduce all the systematic returns that hedge funds generate and none of their idiosyncratic magic. However, this "magic"is hard to pin down. Even if it does exist, Messrs Fung and Naiksuggest it may be worth no more than the fees hedge funds charge, so the managers are the only ones to benefit from their skills. The second criticism is that the clones will always be a step behind the smart money. You cannot clone a hedge fund until you know where it has been. But by then it may have moved on. As a result, the clones maypile into assets that the hedge funds are selling, making the classicmistake of buying at the top. This may not be a fatal flaw, however. It is possible to imagine some clones taking contrary bets, buying the betas that seem temporarily out of favour, in the hope that they willbe purchasing what the hedge funds are about to buy.There are some nice ironies at work here.
Hedge-fund managers often rely on secretive "black box" models: the investor puts his money in a tone end and sees the returns spat out at the other, but no more thanthat. Now, armed with just that information, academics are coming upwith their own models, which almost match the hedge funds' performance. Mozart might have sympathised. His operas were more than the sum of hisnotes. But even if the great composer had no peers, he has had plenty of imitators.


Thursday, March 15, 2007

Celular vai às compras

Imagine a seguinte cena: você foi ao cinema e ao passar no controle de acesso (catraca), você apontou seu celular para o leitor laser que reconheceu o código de barras mostrado na tela do seu celular ao invés de ter mostrado um bilhete com código de barras impresso. E você nem entrou na fila da bilheteria, pois comprou via Internet! Futuro? Não, isto já é possível e aqui mesmo no Brasil!

Canivete Suíço ou Celular Suíço?

O celular vem se mostrando mais do que simplesmente um aparelho para realizar ligações telefônica, tendo incorporado na sua evolução muitas funcionalidades como tocador mp3, foto digital, rádio, acesso a internet, troca de mensagens multimídia. E agora ele quer ser sua carteira, substituindo seu cartão crédito.

O uso do celular como forma de pagamento, substituindo plásticos e papéis, entrou definitivamente na mira de operadoras de telefonia móvel, bancos, administradoras de cartões, empresas de internet e varejistas de todos os portes.

Micropagamentos

O foco dos projetos de pagamentos móveis em todo o mundo está em micropagamentos. São transações de alto volume e baixo valor com ganho de escala e presença em segmentos como transportes, vendas porta-a-porta, serviços de entrega, programas de benefícios e até pagamentos entre pessoas.

A idéia pegou tão bem que uma empresa californiana Obopay criada em 2005 começou a ganhar espaço apostando na conveniência do cartão de crédito pré-pago pelo celular. “Se você saiu para jantar com os amigos e não tinha dinheiro para pagar pode transferir um crédito de Obopay do seu celular para o Obopay da pessoa por mensagem de texto. Depois ela converte esse valor em dinheiro”, explica o consultor. “Isso pode ser interessante para controlar gastos entre adolescentes e até mesmo dentro de uma família”. Segundo Castonguay, o serviço é usado por mais de 100 mil norte-americanos.

Mercado

Segundo a revista inglesa The Economist, as estimativas apontam que o mercado m-payment (pagamentos por celulares) deve saltar de 3,2 bilhões de dolares em 2003 para algo em torno de 37 bilhões de dólares no ano que vem.


O quinto mercado mundial

O Brasil se tornou o quinto maior mercado de celulares ativos no mundo, superando o Japão e por isso o potencial para o segmento de pagamentos eletrônicos está sendo considerado a menina dos olhos para as empresas operadoras, administradoras de cartões, bancos, varejistas e de benefícios. Todas tem projetos para serem implantados ainda este ano.


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