A Exame deste mês tem como tema central a educação no Brasil como um dos maiores (senão o maior) fator que entrava o crescimento no Brasil.. A matéria da revista está embasada no estudo que o Banco Mundial realizou sobre o tema. Segundo o estudo, dentre os principais países emergentes (incluem-se aí nossos amigos China, Índia, México, Rússia entre outros) o Brasil é o pior colocado. Temos aqui a maior taxa de analfabetismo 13%), a menor média de escolaridade da população (5 anos), a menor participação de mão-de-obra especializada na força de trabalho (9%), a maior repetência no ensino fundamental (21%) e a menor qualidade do ensino de ciências e de matemática.
Lembram do artigo sobre competitividade ? O Brasil foi classificado pelo ranking da Fiesp número 38 de um ranking de 43 países. O que este estudo do Banco Mundial demonstra é que o baixo crescimento do país (ou seja, sua falta de competitividade) está altamente relacionado à baixa qualidade de ensino. Embora o estudo do Fiesp tenha demonstrado que o Brasil melhorou o índice IDH e indicadores de educação como taxas de matrícula, alfabetização e escolaridade, essa melhora ainda é insignificante frente ao desenvolvimento dos outros países.
Conclusões do estudo São duas as principais conclusões que chegamos ao ler o artigo da Exame: (1) o brasileiro passa muito pouco tempo na escola e (2) ainda que o brasileiro passe mais tempo na sala de aula, ainda precisa efetivamente transformar isso em aprendizado. O brasileiro estuda em média 5 anos. Segundo a revista, estima-se que se os brasileiros permanecessem na escola os 12 anos que os americanos, a renda nacional seria mais que o dobro da atual.
Fica a questão, como melhorar? O que fazer? Fora o óbvio que é melhorar a qualidade da educação nas escolas e investir mais, nos deparamos com outros problemas de mesma importância: para arranjar um emprego, ainda só é preciso ler e escrever. Para que cursar então, o ginásio e o colegial? Não é por acaso que a média de anos de estudo no Brasil é de 5 anos. É preciso reestruturar a educação no Brasil, ensinar a aprender e a estudar como é o sistema americano.
O dilema tostines Denise Neumann do Jornal Valor Econômico descreve bem o dilema da educação no Brasil: "Dois movimentos simultâneos vão mudar essa correlação de forças: mais crescimento e mais educação. Mas é quase um dilema de "tostines", pois elevar o nível de qualificação da população e da mão-de-obra é fundamental para que o país possa elevar seus níveis de produtividade e crescer mais. Ao mesmo tempo, sem mais crescimento, não serão gerados empregos na velocidade suficiente para evitar que a renda média de 8 milhões de famílias continue inferior a um salário mínimo - hoje, R$ 350."
O contraste Enquanto o artigo da Exame fala sobre a dificuldade que empresas como a FNAC, Atento, entre outras possuem para conseguir contratar profissionais qualificados, na mesma revista Exame, algumas páginas adiante há uma entrevista com Aguinaldo Ricieri. Ricieri tem 49 anos, é graduado em física pela USP e engenharia aerospacial no ITA e cobrou 3 milhões de reais pela sua última consultoria. O segredo? Ele usa cálculos matemáticos avançados para solucionar problemas do cotidiano, identificando com precisão a maneira exata de produzir, transportar ou desenhar um produto. Ricieri ajudou a Petrobrás a desenvolver um combustível que deixasse menores resíduos, a Vale a diminuir a emissão de polientes de torres de minérios de ferro e atualmente trabalha no aperfeiçoamento da logística de uma usina de etanol. Alguém ainda tem dúvida do poder da educação?
Veja também:
- A face perversa da menor desigualdade
- A escola como forma de superar a pobreza
- Ignorância impõe custo alto ao Brasil - Revista Exame
- A matemática é disciplina indispensável - entrevista com Aguinaldo Ricieri
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1 comment:
Claudia, realmente o buraco que existe entre a formação profissional e produtividade é enorme. Eu iria além da questão profissional, passando pela cultural, onde é raro ver pessoas lendo algum livro. Bem, eu tive o prazer de ter aulas de Física com o professor Ricieri na época de cursinho. Para se ter uma idéia, o mesmo ministrava um curso de cálculo onde os alunos podiam ver na prática a sua utilidade. Analisando isto, penso também que o problema na educação deveria passar por uma remodelagem do processo de ensino, tornando mais prático e aplicável. E, sem sombra de dúvida, a produtividade e a riqueza que o país deve gerar está totalmente baseado no conhecimento, na tecnologia, novos processos, e materiais. Basta ver a quantidade de engenheiros formados na China, Índia, EUA. É um processo pensado dos primeiros passos do aluno na escola até sua gradução e etc. Requer projeto, dinheiro e vontade. Por que alunos, todos nós somos.
[]s
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