Friday, September 15, 2006

A Cauda Longa

Afinal, o que é a tal da "Cauda Longa" É um termo estatístico para identificar distribuições de dados onde o volume de dados descresce ao longo do tempo, durante um período longo. Este termo foi utilizado pela primeira vez em relação ao consumo, por Chris Anderson em 2004 em em um artigo da revista "Wired" e aplica-se à internet, à transação de músicas pela rede, aos vastos nichos da chamada nova economia.
Segundo Anderson, produtos que possuem uma baixa demanda ou volume baixo de vendas podem, em conjunto, formar um market share equivalente ou mesmo superior aos campeões de venda, desde que o canal de distribuição seja grande o suficiente. O varejo tradicional em lojas concentra-se em vender os itens mais populares, pois não é possível ter em estoque cada um dos milhões de livros, CDs e DVDs que é produzido. Os varejistas on-line, no entanto, não precisam preocupar-se com espaço de prateleira limitado; despachando os produtos para os clientes diretamente dos grandes armazéns espalhados pelo mundo, podem anunciar e vender o milionésimo título mais popular tão facilmente quanto o número um dos mais vendidos. O acesso a essa longa cauda de vendas de baixo volume se converte em uma quantidade imensa de renda.
O caso Amazon.com e um exemplo brasileiro Ainda de acordo com Anderson, a maior parte das vendas de livros da Amazon.com vem de fora dos seus títulos principais. Suas prateleiras virtuais possuem cerca de 3,7 milhões de livros diferentes, diferentemente de uma livraria convencional. Um estudo feito com a Amazon mostrou que, por ter uma “prateleira” maior de livros à venda, o faturamento dos livros menos polulares (fora dos 100 mil principais títulos) representava em torno de um quarto da receita. Daí a razão de haver tanta discussão sobre o assunto. Nas empresas convencionais, segundo a Regra de Pareto, 20% dos produtos representam 80% do faturamento. Se a loja é uma livraria, sabemos que o último livro de Paulo Coelho representa uma boa parte do faturamento, portanto é totalmente racional que o dono da livraria deixe um espaço maior (do já limitado espaço) para este lançamento.
Já falamos da Amazon, agora está na hora de falar de um exemplo brasileiro: a Livraria Cultura. Quem visitou o site on-line já viu: tem de tudo: livros de arquitetura, de negócios, de pintura. E vende também o Paulo Coelho. Em inglês, francês, alemão e italino. Ela cresce porque vende Paulo Coelho, best-seller assegurado, mas também porque mantém em estoque os livros menos demandados, atendendo a nichos diferenciados.

Será o fim dos hits? Qual a vantagem de possuir esses pequenos produtos no seu catálogo? Por mais que o conceito seja utilizado na chamada Nova Economia, ele se apóia em um conceito para lá de antigo: o custo de manutenção de um produto muito procurado é igual ao custo de manutenção de um produto procurado apenas por um número mínimo de consumidores. Para quem ainda não entendeu, veja o YouTube: o custo de colocar um hit é o mesmo de colocar aquele vídeo da sua formatura de colegial que só interessa a você, seus familiares e alguns colegas de escola. Ótimo sinal, pois isso indica que o mercado pode deixar de ser massificado para, de agora em diante, diversificar. Em uma era sem problema de espaço nas prateleiras e sem gargalos de distribuição, produtos e serviços segmentados podem ser economicamente tão atrativos quanto produtos de massa.

Tudo bem, a teoria é interessante, mas uma pergunta paira no ar: será que a cultura de nichos vai acabar com o hits? O próprio Anderson responde a pergunta: "Algumas pessoas que analisaram a teoria disseram que seria o fim dos hits, mas elas se enganaram. O livro não diz isso. O que digo é que o monopólio dos hits está comprometido. No século 20 havia os hits ou nada, no século 21 teremos os hits e os nichos. Os hits irão competir com milhares de produtos de nicho, mas sempre teremos hits. A conseqüência é que os mercados serão mais diversificados
e cada vez menos concentrados. "
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3 comments:

Marcello said...

Essas megastores virtuais, bem como idéias do tipo YouTube, redes bit torrent democratizam ainda mais internet, permitem que as pessoas encontrem sempre algo interessante, independente dos grandes canais que ignoram alguns nichos.

bjs

Anonymous said...

Aff agora emos estao postando aqui tb? Quanto a este assunto eu acho que para os escitores menores e novatos eh uma oportunidade de mostrarem seu trabalho... onde antes ficavam escondidos la no fundo ou as vezes ate mesmo nem chegavam a serem lançados uma vez que nao tinham previsão de venda agora podem publicar e vender.

Claudia said...

Com certeza, Leonardo. Os escritores que não são best-seller têm uma chance de ter seus 15 minutos de fama. Se bem trabalhado, estes 15 minutos podem transformá-los em best-seller também.