Segundo Stern, estamos vivendo um período de aquecimento global onde o aumento médio da temperatura pode chegar 5ºC devido ao acúmulo excessivo de CO2 na atmosfera. Para se ter uma idéia, os níveis de CO2 eram de 280 ppm na era pré-industrial e hoje 430 ppm. E se continuarmos tocando nossos negócios do mesma forma, teremos algo em torno de 850 ppm num futuro muito próximo. As consequências disto não poderiam ser mais devastadoras, como: enchentes, desertificação, pragas, perdas de safras, cidades litorâneas invadidas pelo mar. Os danos causados atingiriam de 5 a 20% porcento do o consumo mundial. E os países mais pobres sofreriam as piores consequências por não terem uma estrutura apropriada e desenvolvida para enfrentar tais mudanças.
O relatório que levou em consideração os recentes estudos sobre os gases do efeito estufa e verificou que os efeitos econômicos em nossa vida e no ambiente poderá chegar a 20% do PIB nos países mais pobres. Por outro lado, os custos para redução da emissão de gases para se evitar impactos desastrosos poderia ser limitado a 1% do PIB global por ano. As pessoas pagariam um pouco mais por bens de uso intensivo de CO2, mas nossas economias poderiam continuar crescendo fortemente.
Ainda de acordo com o relatório as ações que deveremos tomar necessitaria de uma política global guiada por um entendimento internacional com objetivos de longo prazo e uma forma bem estruturada para cooperação. Estes elementos chave para esta estrutura seriam:
Comércio de Carbono (emissões):
- Expandir o comércio crescente de emissões ao redor do mundo como uma maneira de promover redução efetiva do custo nas emissões com ações em países nos desenvolvimento.
- Pontos alvo em países ricos poderiam destinar dezenas de bilhões de dolares por ano para suportar a transição para o caminho do desenvolvimento para baixa emissão de carbono.
Cooperação Tecnológica:
- Acordos formais e informais podem acelerar a efetividade dos investimentos em inovação ao redor do mundo.
- Globalmente, deveríamos dobrar o suporte para as pesquisas em energia, e quintuplicar pesquisas relativas ao desenvolvimento de baixa emissão de carbono.
- Cooperação Internacional na criação de padrões de produtos para estimular rapidamente eficiência no uso de energia.
Ações para reduzir o desflorestamento:
- A perda de florestas naturais no mundo contribui todo ano nas emissões globais mais que o setor de transporte. O controle do desflorestamento e a sua utilização planejada é caminho para se reduzir as emissões.
Adaptação:
- Os países mais pobres são os mais vulneráveis às mundanças climáticas. É essencial que as políticas de desenvolvimento contemplem este assunto, e que os países ricos aumentem seu suporte.
- Um fundo internacional deveria também ajudar com informações sobre o impacto da mundaça climática e pesquisa de novas variedades de grãos, frutas, plantações que sejam mais resistentes aos períodos de seca e enchentes.
Os países em desenvolvimento como China, Índia, Rússia, Brasil por exemplo dependem de muita energia para o crescimento de suas economias. A matriz energética em questão está baseada principalmente no petróleo, gás e carvão e contribuem negativamente para emissões de CO2. Mudar esta matriz significa investir muito dinheiro e tempo em pesquisas e viabilizar alternativas como fontes renováveis e de baixa emissão de CO2. Porém, se isto não acontecer os prejuízos a médio e longo prazo serão catastróficos para os mesmos. Logo, não adianta postergar ou fingir que a mudança climática não nos atingirá. O recado foi dado no relatório, sendo que é preciso começar com ações agora para garantirmos um crescimento econômico sustentável nas próximas décadas. Por fim, ainda podemos ver na mudança climática uma oportunidade para desenvolvermos tecnologias de baixa emissão de carbono. Já possuímos o álcool que emite muito menos CO2 que a gasolina, por exemplo. Estima-se que o mercado para tecnologias de baixa emissão de carbono movimentará pelo menos 500 bilhões de dolares ou mais até 2050.
Veja também:
We must pay now to avoid climate disaster, says Blair
Publication of the Stern Review on the Economics of Climate change
12 comments:
Enquanto a Europa, Japão e outros países que aderiram ao protocolo de Kyoto desenvolvem planos e projetos como alternativa sustentável, os Estados Unidos parecem fechar os olhos... Analisei os links que você enviou e achei um gráfico realista onde mostra os EUA como os maiores poluidores do mundo!
