Tuesday, April 03, 2007

Estamos mais Inteligentes?

Você é um daqueles que adora uma partida de Counter Strike, Fifa, GP ? E também gosta de assistir aos seriados com tramas complexas ? Ou mesmo uma novela das 8 horas? Não, não ache que vou dizer que você é um alienado, e que está ficando sem cérebro! Muito, pelo contrário ! De acordo com o americano Steven Johnson, depois de lançar seu último livro, Everything Bad Is Good for You (ainda sem tradução no Brasil, mas que significa algo como ‘tudo o que é ruim é bom para você’), você está muito mais inteligente!!! Vamos dar uma olhada neste artigo, sobre o livro.


O Livro

Johnson anda provocando muita polêmica no mundo todo por defender a idéia de que as expressões da cultura de massa - filmes, programas de TV e jogos eletrônicos -, tidas normalmente como lixo, são, na realidade, grandes estimulantes da mente. O inusitado é que seus argumentos são convincentes. Johnson busca olhar além dos temas violentos, sexualizados e banais que dominam vários seriados americanos e filmes de Hollywood e identifica desafios ao cérebro humano no formato desses produtos culturais. Para o escritor, a narrativa não-linear e as diversas referências presentes em seriados como Lost, e 24 Horas exercitam o raciocínio. Os games - até aqueles em que o jogador brinca de ser um criminoso -, por sua vez, contribuem para as conexões mentais de lógica e a velocidade de raciocínio, afirma ele. A tese de Johnson ganhou respaldo quando em julho de 2005, saíram os resultados da Avaliação Nacional de Progresso Educacional, teste de leitura e matemática aplicado em estudantes nos Estados Unidos desde 1971. O exame apurou que os alunos do ensino fundamental, atualmente, têm desempenho substancialmente melhor que há 30 anos nas disciplinas avaliadas.


Curva do Dorminhoco

O nome ‘dorminhoco’ vem da comédia do cineasta Woody Allen, Sleeper (O Dorminhoco, em português), de 1973. O personagem interpretado por Allen acorda 200 anos à frente e os cientistas informam a ele que gordura, caldas doces e cigarros, no fim, fazem bem à saúde. Algo semelhante ocorreu com a cultura pop - as coisas que pensávamos ser lixo, no sentido da cognição e da inteligência, na realidade se mostraram saudáveis, intelectualmente falando. O que Johnson chamou de Curva do Dorminhoco seria, então, a tendência da cultura popular, nos últimos 30 anos, a ficar mais e mais complexa e a exigir mais da inteligência das pessoas. No livro, ele fala mais da cultura americana, mas acredita que sua tese se aplica a muitos outros países.

Novelas e Reality Shows

De acordo com o livro os reality shows são em geral bem medíocres. Mas o que Johnson faz, na verdade, é comparar esses reality shows atuais com programas fracos de 30 anos atrás, como Chips, The Dukes of Hazzard (antigamente transmitido no Brasil sob o nome de Os Gatões) etc. Segundo Johnson, a maioria dos novos programas populares é muito mais complexa do que esses programas antigos horríveis. Dessa maneira, até mesmo a programação de qualidade inferior atual, se comparada à dos anos 70, tem aumentado seu nível. No entanto, isso não significa que reality shows estão nos tornando mais inteligentes, mas que a qualidade da TV está melhorando com o tempo. ‘Muitos seriados e novelas contêm estruturas narrativas complexas, com dramas que seguem múltiplas linhas. Eles exercitam habilidades como atenção, paciência e retenção de informações’.


O Titulo polêmico


De acordo com Johnson, a polêmica do nome é em parte a razão para todo mundo ter começado a discutir o assunto. Muita gente pensou que o editor do livro tivesse forçado esse nome, contra sua vontade, só para vender mais. Mas, o título do livro foi idéia Johnson. Ele acredita que se tivesse colocado um título como ‘A Cultura da Complexidade: como a Cultura Pop Está Aumentando Nossas Habilidades Cognitivas para Resolver Problemas mais do Que Há 30 Anos’, ninguém estaria falando sobre a publicação. E o preço que se paga por toda essa polêmica criada é que as pessoas começam a discutir a premissa sem ter lido, e a maioria das críticas que fazem está baseada em assuntos que ele não aborda no livro. Ao contrário do que suas idéias podem sugerir, Johnson é um grande amante dos livros. Especialista em literatura inglesa e semiótica, o autor de obras aclamadas como A Cultura da Interface e Emergência, que ganharam traduções no Brasil


Veja também:

Novos Olhares - Vida Digital

1 comment:

Anonymous said...

Esse assunto parece ser muito controverso, mas gostei. Vou procurar o livro!

Continuem escrevendo!!!