Tuesday, September 19, 2006

Golpe na Globalização

Dias atrás (20/09), ficamos sabendo através dos jornais sobre o Golpe de Estado na Tailândia. Parece um país tão pequeno ... mas que causou grande impacto negativo nas bolsas ao redor do mundo! Mas porquê? Bem, vivemos num mundo cada vez mais interligado, onde os países fazem parte de um longa cadeia de fornecimento. Cada qual em sua especialidade, onde empresas investem bilhões de dolares para tirarem o máximo proveito das oportunidades e poderem entregar a você consumidor um produto ou serviço que satisfaça suas necessidades. A Tailândia, por exemplo, é um fornecedor de componentes eletrônicos para computadores pessoais da gigante Dell. Pode ser que seu microcomputador possua um Hard Disk da marca Hitachi (gigante japonesa) fabricado lá mesmo, na Tailândia. Quando um elemento da cadeia tem algum problema, todo resto tende a sofrer um efeito "chicote", gerando desconfiança por parte de quem investe. Em um mundo globalizado, todos os participantes do jogo devem estar cientes de seu papel e de como seu comportamento pode influenciar o resto dos participantes e a si próprio. O pior para o país participante do jogo é de ficar fora de várias jogadas por muito tempo. Isto significa que seu crescimento será menor ou nulo e que não haverá prosperidade para sua população. Não haverá dinheiro também para se investir em educação dos jovens e logo não formará uma mão-de-obra de alto nível para o mercado de trabalho. É um efeito em cadeia.
Turbulências

O processo de globalização continua sim, apesar das turbulências e é inevitável, porém existem algumas forças que poderão fragilizá-lo, uma vez que se encontra atrelado ao processo de democratização. São desafios à Governabilidade.

Desigualdades sociais e falta de oportunidade formando uma grande população de jovens descontentes. Governos que tendem a suprimir as discordâncias através do autoritarismo para manter a ordem, fomentando o surgimento de novas insurgências.

O forte nacionalismo e uma tendência de populismo desafiarão a Tailândia, Laos, Birmânia, Camboja, que não tem dado conta das crescentes exigências populares e por isso correm o risco de fracassarem como Estados.
A identidade religiosa radical com a proclamação de um novo califado poderia fomentar ainda mais conflitos, com uma nova geração de terroristas, quer sejam muçulmanos ou não. Uma nova onda de insegurança global se faria presente.


Este incidente na Tailândia nos faz refletir sobre países latinos como Bolívia, Venezuela e em nós mesmos, nossas necessidades de crescer e construir um páis melhor para nós e para todos os jovens que hoje sonham em prosperar e como alerta para tirar do ostracismo aqueles que ficaram apáticos à sociedade.

Veja também:

Prêmio Nobel de Economia ataca fundamentalistas do mercado
Exército dá Golpe de Estado na Tailândia

Livro

O Relatório da CIA - Como será o mundo em 2020

4 comments:

Claudia said...

~Marcello, vou aproveitar e comentar um pouco sobre esse link que você deixou aí para o livro do Joseph Stiglitz. Concordo com ele quando diz que infelizmente o mundo não é plano e o que acontece em países como Tailandia, China, India afetam todos o países do globo. Stiglitz compara: o prometido crescimento econômico ao sul dos EUA, "de certa maneira, contribuiu para a pobreza do México". Segundo Stiglitz, o Estado-nação foi enfraquecido pelas próprias forças da economia global e pelas demandas autônomas, e que faltam instituições democráticas globais capazes de solucionar os problemas criados pela globalização.

Marcello said...

Claudia, parece que os acordos de livre comércio entre México e EUA tiveram um efeito diferente do previsto para o México. Deveria ser um jogo de ganha-ganha e não unilateral.

[]s

Anonymous said...

Pessoal, além do link para Joseph Stiglitz, econtrei hoje na folha de São Paulo (24/09) um editorial sobre a economia dos países emergentes.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2409200606.htm

Claudia said...

É isso mesmo, José. O Antônio Ermírio descreveu bem qual é a questão: "O problema é que o crescimento dos países emergentes melhora as economias avançadas, mas não necessariamente os seus povos." As economias estão muito interligadas, mas infelizmente isso não se traduz em melhorias para todos.