Acredito que todos deverão chegar a um consenso pois não há alternativas e ações isoladas para se resolver o problema.
t+
Nao acredito que este consenso seja alcançado com o Bush no poder... ele rasgou o tratado de Kyoto e para piorar tem um senador norte americano que acredita que o efeito estufa seja culpa da ira divina...
Leonardo, entendo perfeitamente seu ponto de vista. Mas, existem muitos americanos que não concordam com a política "esperar para ver", de Bush. Talvez o mais influente porta-voz das preocupações globais com relação ao meio-ambiente seja Al Gore (o ex-vice-presidente).
Marcel, se eu entendi o que você disse, é que todos sempre querem levar vantagem sempre. É o jeitinho de sempre. Mas se pudermos ver o sob um outro ângulo, isto é, existe um mercado de de novas tecnologias de baixo-carbono e consequentemente baixo impacto ambiental que podemos tirar proveito. Segundo especialistas é um mercado de bilhões de dolares. Cabe ao governo e a iniciativa privada olharem para isto como uma oportunidade lucrativa e ao mesmo tempo preservando nossas riqueza naturais.
Marcel e Marcello, vale a pena ver o filme do Al Gore e comprovar que a grande questão para os americanos ainda é: salvar o mundo ou salvar a Economia...
Para quem ficou interessado sobre o filme, visite o site oficial:
http://www.climatecrisis.net/
Abs
Claudia, o filme-documentário é muito bom, com fatos e números que não podem ser ignorados por ninguém. Aliás é interessante a analogia que ele faz com o sapo que pula de imediato quando entra na água quente, mas que fica até o último minuto na água se esta for sendo esquentada de maneira uniforme. É o que está acontecendo conosco.
Marcello, claro que nao podemos generalizar, mas de que adianta um ex-vice-presidente ser a favor de mudanças, uma vez que nao eh ele quem toma as decisões e a população norte-americana nao esta nem ai para esta questão(como sempre ja que nao se encaixa no estilo American Way of Life), visto o aumento da venda de utilitários na ultima decada...
A atitude de Al Gore é louvavel, ainda mais pq ele tem influencias e tudo mais. Mas falar eh uma coisa, ter pulso e poder para tomar uma atitude é outra... Nao adianta ele assinar algi e vir o bush e rasgar... ninguem vai se opor a ele, ele eh o presidente...
Infelizmente o American way of life é responsável por um estilo de vida que não é sustentável, principalmente se outras países também o perseguirem. Quanto ao Bush, ele não assinou o protocólo de Kyoto, embora as pressões continuem. Por outro lado, alguns municípios e estados que compõem os EUA se conscientizaram e passaram a incorporar em suas leis medidas pró-meio-ambiente. E acompanhando esta tendência, e oportunidade, a Toyota e Honda estão vendendo muitos carros híbridos (gas+eletricidade) que poluem menos e gastam menos.
[]s
Política à parte, interesse de se reeleger à parte. Se ninguém falar sobre isso, continuaremos à mercê de uma indústria americana extremamente poluente.
é interessante salientar algumas coisas! Devemos ficar bastante contentes e particularmente penso que muito esperançosos por esse relatorio ter sido escrito pro Stern, que é autoridade no ramo da economia e da politica internacional! Devemos discutir mais como esse artigo vai ajudar a mudar o cenario atual.
Essa discussão sobre os EUA não assinarem o protocolo de Kyoto deve ser vista com olhar mais critico, não que eu seja favor da politica americana nem tampouco do seu lider "MR Danger", mas os americanos justificam que o Protocolo de Kyoto é uma tentativa desfarçada de reduzir os niveis de produção no país! Seria uma tentaiva de reduzir o poder americano. Tanto é que apesar de não ter assinado alguns estados apresentam suas politicas a favor do meio ambiente.
O momento agora é bastante propicio a uma revolução nessa área ambiental. Deve-se aproveitar a aparição desse artigo para ratificar o valor dessas politicas e dessas iniciativas e como já deixaram claro ai, é necessario que pese no bolso de alguém para que as politicas ambientais tenham exito, então o que falta é definir os direitos de propriedade claramente e deixar que a lógica de mercado resulte por fim numa melhoria pra o meio ambiente a nivel internacional, ou seja, devemos discutir que instrumentos economicos devem ser usados, como devem ser usados .....
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