Saturday, October 21, 2006

Offshoring

Faz alguns dias que eu li um artigo na computerworld sobre uma empresa de tecnologia brasileira que fechou um contrato para atender empresas alemãs na produção de software. Vi isto com muito bons olhos pois é um caminho com grandes possibilidade de se realizar bons negócios para o Brasil. É um nicho que outros países em desenvolvimento também vêm buscando, mas que necessita de investimentos tanto do lado do Governo (educação, incentivos fiscais, propriedade intelectual), quanto do lado da iniciativa privada, capacitando seus colaboradores e se adequando a metodologias que focam organização, processo e qualidade para atender um mercado muito exigente. Esta modalidade de negócios é conhecida como offshoring, que vou explicar mais adiante.


Offshoring

Pode ser definido como uma recolocação de processos de negócios de um país para outro. E pode ser tanto para o processo de produção e/ou manufatura, quanto serviços. Muitos países tem atraído e vistos como destinos para offshoring, como a China e a Índia. A China principalmente em processos de produção e a Índia em processos de serviços, com destaque para fábricas de softwares e call centers. Como todos sabem, existe o preço chinês que faz com que os olhos brilharem das grandes empresas do mundo desenvolvido. A lógica por trás está sempre na redução de custos. Segundo Thomas Friedman (O Mundo é Plano) offshoring é uma das grandes forças niveladoras do mundo, movimentando bilhões de dolares nestes "paraísos" de fábricas de mão-de-obra barata e altamente qualificada. Por outro lado, é grande oportunidade para países gerarem novos negócios tanto do lado país contrante e país contratado, se é que podemos pensar assim. Novos empregos são gerados, pessoas se tornam melhor qualificadas e preparadas para lidar com culturas diferentes. Isso também faz com que postos de trabalho migrem do país desenvolvido para o país em desenvolvimento, por vários motivos, mas o principal sem dúvida será o cuso geral de se manter uma mão-de-obra (salário, leis trabalhistas, sindicatos, etc.)

Propriedade Intelectual

No Offshoring ocorre um processo de transferência de informações valiosas para o site de offshore, isto é, se fosse uma empresa brasileira, teríamos funcionários daqui produzindo resultados comparáveis aos da matriz em seu país. Isto inclui a transferência de materiais, como documentos confidenciais e segredos comerciais, protegidos por leis que asseguram sua propriedade intelectual, desde que o país respeite as mesmas.

Cenário Brasil

O mercado de terceirização de TI no modelo offshore vai movimentar 29,4 bilhões de dólares até o ano de 2010, impulsionado principalmente pela demanda norte-americana, aponta pesquisa da IDC.Segundo o levantamento, haverá um foco crescente na oferta de serviços que contribuem com relações operacionais e estratégicas entre clientes e fornecedores. A competição crescente vai exigir que os fornecedores façam investimentos significativos para se diferenciar nesse mercado.
Os executivos à frente das subsidiárias brasileiras de grandes organizações são unânimes ao afirmar que o Brasil está sim entre os países emergentes com maior potencial de crescimento no setor de tecnologia da informação (TI). E mais: é destino certo de investimentos estrangeiros. No entanto, especialmente quando consideramos o noticiário do dia-a-dia, que anuncia investimentos de centenas de milhões de dólares destinados aos países asiáticos, o que vem à cabeça é que a visão desses profissionais estaria contaminada por doses excessivas de patriotismo.

Brasil, Rússia, Índia, China - BRICs

De fato, em 2003, o Goldman Sachs criou o termo BRIC para referir-se às economias de Brasil, Rússia, Índia e China. No estudo que difundiu a terminologia, a consultoria mapeou suas economias até 2050 e concluiu que, se elas se comportassem como esperado, em menos de 40 anos, somadas, seriam maiores do que as de Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha, França e Itália (países que compõem o chamado G6) juntas. Conforme a previsão, o Brasil representaria a 5ª maior economia mundial

O Brasil está no fim da fila (BRIC) como destino de investimentos. Está a frente da Rússia, porque lá o crime organizado consegue ser pior do que o nosso.
Talvez a nossa vontade de ver a "coisa acontecer" aqui pulse mais forte dentro de alguns executivos. Resta agora esperar que a realidade que ainda mantém o País entre os pólos de investimentos, mesmo que reduzidos, ganhe a maturidade necessária para fazer do Brasil referência em exportação de TI. E que seja feita nossa vontade.
Veja também:

3 comments:

Anonymous said...

Será que nós também teremos nossos empregos migrados para a China ou Índia?

Claudia said...

E a fábrica da Embraer na China?

Brazil’s Embraer to build aircraft factory in Singapore [ 2006-10-20 ]


Sao Paulo, Brazil, 20 Oct – Brazil’s Embraer, the fourth largest aircraft manufacturer in the world, plans to build an aircraft factory in Singapore, Brazilian financial newspaper, Gazeta Mercantil reported Friday.

The paper said the factory would be built in 2007 and will be the company’s third outside of Brazil, after those in China and Portugal.

According to the newspaper, the investments involved in building the factory and carrying out feasibility studies have been set, but have yet to be made public.

Sources from the Singapore government confirmed that the company had been working to expand its facilities in the country. Embraer currently has an office in the country.

“Most of the global airlines and the main Asian airlines have a hub here. Singapore is one of the main transit points in the continent,” the director for Latin America of the Singapore Trade Office, Ter Yeow Ming told Gazeta Mercantil.

On Thursday, the president of Embraer’s Chinese subsidiary said in Beijing that he estimated that the country’s airlines would buy 590 airplanes for regional flights, a business worth US$15.7 billion.

Guan Dongyuan said that his company, which already has a 33 percent market share for regional aircraft in China. Wants “to have a more active role and attract a much higher market share.”

Guan was speaking during a presentation in Beijing of the Brazilian company’s latest aircraft model, the Embraer 190 100-seater jet, which the company is also due to present in the cities of Urumqi, Chengdu, Kunming, Shanghai and Haikou, before it is exhibited at the aerospace festival starting October 30 in the city of Zhuhai, bordering Macau, in the Chinese province of Guangdong.

Guan also said that due to a lack of good road infrastructure, the development of regional air routes was important for the growth of Western Chinese regions, where economic growth is slower than on the country’s Eastern coast.

China has a fleet of around 900 passenger aircraft, of which only 70 are regional aircraft, with capacities of less than 100 passengers, according to figures from the Chinese civil aviation authority.

At the end of August, Chinese air carrier Hainan Airlines acquired 100 jet airplanes from Embraer for US$2.7 billion, which are due to be delivered starting in 2007 and which will join the 21 aircraft the Brazilian manufacturer currently has flying in China.

The first airplanes will be built by Harbin Embraer Aircraft Industry, in the city of Harbin, Heilongjiang province, a partnership set up in 2002 between Embraer and the China Aviation Industry Corporation.

Marcello said...

Muito interessante! A Embraer é uma empresa de alta tecnologia, e a China uma oportunidade de se tornar competitivo no mercado local, chinês. Mas, será que todas as fases de produção estarão lá?